maio 25, 2014
"Q uem tem boca, vai a Roma” - diz o ditado. Não, amigos, quem tem boca vai para toda parte. Falei sobre as mãos, sobre os olhos, sobre...
"Quem tem boca, vai a Roma” - diz o ditado. Não, amigos, quem tem boca vai para toda parte. Falei sobre as mãos, sobre os olhos, sobre os pés, e agora chegou a vez da boca. Você pode viver sem os olhos, sem as mãos, sem os pés, mas sem a boca é impossível.
Sem ela, como falar, como se alimentar, como beijar? É importante o alimento que se ingere, a água que hidrata, o remédio que se toma, mas a palavra que sai da boca é a alma da convivência. Não se convive sem a fala. Dize-me como falas e eu te direi quem és. O homem não é somente aquele que pensa, mas aquele que fala.
Se não me engano, foi Voltaire que costumava dizer a uma pessoa que lhe era apresentada: ”fala para que eu saiba quem tu és”. E como ele dava importância à fala, chegando a dizer: “Eu discordo do que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo”.
Tem muita gente que bota a palavra fora. Que diz coisa que não era para se dizer, fala pelos cotovelos. Mas, a palavra não é para se desperdiçar.
Voltando à boca, Jesus, certa vez, disse: “não é o que entra na boca, que contamina o homem, e, sim, o que dela sai. “Ora, o que sai da boca é a palavra.
“Orai e vigiai para não entrardes em tentação”, receitou também o Mestre. Estejamos, portanto, atentos ao que dizemos.
Há uma mediunidade chamada Psicometria. O médium psicômetra se entrar numa sala, por exemplo, percebe tudo o que se disse naquele ambiente. As palavras dos que estiveram ali ficaram gravadas na parede. Veja aí quanta responsabilidade no falar.
A verdade é que nada se perde do que dizemos. Por isso, repitamos a advertência: muito cuidado com a palavra! Muita franqueza dói. Daí dizer Chico Xavier: “a verdade que fere é pior do que a mentira que consola”.
Aqui já falamos dos olhos, dos pés, das mãos, e vimos sua grande importância em nossa vida e da responsabilidade de usá-los. E agora falamos da boca, pois muita gente se utiliza mal da boca, não só pela má palavra como pelos venenos do fumo e da bebida alcoólica.
A fala é uma benção. Que digam os mudos. Jesus ensinava a discrição: “Que o teu falar seja sim, sim, não, não”. A palavra é tão importante que a Bíblia começa dizendo: “No princípio era o verbo”.
Ninguém soube usar tão bem a palavra como o Mestre. Tinha resposta para tudo. Só uma vez ele deu o silêncio como resposta. Justamente quando o procurador Pilatos lhe perguntou: ”O que é a verdade?” O procurador estava junto da verdade e não sabia. Jesus calou-se. Nunca um silêncio falou tão alto. Como explicar ao cético procurador o que era a verdade? Jesus poderia muito bem ter respondido: “A verdade é a lei”. Ou senão: “A verdade sou eu”. Mas o seu silêncio disse tudo. Impressionante aquele encontro entre a Verdade e a Mentira...
maio 25, 2014
maio 24, 2014
G osto de viajar de avião. Que me perdoem Ariano Suassuna, Oscar Niemeyer e Carlos Drummond de Andrade. Este chegou a escrever um belo poema...
Gosto de viajar de avião. Que me perdoem Ariano Suassuna, Oscar Niemeyer e Carlos Drummond de Andrade. Este chegou a escrever um belo poema: ”A morte no avião”.
E gostoso mesmo é subir a escadinha que nos leva até o pássaro de alumínio. E tem sempre uma comissária bonita ou simpática à entrada do avião a nos desejar boa viagem.
Tudo começa com aquela arrumação de bagagens de mão. Não sei porque noto na maioria dos passageiros certa apreensão no rosto. Quase ninguém sorri.
