Mostrando postagens com marcador Célio Furtado. Mostrar todas as postagens

Dona Zefinha é uma idosa que vive num sítio há muitos anos. A casa fica às margens de uma estrada; da janela da sala ela vê o movimento de...

sertao seca chuva animais
Dona Zefinha é uma idosa que vive num sítio há muitos anos. A casa fica às margens de uma estrada; da janela da sala ela vê o movimento de veículos e pessoas, de outra, que fica no quarto de dormir, avista boa parte da pequena propriedade. O mato está verde, o plantio cresce viçoso, mas o barreiro ainda não juntou água.

Meu avô materno estava morrendo, e reuniu os filhos para se despedir. Com a voz debilitada, perguntou: “Vocês sabem onde fica o rio Pó?” ...

rio po italia guerra hugh flaherty
Meu avô materno estava morrendo, e reuniu os filhos para se despedir. Com a voz debilitada, perguntou: “Vocês sabem onde fica o rio Pó?”

Nenhum sabia onde ficava o rio Pó.

Nos anos de 1940, Cuité era um lugar mais conhecido por serra de Cuité ou lagoa de Cuité. Não tinha energia elétrica nem estrada, e as comunicações eram muito precárias. As notícias da Segunda Guerra eram anunciadas através do rádio e do Diário de Pernambuco.

Meu nome é Luiz e estou viajando há meia semana através de terras hostis, quase desertas. Não estou sozinho. Tenho a companhia de Augusto....

vida desafios superacao filosofia montanha
Meu nome é Luiz e estou viajando há meia semana através de terras hostis, quase desertas. Não estou sozinho. Tenho a companhia de Augusto. Aos poucos vamos deixando a civilização para trás, e vemos poucas pessoas, quase nenhuma moradia. A vida sem homens se torna silenciosa. Em certas ocasiões sentimos paz no silêncio; noutras, solidão e medo. Mas o medo se desfaz quando se tem objetivos. Precisávamos chegar, e foi para isso que viemos!

COMO MUDEI MINHA VIDA Você não pode acreditar só em Deus, você não pode acreditar só em você, precisa acreditar em Deus e em você. É o...

pequenas historias grandes licoes fabula parabola ensinamento sabedoria
COMO MUDEI MINHA VIDA

Você não pode acreditar só em Deus, você não pode acreditar só em você, precisa acreditar em Deus e em você. É o que Ele quer e espera. Veio o acidente e minha vida capotou, e foi tudo junto: sonhos, adolescência, todas as expectativas.

E quando você acha que está tudo perdido, você para e começa a pensar. E o que você precisa fazer?

Um rapaz andou dezenas de quilômetros para encontrar um mestre muito respeitado em sua aldeia por sua destacada sabedoria. Quando ali chego...

Um rapaz andou dezenas de quilômetros para encontrar um mestre muito respeitado em sua aldeia por sua destacada sabedoria. Quando ali chegou o mestre estava no centro de uma pequena multidão que, silenciosa e atentamente, ouvia seus ensinamentos. O rapaz se aproximou e, como os demais, passou a ouvi-lo. O mestre disse:

Ela tinha marcas no corpo e na alma, e estava decidida a mudar. Foi assim que Helena – ela me pediu para não revelar seu nome verdadeir...

auto ajuda empoderamento superacao
Ela tinha marcas no corpo e na alma, e estava decidida a mudar. Foi assim que Helena – ela me pediu para não revelar seu nome verdadeiro - iniciou a jornada rumo a uma grande transformação em sua vida. Ela não precisava de ajuda de ninguém pois, para ela, naquele momento a ajuda estava dentro dela, não fora. Ela precisava se redescobrir, descobrir uma nova versão de si mesma. Essa versão estava em seu interior, adormecida, pronta para ser despertada, explorada e vivida.

Eu sou o que penso, e não o que quero. O pensar leva ao querer, é o querer quem provoca a ação. Ação sem querer é o mesmo que fazer sem vo...

reflexao pensamento otimismo pessimismo
Eu sou o que penso, e não o que quero. O pensar leva ao querer, é o querer quem provoca a ação. Ação sem querer é o mesmo que fazer sem vontade. Não existe caminho distante, o distante é o caminho sem propósito. Se penso, existo, se não penso não vou além de um organismo que permanece vivo, impulsionado por um coração que bate indiferente à minha vontade. Portanto, cuidado com o que pensa e deseja.

