Foi por esses dias! Meu abraço a esses profissionais que lidam com as dores das pessoas. Sempre fui admiradora dos médicos. Tinha medo quando menina. Mas como precisei deles! Com a minha garganta frágil (operei as amígdalas aos sete anos); gripe toda hora. Aff! Não podia ver um pingo de chuva nem um sorvete. Isso, para uma criança, é o terror.
Ao longo da vida fui fazendo o meu repertório de médicos, consultas e a ilusão de que, se cuidasse, espantaria as doenças. Nem sempre deu muito certo. O câncer de mama chegou. Mas também, se não fossem as minhas consultas anuais, não teria sobrevivido com danos menores.
Agenda MS
Júlio Andrade e Marjorie Estiano em Sob pressão TV Globo/Divulgação
Fico a me perguntar por que esse meu gosto e aparente loucura de gostar de filmes policiais, crimes, investigação e agora plantões médicos. Freud explica! Quando a gente assiste à desgraça alheia, a nossa fica para depois. Distanciamento é tudo. Já explicaram que nós, humanos, paramos para observar acidentes no trânsito porque, inconscientemente, estamos agradecidos de que não fomos nós.
Curated Life
Mas, pelo meio dos bons, também teve aqueles que não olham para você, que é tudo cirúrgico e breve. Agora, teve um anestesista que fez a diferença nos meus medos. Quando estava para fazer uma cirurgia radical e difícil, em plena pandemia, esse profissional me acolheu com empatia e esclarecimentos, o que me causou uma mudança igualmente radical. Perdi o pavor (o medo continuou) e fui para a sala de cirurgia só com um rivotrilzinho sublingual. Correu tudo bem e eu, zen-budista, que não sou, me recuperei lindamente. Sou grata para sempre a esse profissional que nos põe para dormir, literalmente. E acordar. O que é ainda mais precioso.
Quanto aos plantões médicos e traumas, adoro ver na TV que aquele ambiente louco de socorristas é um microespaço da vida. Paixões, traições, solidariedade,
Cena da série Pulse Netflix
Os filmes de Alejandro Iñárritu, Amores Brutos (México, 2000) e 21 Gramas (EUA, 2003), que o digam. Esse potencial de que a gente aguenta! De que a gente enfrenta! Me fascina, porque, na vida, tenho pânico de tudo isso. Só consigo ficar na minha bolha e zero coragem para a mais simples aventura que seja.
Viva quem tem médicos na família! As portas se abrem. E os cuidados também. Se eu tivesse que encontrar um namorado, acho que gostaria que fosse médico. Com plantão e tudo. Mas, a essas alturas, acho que eles não me olham mais...
E nem tudo Freud explica!

