Saímos de Lisboa para Bruxelas, que para mim foi um reencontro. Depois de tudo quieto, o avião começa a deslizar no asfalto. É o preparo para a decolagem, quando ele se desprega do solo e enfrenta as alturas. Aí a gente nota como a aeronave não é nada lá em cima. Se olharmos para baixo, vemos tudo pequeno. O avião vai atropelando as nuvens. A paisagem é polar.
O silêncio é grande. Um silêncio, às vezes, perturbado com o choro espremido de uma criança. E o que perturba um pouco são as chamadas turbulências. Dir-se-ia que a aeronave está tremendo de medo. São as quedas no vácuo. E lembrar que minha neta Raíssa, de 13 anos diz que adora as turbulências... Eu desconfio que o avião tem medo daquelas alturas. Daí a tremedeira.
Há duas coisas chatas na viagem aérea: aquela comidinha requentada, que parece comida de hospital e o apertadíssimo sanitário. Mas, as companhias aéreas sabem atenuar o medo dos senhores passageiros com aquele video defronte da cadeira.
Quanto a mim, adoro pensar e ler no avião, quando não estou na janelinha vendo aquele mar de nuvens silenciosas. Viajar de avião é ótimo, principalmente quando as jovens comissárias nos trazem a comida e o sorriso.
Gosto do silêncio dentro da aeronave. Um silêncio que faz a gente dormir e sonhar até que venha o aviso dizendo que o avião está aterrissando. Uma descida de bêbado.
Agora ele já desliza sereno no asfalto. Pouco mais é hora de pegar as bagagens e o aeroporto nos espera para uma porção de formalidades. E haja filas, morosidades, o diabo!
O baiano Dorival Caymi cantava que “é doce morrer no mar”. Não chego a dizer isto com relação ao avião.
maio 24, 2014
maio 18, 2014
D esde que eu estou no mundo, nunca vi este acordo entre o sol e a chuva. Sempre um dia um, um dia o outro, na mais agradável parceria. Um d...
Desde que eu estou no mundo, nunca vi este acordo entre o sol e a chuva. Sempre um dia um, um dia o outro, na mais agradável parceria. Um dia céu nublado, friozinho correndo pelo corpo, pedindo roupa mais quente. No outro dia, o sol sorrindo, aquecendo o nosso corpo, mostrando um firmamento todo azul. Dia seguinte, cai a chuva, e aí dá aquela vontade para uma caminhada debaixo d'água.
Sol e chuva, frio e calor, água e luz, que a vida é feita de contrastes. A monotonia traz depressão. Ler e ouvir boa música é muito gostoso. Dormir nem se fala. Pensar muito mais. E ainda tem mais esta: a chuva, o frio, o silêncio são condições maravilhosas para a reflexão, para a conversa interior, para o filosofar. Já o sol é propício para a distração. Dir-se-ia que o sol propicia a poesia e a chuva a filosofia. Até rimou. Lembrar que as grandes filosofias nasceram nos países frios.
Mas voltemos á crônica. Lá fora o sol esbanja luz e parece gritar para o cronista: “Saia daí. A praia está uma beleza”. E eu fico a imaginar como a praia deve estar mesmo bonita, a areia limpinha, o céu azul, o mar brincando com as ondas, feito menino...
Pra falar a verdade, gosto mais de países quentes, embora tenha nascido numa terra fria de gelar: Alagoa Nova, onde o sol é escasso e as pessoas se valem dos cobertores e da cachaça para esquentar o corpo. E eu soube que a cachaça é o que anima os festivais de arte que ali se realizam...
Mas o clima está assim, instável. Chuva hoje, sol amanhã, coisa que nunca vi antes. Que dizem os entendidos de meteorologia sobre esse fenômeno?
Diz a modinha, que ouvi muito na minha infância: “Chuva com sol, casa-se a raposa com o rouxinol”. E eu imaginava que isso era verdade...
