fevereiro 01, 2014
P ois é, vivendo é que a gente aprende. Tudo ensina na vida: os homens, os animais, as coisas, toda a Natureza. O avião dá lições de transce...
Pois é, vivendo é que a gente aprende. Tudo ensina na vida: os homens, os animais, as coisas, toda a Natureza. O avião dá lições de transcendência, voando acima das nuvens, esquecido das coisas cá embaixo. O sol dá lição de fraternidade, atendendo a todos, indistintamente, com a sua luz. A pedra ensina, o espinho a mesma coisa, a água idem, o fogo idem. O mar, os rios e os lagos não ficam atrás nessa pedagogia, nessa didática do mundo. O mar, naquele vai e vem das ondas, mostra que tudo nasce, tudo morre e tudo renasce, A transitoriedade se eterniza no tempo.
Mas o que foi que me levou a estas reflexões? Ora, leitor, o olhar. Aquele olhar admirativo que fez Jesus nos convidar para observar os lírios do campo. Há pessoas que passam pela beleza como se fossem cegas. Mas, estão sempre de olho num caixa eletrônico.
Augusto dos Anjos, no seu evangelho lírico e espiritual, convidou-nos a olhar a Serra da Borborema onde Jesus levita... O poeta vivia maravilhado com a floração de seus pau-d'arcos, que o sulista qualifica de ipês...
Mas, antes de terminar a crônica, desejo expressar minha emoção, ao ver, no nosso quintal, um flamboyant florindo. E não satisfeito com sua floração no alto, achou de enfeitar o chão com suas pétalas vermelhas. O chão virou tapete. Isto é o que se chama amor.
Mas muitos não deram atenção ao fato. Se não olham para cima, imaginem para o solo...
Deus fez as árvores frutíferas para matar a nossa fome física e as floridas para matar a outra fome, que se chama fome de beleza.
O flamboyant floriu em cima e embaixo. Aos poucos, as flores começaram a cair, lentamente, como se fossem lágrimas, tal a sutileza.
E diante desse espetáculo de beleza, lembremo-nos de expressar nossa gratidão às raízes, que não enfeitam, mas sustentam a árvore. Elas, humildemente, trabalham em silêncio.
E viva os que trabalham sem ostentação.
Estou com pena do flamboyant. Não vai demorar muito na casa onde mora. Os monstros de pedra, os gigantes da construção civil, sondam-lhe, indiferentes ao tapete de flores.
fevereiro 01, 2014
janeiro 31, 2014
Prepare-se para adquirir um pouco de cultura inútil, que certamente não acrescenterá nada em sua vida. Conheça o local de nascimento de al...
Prepare-se para adquirir um pouco de cultura inútil, que certamente não acrescenterá nada em sua vida. Conheça o local de nascimento de alguns astros e estrelas radicados nos Estados Unidos. Clique nos links para ver cenas e trailers de alguns de seus mais famosos filmes.
janeiro 31, 2014
janeiro 26, 2014
A final, Carlos, o que têm a ver suas esposas com a música? Ora, foi a música o pretexto para a nossa aproximação amorosa. E o cronista, que...
Afinal, Carlos, o que têm a ver suas esposas com a música? Ora, foi a música o pretexto para a nossa aproximação amorosa. E o cronista, que é doido por música - seu oxigênio cotidiano - não pensou duas vezes diante da pianista e da violinista, que, aqui para nós, venceriam o mais rigoroso concurso para miss.
A primeira, para me casar, tive de me batizar, já que era de família muito católica, pedido a que não me opus, pelo amor que tinha pela noiva. O mesmo já não aconteceu com a segunda, cuja cerimônia de casamento ocorreu, na nossa casa residencial, com grande afluência de amigos, boa música, e a simpática juíza, Rita de Cássia. E quem nos saudou num belo discurso foi meu amigo, engenheiro e médium espírita Joaquim Silveira.