Eu ouvi um grito, um ruído de pneus riscando o asfalto, vi uma bola atravessando a estrada. Olhei para um lado assustado, meu espanto se r...

cronica infancia nostalgia progresso cidade pequena
Eu ouvi um grito, um ruído de pneus riscando o asfalto, vi uma bola atravessando a estrada. Olhei para um lado assustado, meu espanto se refletiu no espelho, mais assustado do que eu era o rosto de um menino que, poucos metros dali, mirava para debaixo do carro.

Aconteceu perto de casa, essa semana, quando eu voltava de viagem. Eu vinha desligado, pensando no mundo frenético, grande e fascinante que é lá fora.

Sempre que ouço Avôrai, uma das mais belas canções de Zé Ramalho, que fala do seu avô, um tipo bonachão e ao mesmo tempo árido como a terr...

fe ajuda caridade conselho despertar cura espiritual
Sempre que ouço Avôrai, uma das mais belas canções de Zé Ramalho, que fala do seu avô, um tipo bonachão e ao mesmo tempo árido como a terra do agreste, vem à lembrança mestre Horácio. Como Avôrai, Horácio era um velho de botas longas, barba longa e branca, e alforje de caçador. Morava numa casa simples de duas águas, num cabeço de serra cercado por mato denso, cortado por caminho de pedras, serpenteado, difícil de subir.

Ritinha surgiu na sala, de repente. Ao ver Luizinho, espantou-se. E não entrou. Surpreendida, quis fugir mas limitou-se a observá-lo. O c...

conto amor adolescente medo paixao celio furtado
Ritinha surgiu na sala, de repente. Ao ver Luizinho, espantou-se. E não entrou. Surpreendida, quis fugir mas limitou-se a observá-lo. O coração disparou, o de Luizinho também. Ela encostou-se na moldura da porta e deixou-se ficar. Em coisa de instante o vento morno da tarde formou um pequeno redemoinho e varreu tudo em volta. O alpendre ficou cheio de folhas e poeira, as coxas de Ritinha completamente nuas. Em vez de prender o vestido com as mãos, ela ergueu os braços e entrançou os cabelos jogando-os para um lado, sobre o ombro, um meio de esconder os seios firmes que sobravam no decote, talvez tivesse mesmo essa intenção, talvez o fosse para acentuá-los, como ficou mais evidente.

Eu tinha dezesseis anos de idade, e isso já faz muito tempo, quando me mudei com minha mãe para Brasília. Meu destino era o hospital Sar...

literatura paraibana conto real cirurgia artrodese coluna hospital sarah kubitschek
Eu tinha dezesseis anos de idade, e isso já faz muito tempo, quando me mudei com minha mãe para Brasília. Meu destino era o hospital Sarah Kubitschek, um projeto de reabilitação inovador, dirigido por Dr. Campos da Paz, que tive o privilégio de conhecer.

O Sarah nascera como referência em reabilitação e reunia destacada equipe interprofissional, além de técnicas e equipamentos empregados com grande sucesso na Europa e Estados Unidos.

O menino se chamava Bem-te-vi e só estivera na escola ano e meio, depois não foi mais. Também a mãe não fazia questão, preferia que ficass...

literatura paraibana conto historia real bodega costura oficina
O menino se chamava Bem-te-vi e só estivera na escola ano e meio, depois não foi mais. Também a mãe não fazia questão, preferia que ficasse pela praia na travessia da balsa onde conseguia umas moedas, ou ajudando os pescadores na volta do mar, ou na cata de tainha na pesca de arrasto.

Em certa época do ano os barcos regressavam vazios, e não tinha lanço porque a tainha não vinha e também quase não havia ninguém para atravessar o rio. No entanto, ainda havia os jangadeiros que saíam pela madrugada.

Bem-te-vi avistou as jangadas chegando, correu para ajudar com os cepos e empurrar a embarcação para terra firme. Semana boa não precisava ir longe,

Ontem eu saí para ver a rua. Estava deserta e silenciosa. Uma mancha prateada no céu dizia que a lua estava lá. As nuvens esvoaçavam lembr...

conto adolescencia celio furtado cuite literatura paraibana
Ontem eu saí para ver a rua. Estava deserta e silenciosa. Uma mancha prateada no céu dizia que a lua estava lá. As nuvens esvoaçavam lembrando páginas de um livro que pareciam contar histórias de um passado distante.

