Para que serve o amigo?

O título vem de um poema que escrevi certa vez:

Para que serve o amigo? Serve para quando a sorte falta, Serve de apoio e de abrigo, Na maré baixa ou na alta. Também para dar um toque, Com amor e inteligência, Para que não se coloque No lugar da consciência, Que já existe para nos cobrar, E nem no lugar do diabo, Sempre a nos acusar Com seu discurso afiado. Já pra nos ensinar e corrigir, Temos Jesus e o Evangelho. Amizade é pra compartir, Para chamar de “amigo velho”. Para chorar e para sorrir, Numa afinidade sentida, Para andar juntos e seguir Pelos caminhos da vida...

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Paradoxalmente, perguntas difíceis podem ser respondidas por outras bem simples.

Se você ficasse sem ter onde morar, quem o acolheria?
Se não tivesse o que comer, quem o alimentaria?
Se estivesse internado em um hospital, quem deixaria seus próprios compromissos para ir visitá-lo?
Se você se perdesse, quem iria resgatá-lo?
Quem lhe daria uma oportunidade se estivesse sem renda e trabalho? Se, um dia, você se visse sozinho, sem dinheiro, sem rumo e sem esperança, quem, de fato, ainda ficaria ao seu lado?

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Essas questões nos remetem a quem realmente está conosco — não apenas nos dias de luz, mas, sobretudo, nas horas de sombra. Porque o amigo verdadeiro não aparece por conveniência; ele permanece por amor.

Amigo é aquele que chega quando todo mundo já se afastou; que ouve quando ninguém mais tem paciência; que percebe o que você sente mesmo sem dizer uma palavra. É o abrigo silencioso quando tudo desaba, a mão firme que nos levanta, o olhar que compreende e o coração que acolhe.

Reconhecer um amigo é perceber quem se alegra sinceramente com as suas vitórias, sem inveja e sem comparação, e detectar quem também sofre com as suas dores, como se fossem as dele. É notar quem não precisa estar sempre presente, mas nunca deixa de estar disponível.

Amigo é quem não cobra perfeição.

Como disse Confúcio: “O verdadeiro amigo é aquele que sabe tudo sobre você e, mesmo assim, gosta de você.”

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Mas amizade também é via de mão dupla. Assim como desejamos ter bons amigos, precisamos ser amigos verdadeiros. Sêneca dizia: “Antes de ter um amigo, é preciso ser amigo.”

A amizade cresce quando é cuidada com atenção, sinceridade e presença. Ela floresce na confiança e na lealdade, no perdão e no tempo compartilhado. É construída nos pequenos gestos: uma mensagem inesperada, uma visita num dia difícil, um “estou com você” que vem do coração.

Com o passar dos anos, descobrimos que os verdadeiros amigos são raros e preciosos. São eles que nos lembram quem somos quando a vida nos confunde, que nos ajudam a recomeçar quando pensamos em desistir, que continuam a acreditar em nós mesmos.

Amizade não é quantidade: é compromisso e presença.

No Evangelho segundo João, Jesus nos diz: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos.”

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Amizade é o amor oferecido sem interesse, doado através de lealdade, respeito, tempo, atenção, perdão e compreensão — num ato que consiste em sair de si para servir e agir em favor do outro. É sentimento transformado em ação.

Reconhecer um amigo é encontrar um tesouro — um presente que torna a caminhada pela vida mais leve e humana.

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