Portanto, cerimônia religiosa para o primeiro casamento, cerimônia civil para o segundo. No primeiro perdi meu estado de pagão, o que foi uma pena, porquanto assim desejava meu grande pai.
Vamos começar (e o coração já batendo) pela primeira, a pianista, uma linda jovem chamada Carmen, nome dado pelo pai, arquiteto Clodoaldo Gouveia, depois que assistiu em Madrid à ópera Carmen, que adorava. Ela me deu dois filhos de ouro: o primogênito Carlos, apelidado por Tuca, e o segundo Germano. Ambos de temperamentos completamente diferentes. O primeiro podíamos comparar a um rio e o outro a um lago. O rio é inquieto, o lago reflexivo. Ambos abraçaram a profissão que desejavam. Tuca enveredou para a Física, e hoje é PhD, o outro, que sempre ambicionou as alturas, escolheu a Arquitetura.
A primeira esposa Carmen, como já disse, em música, ficou apenas no amadorismo. Fez concurso para a Receita Federal, obteve excelente classificação e tornou-se uma competente assessora. E soube conciliar muito bem o emprego com a casa, um verdadeiro paraíso doméstico.
Já Alaurinda, que fez da música uma profissão, diplomou-se em violino pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Música, só música em sua vida. E foi como violinista, num concerto de nossa Sinfônica, regido pelo maestro Eleazar de Carvalho, lá no Espaço Cultural, que meus olhos a viram pela primeira vez, quando se executava a “Nona Sinfonia” de Beethoven. Linda como a primeira esposa, Alaurinda não quis que este cronista ficasse viúvo por muito tempo. E, assim, encontrei mais um motivo para viver. Com humor, ela dizia: “você é o meu viúvo lindo”. Não havia mais necessidade de filhos. Completavam-mo-nos muito bem. E nessa viagem da vida, fizemos muitas outras, à procura da beleza, que sempre foi o grande objetivo de nossa vida. A violinista só não gosta de um sol intenso na pele delicada. Só o sol da pauta é que ela suporta.
Com dois casamentos, que nunca chegaram a desafinar, dois filhos que vieram enriquecer minha vida, só posso me considerar um homem feliz. Sem esquecer os netos que o primogênito me deu. Carlos, o Tuquinha, e Raíssa. Graças a eles, ouvi, pela primeira vez, a palavra vovô. A mãe deles, minha nora Ana, é a suavidade em pessoa. E o Físico, já que estivemos falando de música, afinou-se bem com ela. Ele nasceu em Campina Grande, na manhã em que Getúlio Vargas se suicidou. E eu fiquei entre duas fortes emoções: a morte de um líder e o nascimento do primeiro filho.
Um filho campinense e o outro pessoense. Um nascido perto de silenciosas e místicas montanhas e o outro abrindo os olhos para o mar de Tambaú...
janeiro 26, 2014
janeiro 26, 2014
S im, donde vem o barulho? Ah, já sei, das estrelas... Que estupidez! Há milênios que as estrelas brilham em silêncio. E são mundos desconh...
Sim, donde vem o barulho? Ah, já sei, das estrelas... Que estupidez! Há milênios que as estrelas brilham em silêncio. E são mundos desconhecidos para nós. O silêncio do Cosmo é tão intenso que assustou Pascal. Imaginem se, ao invés de silêncio, tivéssemos um grande barulho cósmico...
Acontece que o silêncio é a linguagem de Deus. Vejamos a Natureza, quanto silêncio nas árvores, nas flores, nas montanhas, nos rios, nos lagos, nos campos. Quanto silêncio dentro de nossa interioridade! Dentro de nossa consciência. Mas, isto quando a consciência está em paz. Consciência em paz é paraíso dentro de nós, é consciência sem remorso, sem arrependimento, sem sentimento de culpa. É consciência em silêncio.