Mas a verdade é que tem vez que estou doido por um dia chuvoso e vice-versal
E viva a reflexão a que nos condiciona a chuva, e a distração que nos proporciona o sol. Muita água caindo do céu e muita luz iluminando os nossos caminhos...
maio 18, 2014
maio 17, 2014
F oi Jesus quem disse: se teus olhos forem bons, todo o teu corpo se iluminará. Olhos bons, olhos maus. Muita gente adverte: “cuidado com o ...
Foi Jesus quem disse: se teus olhos forem bons, todo o teu corpo se iluminará. Olhos bons, olhos maus. Muita gente adverte: “cuidado com o mau-olhado”. E há até quem diga que o mau-olhado chega a matar uma planta.
Os olhos! E muitos têm olhos mas não vêem. É grande a responsabilidade dos que vêem. Dai o valor das testemunhas de vista. Se você viu, você se comprometeu.
Disse bem o Mestre, os olhos são a candeia do corpo. Olhamos para muitas direções. Olhamos para cima, olhamos para baixo, olhamos para os lados, olhamos para trás. Este o olhar dos saudosistas.
Jesus convidou-nos a olhar os lírios do campo, dando uma lição de transcendência. Olhou para a multidão faminta e multiplicou pães. Olhou para o alto e se comunicou com o Pai. Olhou para as criancinhas e disse que o Reino dos Céus era delas. Olhou para a mulher adúltera e não a condenou. Que a condenassem os “sem pecados”. Por que lá, até hoje, não condenam o sem vergonha do adúltero? Que justiça é aquela?
Há muitos olhares: o da cobiça, o da inveja, o do ciúme, o do ódio. Mas belo é o olhar da compaixão, da compreensão, o olhar da sabedoria. Sublime é o olhar da mãe para o filhinho recém-nascido.
Um rosto que não se ilumina com um sorriso é tão triste como uma cegueira. Os olhos, cuidado com eles! É uma das nossas maiores riquezas. É a candeia do corpo, como disse Jesus. E me vem à imaginação aquele olhar do Mestre diante a multidão que o condenou. Um olhar de profunda tristeza, de muita compaixão. Afinal, eles não sabiam o que faziam.
Repitamos a sentença do Mestre: “Se teus olhos forem bons, todo o teu corpo se iluminará. Portanto, bastante cuidado, pois, com o olhar. Que ele se ilumine de muito amor, compreensão, e de muita compaixão.
Lamentável aquele que vê e faz que não vê. Confesso que jamais faria o que o samaritano fez, sobretudo considerando a insegurança dos dias atuais. Mas, na estrada de Jericó, o lugar era deserto e cheio de ladrões. Se ao menos houvesse celular naquele tempo, eu chamaria logo a polícia...
Entretanto, é preciso, vez por outra, fechar os olhos. Quando você fecha os olhos, você pensa melhor, se interioriza. O olhar distrai. É por isso que é conveniente orar de olhos fechados. Os fariseus oravam de olhos escancarados. Oravam e gritavam para todo mundo ver e ouvir. Mas Jesus aconselhava que quando fôssemos orar, entrássemos para um quarto, no maior silêncio e no maior sigilo. Tão importante foi esse silêncio, que ele, de vez em quando, deixava os apóstolos e se retirava para um lugar de muita paz. Os apóstolos então pediram: ”Mestre, ensina-nos a orar”. Foi daí que surgiu a oração do “Pai Nosso”. Orar é olhar pra dentro. Os fariseus não oravam, rezavam. Rezar é orar para fora, para todo mundo ver...
Na parábola do Bom Samaritano, um homem acudiu outro que estava caído no chão, todo ferido. Tinha sido assaltado pelos bandidos. Ele medicou-o com óleos e terminou levando-o para uma hospedaria. O samaritano não escondeu o olhar como fizeram os religiosos que ali passaram indiferentes ao sofrimento do próximo. Um samaritano, que era homem de negócios e não tinha tempo a perder....
maio 17, 2014
maio 10, 2014
É um truísmo, bem sei, mas que não deve ser esquecido. E viva aquele que pensa, isto é, que conversa consigo mesmo. É preciso lembrar que s...