Veio uma brisa fria com cheiro de chuva. E como numa espécie de encanto ouvi uma nuvem dizer:

“Se você quiser posso contar uma história?! “

Então ela começou a contar...

Cuité, julho de 1974.

Luizinho tem 10 anos, completou faz seis meses, perto do Natal. Como acontecia todas as manhãs, no dia do seu aniversário um beijo doce d...

literatura paraibana conto celio furtado pandemia intubacao dia das maes
Luizinho tem 10 anos, completou faz seis meses, perto do Natal. Como acontecia todas as manhãs, no dia do seu aniversário um beijo doce de mãe o acordou cedo, chamando para as aulas remotas dos tempos de pandemia. Estava em cima da hora. Comeu um pão com manteiga e tomou leite achocolatado enquanto conectava o celular e se debruçava na mesa cheia de material escolar.

Alexandra caminhou sentindo os pés descalços tocarem a água espumosa que morria mansamente na praia. Antes, e isso não fazia muito tempo, ...

literatura paraibana pascoa espiritualidade reflexao reforma intima iluminacao interior
Alexandra caminhou sentindo os pés descalços tocarem a água espumosa que morria mansamente na praia. Antes, e isso não fazia muito tempo, essa sensação lhe dava muito prazer. Adorava ver as ondas espocando contra as pedras, o sol caindo no horizonte e as palhoças dos pescadores.

Otacílio era o ferreiro. A oficina ficava entre uma marcenaria e o armazém do meu pai. Era um tipo simples, calmo, religioso, de poucas pa...

literatura paraibana conto adoção maternidade conflito familiar
Otacílio era o ferreiro. A oficina ficava entre uma marcenaria e o armazém do meu pai. Era um tipo simples, calmo, religioso, de poucas palavras.

Depois que ficou viúvo meu avô paterno Samuel passou a dividir a casa com o filho mais novo, tio Chico, e Luiza, uma senhora a quem nós ac...

literatura paraibana cronica celio furtado supersticao elefante louca
Depois que ficou viúvo meu avô paterno Samuel passou a dividir a casa com o filho mais novo, tio Chico, e Luiza, uma senhora a quem nós achamávamos carinhosamente de Pepeta. Era neta de escravos e quando nasci já fazia parte da família.

Cabia-lhe a função de arrumar e cozinhar, e o fazia com tanto zelo que meu avô, às vezes, reclamava, pedindo que fosse descansar, que não precisava de tanto.

Ele acreditava que Pepeta, talvez, tivesse feito alguma promessa à minha avó na hora da sua morte, pois cuidava dos interesses da casa como se sua salvação dependesse daquilo.

Parecia estar em todos os lugares, e volta e meia nos surpreendia, surgindo silenciosa e inesperadamente.

literatura paraibana cronica celio furtado supersticao elefante louca
- No tempo da finada, essa casa tinha ordem! – protestava, aos gritos, erguendo o cabo da vassoura contra nós. Mas acabava rindo. Era um riso doce, mudo, de quem tinha a alma pura.

Na sala extensa havia uma mesinha ornada com um elefante grande, cinzento, de louça. A tromba estava sempre voltada para a parede. Eu achava aquilo esquisito e, quando passava, mudava sua posição.

Na manhã seguinte encontrava-o de costas novamente, e tinha pena de vê-lo daquele jeito. Era como se ele não participasse dos acontecimentos do mundo.

E não demorou. Dias depois Pepeta me surpreendeu no momento em que eu me aproximava da mesinha.

- Ah... é você? Vá simbora antes que eu lhe mate! – explodiu medonha, ameaçando-me com a vassoura.

Depois meu tio me explicou que elefantes de bunda para rua traziam sorte. A partir dali tudo de bom que acontecia em nossa família eu pensava no elefante.

Observei, contudo, que nem na casa de Luiz nem da de Rubinho, dois amigos da rua, tinham elefantes na sala.

“Talvez não saibam que elefantes com a bunda para a rua trazem sorte”, pensei. Depois imaginei algo mais objetivo: “ Eles não têm elefantes porque não acreditam em elefantes.”

Quando perguntei ao meu tio a respeito, disse-me que era isso mesmo, que a sorte dependia do tamanho da vontade de cada um.

literatura paraibana cronica celio furtado supersticao elefante louca
“ Quando você acredita, tem vontade, e quem tem vontade tem sorte!”