Mas, eu estava me referindo ao silêncio da Natureza, e me esqueci do mar, que também não faz barulho, e sim o doce marulho. Este também está mergulhado num profundo silêncio, onde os peixes deslizam sem a menor zoada. Tão diferente dos barulhentos veículos no trânsito nosso de cada dia...
E este corpo, uma verdadeira usina em que não se ouve o mínimo ruído. Uma usina, ora vejam só... Os pulmões respiram calados, o mesmo acontecendo com o coração. Na digestão, a mesma coisa. O cérebro nem se fala. Os pensamentos são mudos.
Entretanto, sabe quem faz barulho? O homem e o cachorro. Nisso eles são muito parecidos. Silêncio só quando estão fazendo sexo. E nem sempre...
Mas deixemos o cachorro, que é movido a instinto, e voltemos a falar do homem, que, na verdade, é um animal que adora tudo que faz barulho. Daí as motos, que infernam a vida urbana, os liquidificadores, os terríveis paredões e os carros de som, que deveriam ser terminantemente proibidos! E os desrespeitosos foguetões? Havia necessidade desse barulho?
Pensando bem, sabe a razão de os homens em geral fazerem barulhos? É para esquecer a si mesmo. É consciência culpada. Frustração. E a frustração causa a depressão. Então vem a busca incessante do álcool e das drogas, que os fazem esquecer as frustrações.
Outro fator, talvez o mais importante, é a ausência de educação, de campanhas. Por que nos países cultos e civilizados, não se ouve barulho? Por que, lá, até as eleições se processam em solene silêncio...
janeiro 26, 2014
janeiro 25, 2014
Desde 2011, em Belo Horizonte, um grupo de pessoas utiliza a internet para marcar um encontro mensal em bares e cafés. Não se trata de rol...
Desde 2011, em Belo Horizonte, um grupo de pessoas utiliza a internet para marcar um encontro mensal em bares e cafés. Não se trata de rolezinho ou coisa parecida. O evento tem um objetivo pacífico, cultural e educativo: proporcionar aos participantes um interessante intercâmbio linguístico, pois todos têm o compromisso de se comunicar somente em inglês.
janeiro 25, 2014
janeiro 24, 2014
Se você ainda não usa o Chrome para navegar na internet, experimente dar-lhe uma pequena chance. A versatilidade e performance em relação...
Se você ainda não usa o Chrome para navegar na internet, experimente dar-lhe uma pequena chance. A versatilidade e performance em relação ao Firefox e ao IExplorer são impressionantes, sem falar no visual, que é bem mais enxuto do que os outros browsers.
janeiro 24, 2014
janeiro 19, 2014
A primeira vez que vi as imagens de Socotra pensei que se tratasse de um cenário de filme de ficção. Achei que era mais um daqueles estran...
A primeira vez que vi as imagens de Socotra pensei que se tratasse de um cenário de filme de ficção. Achei que era mais um daqueles estranhos planetas visitados pela nave Enterprise, da série Jornada nas Estrelas. Mas o lugar é real, e fica aqui na Terra mesmo.
janeiro 19, 2014
janeiro 19, 2014
P ois é, o mundo é assim, cheio de contradições. Cada um com as suas idiossincrasias. Uns alegres, outros tristes; uns amargos outros doces,...
Pois é, o mundo é assim, cheio de contradições. Cada um com as suas idiossincrasias. Uns alegres, outros tristes; uns amargos outros doces, uns inquietos, outros em paz; uns risonhos, outros carrancudos; uns comemorando realizações, outros mergulhados em frustrações, uns se deliciando com um copo de cachaça, outros adorando uma água de coco, uns procurando o silêncio para pensar, outros desejando o barulho para esquecer suas tragédias interiores, uns buscando uma praia deserta para a reflexão, outros procurando um bar ou um forró para a distração, e assim por diante.
Há os que acreditam em outra vida, há os que acham que a vida termina no túmulo, onde o corpo vira alimento para os irmãos vermes, e os que acreditam que a vida continua em outras dimensões; Há os que crêem no paraíso do Nada, e assim por diante.
