Foi por esses dias! Meu abraço a esses profissionais que lidam com as dores das pessoas. Sempre fui admiradora dos médicos. Tinha medo ...

Dia do Médico

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Foi por esses dias! Meu abraço a esses profissionais que lidam com as dores das pessoas. Sempre fui admiradora dos médicos. Tinha medo quando menina. Mas como precisei deles! Com a minha garganta frágil (operei as amígdalas aos sete anos); gripe toda hora. Aff! Não podia ver um pingo de chuva nem um sorvete. Isso, para uma criança, é o terror.

Ao longo da vida fui fazendo o meu repertório de médicos, consultas e a ilusão de que, se cuidasse, espantaria as doenças. Nem sempre deu muito certo. O câncer de mama chegou. Mas também, se não fossem as minhas consultas anuais, não teria sobrevivido com danos menores.

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Agenda MS
Não gosto de hospital, quem gosta? Mas, paradoxalmente, amo séries de plantão médico. Chego a desconfiar que poderia ser médica? Acho que não, pois, na Química e na Biologia, levaria pau! Quando assisti a Sob Pressão (TV Globo, 2017), me apaixonei pelos ambulatórios e emergências. Os enredos. Os traumas. E as histórias dos personagens. Sou fã de Marjorie Estiano e Júlio Andrade, protagonistas da série. A vida com poucos recursos em um hospital público e toda a escassez da saúde me fazem admirar o dia a dia dos desafios dos médicos.

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Júlio Andrade e Marjorie Estiano em Sob pressão TV Globo/Divulgação
Recentemente, assisti, na Netflix, Pulse (EUA, 2025). E novamente maratonei. Um hospital de trauma em Miami, sendo o socorro para uma cidade sob um furacão feroz. Só agonia! Limiar entre vida e morte. Cirurgias urgentes. E as histórias de cada um. Os limites de cada um. As vaidades de cada um. Com competição, inveja, puxada de tapetes. O sofrimento alheio me comove.

Fico a me perguntar por que esse meu gosto e aparente loucura de gostar de filmes policiais, crimes, investigação e agora plantões médicos. Freud explica! Quando a gente assiste à desgraça alheia, a nossa fica para depois. Distanciamento é tudo. Já explicaram que nós, humanos, paramos para observar acidentes no trânsito porque, inconscientemente, estamos agradecidos de que não fomos nós.

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Curated Life
Pois, na minha fase das emergências, fico a admirar os médicos. Os bons. Aqueles acolhedores e que fazem a diferença na nossa nada mole vida. Agradeço àquele pneumologista que me indicou terapia para tratar das minhas sinusites e gargantas inflamadas. Aqueles ginecologistas que me socorriam com as cólicas, desconhecimentos, medos e perguntas. À minha oncologista, que pacientemente me tranquiliza, ou não, e responde às minhas infinitas perguntas. Da mesma forma, à minha mastologista, que, mesmo sendo tão assertiva (e gosto disso), me deixa intrigada.

Mas, pelo meio dos bons, também teve aqueles que não olham para você, que é tudo cirúrgico e breve. Agora, teve um anestesista que fez a diferença nos meus medos. Quando estava para fazer uma cirurgia radical e difícil, em plena pandemia, esse profissional me acolheu com empatia e esclarecimentos, o que me causou uma mudança igualmente radical. Perdi o pavor (o medo continuou) e fui para a sala de cirurgia só com um rivotrilzinho sublingual. Correu tudo bem e eu, zen-budista, que não sou, me recuperei lindamente. Sou grata para sempre a esse profissional que nos põe para dormir, literalmente. E acordar. O que é ainda mais precioso.

Quanto aos plantões médicos e traumas, adoro ver na TV que aquele ambiente louco de socorristas é um microespaço da vida. Paixões, traições, solidariedade,
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Cena da série Pulse Netflix
amizades, dúvidas muitas, acertos, excessos de zelo ou de abismos — tudo, tudo está ali. Vai ver que é por isso que gosto das séries. Mas o salvar vidas, as decisões no limiar entre vida e morte, o sucesso dessas mesmas decisões, as falhas, os fracassos e a linha reta no monitor avisando que, embora tenham sido feitos todos os procedimentos, mesmo assim, a vida falha. É tortura ou masoquismo da minha parte? Pode até ser, mas acho que esse limiar me interessa. E saber que, mesmo em situações extremas, o ser humano tem chance. Tem coragem. Tem calma.

Os filmes de Alejandro Iñárritu, Amores Brutos (México, 2000) e 21 Gramas (EUA, 2003), que o digam. Esse potencial de que a gente aguenta! De que a gente enfrenta! Me fascina, porque, na vida, tenho pânico de tudo isso. Só consigo ficar na minha bolha e zero coragem para a mais simples aventura que seja.

Viva quem tem médicos na família! As portas se abrem. E os cuidados também. Se eu tivesse que encontrar um namorado, acho que gostaria que fosse médico. Com plantão e tudo. Mas, a essas alturas, acho que eles não me olham mais...

E nem tudo Freud explica!


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