A não ser galinhas e patos, na casa de vovô não tinha animais domésticos. Mas um dia meu tio arranjou um gato amarelo, assanhado, com listras brancas e pelo espesso.

Achou que sua aparência lembrava, de algum modo, o cantor Erasmo Carlos, que fazia muito sucesso na época.

Então o gato passou a se chamar Tremendão, o apelido do cantor. Pepeta não gostou muito, por isso lhe deu outro nome: Tupin.

Uma vez cheguei na sala com Tremendão nos braços. Vovô folheava o jornal.

- Vô, quando morrer o senhor deixa o elefante cinza para mim?

Ele me olhou por cima dos óculos, meio intrigado, perguntou:

- Está desejando minha morte?

- Não, vô! O senhor vai morrer um dia, não vai? É só quando morrer.

- Para que tanto interesse em meu elefante?

- Tio Chico falou que eles dão sorte.

- Você gosta de mim?

- Sim, vô, gosto muito.

- Então peça sorte para mim, aí eu não vou morrer.

Eu achei que ele estava certo, mas lembro que lhe disse:

- Só quero que morra quando ficar muito velho. Também quero que deixe Tremendão para mim. O senhor deixa?

literatura paraibana cronica celio furtado supersticao elefante louca
Na esquina da nossa rua ficava a casa de dr. Willian, um tipo alto, entufado e de muita conversa. O homem criava canários-da-terra e se gabava dos seus pássaros, dizendo onde chegava que, para briga, não existiam melhores na região.

Nesses dias escutei uma discussão na calçada. Saí para ver. O tal doutor, desaforado, fora enredar ao meu tio que que um gato amarelo tinha comido seus canários. Meu tio, que não ficou por baixo, disse-lhe que havia outros gatos em nosso bairro, dezenas deles.

Sem provas, o homem foi embora. Mas pelo jeito não se dera por vencido.

E não se dera mesmo. Na noite seguinte Pepeta reclamou que Tremendão - para ela Tupin - tinha sumido, pois não o vira hora nenhuma e que sua tigela do leite continuava cheia.

Por trás da casa dos canários existia um terreno baldio, com mato crescido, lixo por toda parte. Um caminho estreito cortava o terreno.

Eu passeava de bicicleta, de repente entrei ali, na esperança de encontrar Tremendão. Foi quando senti um cheiro de podre, de bicho morto, quase insuportável. Estava sobre o monturo, de pernas para cima, rijo e coberto de moscas.

Muito triste, entrei na casa do meu avô para dar a notícia. Num canto da sala vi a mesinha, sobre ela o elefante de louça.

Capítulo 2 Meu nome é Celina e estou no meio do deserto de Chihuahua, em algum lugar do Sudoeste do Texas, próximo à fronteira com o M...

ambiente de leitura carlos romero conto ficcao fronteira estados unidos mexico deserto houston texas imigracao imigrantes sofrimento
Capítulo 2

Meu nome é Celina e estou no meio do deserto de Chihuahua, em algum lugar do Sudoeste do Texas, próximo à fronteira com o México. ... Eu voltei aqui porque te prometi, Milagros! E prometi trazer teu filho Miguel até aqui. Eu... eu devia isso a vocês. Ah, Miguel... você tinha apenas sete anos...

Capítulo 1 Estou no sudoeste do Texas, fronteira com o México, às margens do Rio Bravo. Vejo pessoas do outro lado, são imigrantes com...

ambiente de leitura carlos romero conto ficcao fronteira estados unidos mexico deserto rio bravo texas imigracao imigrantes sofrimento
Capítulo 1

Estou no sudoeste do Texas, fronteira com o México, às margens do Rio Bravo. Vejo pessoas do outro lado, são imigrantes como eu, e estão ali para cruzarem o rio. Uns vão morrer, outros conseguirão. Eu consegui. Mas conseguir não é só chegar até onde estou, do lado americano.

Meu avô se chamava Samuel Furtado e morava numa casa simples, ladeada com a nossa, na praça Barão do Rio Branco, que virou Cláudio Furtado...

ambiente de leitura carlos romero cronica conto poesia narrativa pauta cultural literatura paraibana celio furtado esperancas incertezas
Meu avô se chamava Samuel Furtado e morava numa casa simples, ladeada com a nossa, na praça Barão do Rio Branco, que virou Cláudio Furtado. Era alto, forte, alvo e tinha a cabeça branca.