Há os incapazes de matar uma formiga, à semelhança de Goethe, que pisava atento para não esmagar sequer um inseto; há os que põem pássaros em gaiola. Há os nervosos, que, no trânsito, apitam de instante a instante, os sem paz interior. Há os que estão destruindo a saúde e a vida com os cigarros que fumam, os que levam seus problemas para a cama e não conseguem dormir, cheios de inquietações. E há os que dormem de roncar, na maior tranqüilidade, e com a consciência tranquila.
Há os que não lêem, embora não sejam analfabetos e outros que só não conseguem ler quando estão comendo ou tomando banho. Há os que se mordem de inveja com o sucesso dos outros e os que aplaudem o êxito do seu semelhante.
Há os que amam, há os que odeiam; os que elogiam e aplaudem a glória dos outros, e os que amargam de invídia. Há os que cantam, há os que rosnam.
Há os que fazem da política um meio de vida e há os que esquecem a si mesmos em favor do bem coletivo.
Há os quem limpam leprosos como Madre Tereza de Calcutá e há os que, com um lápis apenas, nada de computador ou iPad, escrevem uma verdadeira literatura, abordando temas de ciência e filosofia.
Sim, há também este cronista, que não tem nada a ver com a vida dos outros.
janeiro 19, 2014
janeiro 12, 2014
A ndei comparando a família a uma orquestra. Assim como esta, a família também desafina, e tem como maestro o pai. E haja dissonâncias, temp...
Andei comparando a família a uma orquestra. Assim como esta, a família também desafina, e tem como maestro o pai. E haja dissonâncias, temperamentos díspares, afinidades, que o chefe de família vai procurando harmonizar e amenizar.
Na nossa família paterna, houve poucas desafinações. Afinal o maestro era severo e sereno. Bastava o seu olhar, para que todos seguissem a partitura sem erro. Não me lembro que um de seus filhos tenha sido castigado, a não ser aquelas boladas nas mãos. O respeito que ele impunha ao conjunto sinfônico valia por um carão, uma admoestação mais firme. A batuta de sua autoridade funcionava.
O pai-maestro, José Augusto Romero, foi um exemplo de chefe de família, merecedor de todos os aplausos. Tinha as suas predileções, é claro, a começar pelo caçula, este que hora escreve. Isto, porém, jamais abalou seu senso de justiça. Amava muito as filhas Ivone e Iracema, que foi a última a nascer, passando a ocupar o posto de caçula. Ainda bem que uma minha tia, muito querida, dissesse para mim: “Você passou a ser o caçula dos homens”.
Mas vamos à orquestra familiar. O mais velho, respeitado por todos, e que, às vezes, substituía o maestro, era Mário, um rapaz bonitão, inteligente, ótimo jogador de vôlei e de futebol. Muito elegante, ele foi professor primário e depois universitário. Ensinava Finanças, disciplina árida, mas que ele com muito bom humor, sabia torná-la agradável. Bastante querido dos alunos, o nosso mano soube desempenhar bem o seu posto de irmão mais velho.
E vamos aos outros: Alberto, que foi jornalista e escritor, deixou um gostoso livro: “O assunto é jornal”, um relato de suas experiências de jornal. Ele chegou a redator-chefe do “Jornal do Brasil”, lá do Rio.
E agora falemos de Orlando, que foi agrônomo e terminou ocupando a carteira de fiscal agrícola do Banco do Brasil. Não teve filhos, assim como Alberto. Orlando era gago e, quando se zangava, era um desespero. Certa vez chamou uma vizinha austera, já idosa, de “Washington Luiz”, candidato à presidência do Brasil. A velha, irritada, foi fazer queixa à minha mãe, que depois de receber a reclamação, disse com os seus botões: “ela bem queria ser “Washinton Luiz”. Ainda bem que o maestro não soube disso...
E chegamos a Ivone, loira, bonita e, sobretudo, de excelente gênio. Foi minha companheira de meninice. E lamentava não ter uma irmã para brincar. Valeu-se de minha companhia. Ela chegou até a me ensinar a brincar com bonecas, ora vejam só... Ivone tocava piano e era muito dedicada ao teclado. Meu irmão do primeiro casamento de minha mãe, Eudes, poeta, jornalista e historiador, certa vez aborreceu-se com os repetidos exercícios pianisticos de Ivone, e escreveu estes versinhos:
“Ó Dona Ivone, este seu piano é impertinente
Eu só queria que ele se quebrasse um dia, de repente”
Mas terminemos fazendo referência à caçula das mulheres, Iracema, cujo nome foi sugerido pelo irmão Eudes Barros, inspirado na personagem de José de Alencar. Iracema casou-se com o urologista Domilson Maul de Andrade, com quem teve quatro filhos. Era louca por música. E depois que ganhou do marido um piano de cauda, não quis mais outra coisa na vida. Mas, para o marido viúvo, o piano continua tocando, na sua imaginação saudosa. Ele é vizinho do mar de Tambaú, em cuja calçada faz suas caminhadas, ao lado de amigos.
A verdade é que a nossa orquestra familiar funcionou muito bem. Seu maestro, com austeridade e senso de responsabilidade, saiu do tablado sob aplausos.
janeiro 12, 2014
janeiro 11, 2014
J á li muitos livros sobre a felicidade, que se não me fizeram mais feliz, pelo menos me deram tranqüilidade interior. E a melhor definição ...
Já li muitos livros sobre a felicidade, que se não me fizeram mais feliz, pelo menos me deram tranqüilidade interior. E a melhor definição que encontrei sobre essa deusa foi a seguinte: “Felicidade é ter a consciência tranquila”. E o que é uma consciência tranquila? É uma consciência sem remorsos, arrependimentos, frustrações, mágoas e ódio. Difícil, não?
E nessa transição de ano eu andei tateando os livros de minha biblioteca e fui encontrar um de autoria do filósofo Bertrand Russel, cujo título é “A conquista da felicidade”, cheio de anotações minhas... O simpático e lúcido pensador inglês escreveu sobre um tema da chamada Autoajuda, que é mais se vê nas livrarias, porquanto as depressões estão infelicitando muita gente. Depressões que vêm das frustrações. E a maior delas é o exercício de uma profissão para a qual não se tem vocação, por melhor que seja a remuneração. Uma prova de que o dinheiro não é tudo.
Em seu livro, Bertrand Russel aponta a inveja como um revólver apontado para a gente. Infeliz, portanto, quem inveja. E chega a esta assertiva: “Os mendigos não invejam os milionários, mas invejam quando outro mendigo melhora de situação”.
Outra causa de infelicidade é o medo da opinião pública – diz o filósofo, pois o importante é o que você pensa. Russel ainda preleciona que quanto mais a gente possui interesses, melhor, pois mais interessante a vida se lhe torna.
Outro fator de felicidade: interessar-se pelos outros, consequentemente não ser egoísta. E conclui este filósofo sereno e feliz: “A fórmula da felicidade é ter apetite para a vida assim como temos apetite para a comida”. Nada de enjôo existencial, nada de náuseas.
E ele narra uma história que um rei pediu aos seus assessores que saíssem pelo mundo e lhe trouxessem a camisa de um homem feliz. Os assessores andaram, procuraram, e a resposta das pessoas era sempre negativa, até que avistaram um pescador à beira de um lago, pescando. E perguntaram se ele era feliz. Este disse que sim. Aí lhe pediram a camisa. O homem respondeu que nunca tinha vestido uma camisa...
Termino a crônica e constato que também estou sem camisa, aqui, no gabinete, não diante de um lago, mas de um computador. Porém, feliz!
E muita paz para os leitores neste balbuciar de 2014.
janeiro 11, 2014
janeiro 11, 2014
E sse foi um medo que angustiou muitas tias do passado, o medo de não arranjar um casamento, de ficar no caritó. Daí elas procurarem as retr...
Esse foi um medo que angustiou muitas tias do passado, o medo de não arranjar um casamento, de ficar no caritó. Daí elas procurarem as retretas noturnas da praça João Pessoa, aos domingos, objetivando encontrar o seu príncipe. Tinham horror que a chamassem, em voz alta, de tia. Uma delas me passou um carão, quando ao avistá-la, fui logo gritando, no maior entusiasmo: Titia, Titia, benção?”
Mas, nenhuma delas ficou para titia. Todas se casaram, tanto as do lado materno, que foram muitas, quanto as do lado paterno.
E tinham nomes lindos: Alzira, Nautília, Ninália, Anília, Auta, Ester, Clarice. Será que me esqueci de alguma? Acho que não, lembrando que as tias paternas conviveram pouco comigo. Mas vou começar citando-as com a minha saudade. E digo sem medo de errar: todas foram ótimas esposas.
A minha querida e jamais esquecida Auta de Luna Freire, professora da Escola Normal, era bonita, elegante, e de uma altivez admirável. Casou-se com um comerciante baiano, mas não deu certo. Não quis mais pensar em matrimônio. Muito culta, num mês de São João, com os foguetões explodindo lá fora e as fogueiras clareando a noite, ela me deu como presente de aniversário um livro de História. Nada de fogos, nada de traque de chumbo, nada de estrelinhas. Um livro enriquecido com a sua dedicatória. Como adorei esse gesto! Agora estou me lembrando de tia Anília, que me dava lições de datilografia e de otimismo. Nunca vi sombras naquele rosto. Tia Anília foi um amor de tia. Casou-se com Henrique, muito mais moço do que ela, mas com quem muito se entendeu.
Estou agora no computador que mantém o mesmo teclado da máquina datilográfica, inventada por um paraibano conhecido por Padre Azevedo, e que por sinal é patrono da cadeira 27, da nossa Academia de Letras, de que sou membro.
Tia Anília, tia Autinha, tia Ninália, esta sempre muito reservada, mas de ótimo astral. E tia Nautília? Muito linda. Apaixonou-se por um italiano chamado Vitório, e se foi. Ela era muito baixinha. Certa vez, achou de tirar uma foto, trepada num tamborete, para não ficar tão desnivelada do marido. Este tinha uma linda voz de tenor. Uma simpatia de homem. Todas, com exceção de tia Autinha e Ninália foram morar no Rio de Janeiro, deixando-nos uma profunda saudade.
Agora falemos das tias Ester, esposa do jornalista José Leal, irmã do meu pai; Totônia, que morava no Araçá. Ainda, por via materna, evoquemos tia Alzira, sertaneja de Patos, casada com o destemido e simpático Vicente Jansen, major da nossa Polícia Militar. Este casal sempre se hospedava na nossa casa, lá do sítio da Lagoa. O major Jansen era pai do desembargador Orlando Jansen.
Esprememos mais a memória e evoquemos, aqui, uma tia paterna, mulher linda, mãe de duas filhas que não ficavam atrás em questão de beleza. Clarice, que era casada com um dentista, chamado Ciro. Sempre otimista, vivia sorrindo para a vida. E quem sorri para a vida, por uma questão de reflexo, também se ilumina. Essas as tias com quem convivi mais. Elas continuam, vez por outra, desfilando na passarela de minha memória.
E evoquemos novamente tia Anília. Graças a ela, como já disse, estou datilografando neste computador.
E viva a saudade, que torna a ausência em presença. Afinal o homem não é apenas um animal que pensa, mas um animal que ainda chora de saudade. Saudade do que se foi, mas que não se perdeu...
janeiro 11, 2014
janeiro 10, 2014
A leitura de textos curtos é uma ótima opção para aprender e praticar inglês. Se você gosta de histórias de suspense, bruxas, fantasmas e...
A leitura de textos curtos é uma ótima opção para aprender e praticar inglês. Se você gosta de histórias de suspense, bruxas, fantasmas e casas assombradas, experimente imergir no agradável passatempo proporcionado nos sites abaixo. Eles contêm diversos contos (escritos e em áudio) que podem ser lidos e ouvidos em questão de minutos. Boa leitura e prepare-se para sentir, a cada relato, aquele arrepiante calafrio na espinha.
janeiro 10, 2014
janeiro 06, 2014
M as continuemos evocando minha mãe, esta mulher extraordinária, cuja vida foi um exemplo de dedicação, coragem e grandeza moral. Minha gran...
Mas continuemos evocando minha mãe, esta mulher extraordinária, cuja vida foi um exemplo de dedicação, coragem e grandeza moral. Minha grande confidente, foi ela quem me despertou para as letras, contando histórias lindas, noite a dentro. Histórias de fadas e de bruxas, que excitavam a minha imaginação. E quando a asma me levava para a cama, aí que era bom ouvi-la.
Sim, sofri de asma, na minha adolescência. Não houve remédio que desse jeito. Até que surgiu uma comadre de minha mãe, aconselhando que ela me desse um remédio, cujo nome eu não devia saber: chá de barata. Minha mãe sorriu e agradeceu a informação, debaixo de muitos sorrisos.
Mas o bom da doença era ficar na cama, ouvindo suas belas e acalentadas narrativas, noite a dentro. Minha mãe lia muito. E foi ela quem leu para mim todo o romance de José Lins do Rego “Menino de Engenho”. Charadista de primeira, ela adorava decifrar enigmas, charadas e resolver palavras cruzadas. Enquanto meu pai era um apaixonado pela Natureza, ela sonhava em morar numa cidade grande. Sua alimentação era muito saudável. Não dispensava o suco de cenoura com beterraba e laranja, depois da refeição matinal. Daí ter atravessado mais de um século de existência com muito apetite. Gostava dos vestidos alegres e estampados. E sempre me dizia: “Meu filho, velhice quer trato”. Nada, portanto, de relaxamento. Otimista, dona Pia nunca perdeu sua jovialidade.
E meu pai? Nunca as diferenças se uniram e se harmonizaram tanto. E eu adorava vê-los aos beijos. Eles tinham grande respeito entre si e aos outros.
E agora a história do castigo, que deu título à crônica. Eu mantinha um jornalzinho manuscrito denominado “O Riso”, que circulava na Rua Nova, onde morávamos. Pois bem, só porque chamei, no jornal, uma moça, nossa vizinha, de “fogosa”, meu pai, constrangido porque os pais dela foram lhe tomar satisfações, me deu uma dúzia de “bolos”. Minha mãe não gostou. Lembro que este foi o único castigo que recebi dele. Mas o jornalzinho manuscrito continuou saindo. Agora com outro nome: “O Choro”, ao invés de “O Riso”. Minha mãe deu uma boa gargalhada.
Meus pais! Como eu os adorei e os compreendi... Difícil evocá-los sem aquele nó na garganta...
E, aqui para nós, eles adoravam o caçula, que, infelizmente, foi destronado pela irmãzinha Iracema, o que me deixou no canto. Mas a vida é assim, cheia de novidades, encantos e desencantos.
Meu pai era homem de muito amor, mas um zero à esquerda em humor. Ele levava tudo a sério, era o contrário de minha mãe, sempre bem humorada. Certa vez, estávamos tomando banho, aqui em Tambaú, e meu pai na areia, quando minha tia Ninália, muito irônica, olhou para o nosso mestre e fez o desafio: ”Zé Augusto, você que é um homem de fé, venha andando sobre as ondas, como fez Jesus! Todos sorriram. Mas ele não deixou de escapar nem um meio sorriso.
Bebia muito... Mas só água de coco. Um dia, chegou a dizer: ”como é que se troca uma bebida dessa por cachaça ou uísque...”
E ficam aqui essas recordações de meus pais, que tanto enriqueceram a minha vida.
janeiro 06, 2014
janeiro 05, 2014
Em virtude de suas possibilidades técnicas, o piano é considerado um instrumento completo. Sua sonoridade abrange registros que vão dos ma...
Em virtude de suas possibilidades técnicas, o piano é considerado um instrumento completo. Sua sonoridade abrange registros que vão dos mais graves aos mais agudos. Por isso, sempre foi o preferido dos compositores ao longo da história da música, que o utilizaram para compor óperas, sinfonias, concertos, cantatas...
janeiro 05, 2014
janeiro 05, 2014
C omeço pela maledicência, esse vício de falar mal dos outros. E o maledicente sempre pretende ser melhor do que os ausentes, de quem se fal...
Começo pela maledicência, esse vício de falar mal dos outros. E o maledicente sempre pretende ser melhor do que os ausentes, de quem se fala. Maledicência é baixeza de caráter. Fuja do maledicente como se ele portasse doença contagiosa, pois vibração negativa, às vezes, nos contamina.
Tenho pena dos impacientes, que estão sempre reclamando do que acontece na vida, aparentemente, de errado. Se estão num trânsito congestionado, haja palavrão, haja irritação. Irritação até quando o sinal está vermelho, esquecido de que para os outros, a sinalização está verde. Mas o diabo é que muita gente que só pensa em si. E quanto ao congestionamento, por que não aproveitar essa oportunidade para ouvir uma boa música, e, se não estiver ao volante, ler um livro, ou aproveitar para uma reflexão, coisa que poucos estão fazendo: conversar consigo mesmo.
Lamento as pessoas mal humoradas, que olham a vida como se o mundo estivesse fedendo. Nada de um sorriso, que tanto alegra a alma.
Não gosto de cigarro perto de mim, conquanto tenha sido um fumante inveterado, mas que deixei o vício bem a tempo, graças a uma forte taquicardia. Se não estivesse abandonado o fedorento mau hábito, teria apressado minha morte. Agora esta reflexão: já imaginaram ou sentiram o hálito do fumante, manhã cedo, ao acordar?... Nem queira. Aqui fica o conselho: Aprenda a respeitar a sua saúde. Saúde e paz são nossas melhores riquezas.
Também lamento as pessoas que não cumprimentam as outras, como se fossem robôs. Que não sabem dar um “bom dia” ao entrar num elevador. Como é saudável um cumprimento!
Gosto dos otimistas, que alegram a vida, que carregam amor e entusiasmo na alma. As grandes descobertas dependeram do entusiasmo, que, etimologicamente, é Deus dentro de nós.
Gosto dos que gostam de ler, dos que estão sempre bem informados, dos que preenchem os vazios do tempo com um livro sob os olhos.
Gosto de viajar. A viagem nos dá experiência e nos multiplica. É salutar conviver com novos costumes, novas pessoas, novos climas. Isto nos torna mais humanos, mais maduros, mais compreensíveis.
Por fim, confesso que não gosto de mim, se porventura cometo alguns deslizes apontados acima. Afinal, saber reconhecer seus próprios é a maior das virtudes.
janeiro 05, 2014
dezembro 29, 2013
Não é raro a gente ouvir que uma cidade está sendo invadida por dunas, pelas águas do oceano ou pelas labaredas de um incêndio. Mas é inus...

Não é raro a gente ouvir que uma cidade está sendo invadida por dunas, pelas águas do oceano ou pelas labaredas de um incêndio. Mas é inusitado que uma pequena aldeia seja literalmente 'engolida' por rochas imensas!
dezembro 29, 2013