É um truísmo, bem sei, mas que não deve ser esquecido. E viva aquele que pensa, isto é, que conversa consigo mesmo. É preciso lembrar que somos nossos pensamentos. Lembrar ainda que só o homem pensa, ou melhor, dispõe dessa faculdade, que muitos negligenciam... É o caso de dizer que há quem pensa que pensa, mas não pensa.
Observe que o barulho é inimigo do pensar. Talvez seja essa a razão de os filósofos, homens que pensam, em sua quase unanimidade, nascerem nos países frios e silenciosos. Pensar na Suécia é muito diferente de pensar num país quente da África.
Pensar exige silêncio. Aquele que fala muito, não pensa. E hoje as pessoas estão falando demais, sobretudo através do celular. E o curioso é que falam alto, como se a pessoa do outro lado fosse surda. É tão bonito e elegante quem fala baixo, seja no celular ou em conversa...
E aqui ergamos um brinde ao genial Rodin que exaltou o ato de pensar com aquela escultura “O Pensador”, que está em Paris, no jardim de sua casa que virou o museu do famoso escultor. E eu, na primeira visita que fiz à casa de Rodin, não deixei de ficar ao lado de O Pensador, na sua mudez de bronze... E muita gente passando indiferente aquela obra de arte...
E sabe quem foi que fez de sua filosofia o simples ato de pensar?: Descartes! Que é cognominado o pai da Filosofia Moderna. Filosofia em que está expressa o “Penso, logo existo”. Descartes fez a apologia do pensamento. O mestre da dúvida revolucionou a filosofia. Pagou caro pela coragem de duvidar. Nada de aceitar tudo sem um rigoroso exame, explicava ele. Chegou até a duvidar se estava sonhando ou acordado.
Jesus, vez por outra, procurava um recanto silencioso para pensar. Pensar e orar. E a gente quase que não ora, isto é, não procura estabelecer uma sintonia com a Divindade, esquecido que orar é como respirar.
O pensamento é tudo. Daí a nossa mente ficar lá no alto quando os pensamentos são elevados. Não pensamos pelos pés, como parece ocorrer com muita gente. Que só pensa baixo e não sabe refletir...
maio 10, 2014
maio 10, 2014
E vidente que há outras riquezas em nosso corpo, mas desejei começar pelas mãos, que a gente deveria beijar, toda vez que acordasse, manhã c...
Evidente que há outras riquezas em nosso corpo, mas desejei começar pelas mãos, que a gente deveria beijar, toda vez que acordasse, manhã cedo. As mãos são tão importantes como os olhos. Que digam os destituídos de visão, cujas mãos são seus olhos.
Mãos de pedreiros, de pianistas, violinistas, de maestros, arquitetos, de pintores, de escritores, dos artistas em geral. Mãos que ferem, mãos que acariciam. Mãos de mães acalentando os filhos. Mãos que abençoam e mãos que amaldiçoam. Mãos que castigam, mãos que indicam o bom caminho.
Você, às vezes, se sente infeliz e esquece as riquezas que possui. Coisas que não daria por nenhum preço.
Bem-aventurados aqueles que sabem fazer bom uso de suas mãos. Estou agora mesmo no teclado deste computador em que as minhas vão formando palavras. E a moda agora é o smartphone, é o iPad, que não dispensam as mãos.
São as mãos que levam a colher até as nossas bocas, ajudando-nos a alimentar. Mãos que dirigem veículos. Mãos de crianças, de adultos e de idosos. Vi muitos destes últimos se apoiando em suas bengalas nos países que visitei recentemente.
Outrora, falava-se em pedir a mão da moça, isto é, pedi-la em casamento. Nos esportes as mãos são indispensáveis, seja no voleibol, basquete, e até no futebol. E as mãos de cirurgiães, como são valiosas?!
Mas vamos adiante. Que dizer das mãos que limpam leprosos, como as de Madre Teresa de Calcutá, a mão de Chico Xavier que escreveu centenas de livros profundos de filosofia e ciência, conquanto tivesse apenas o curso primário. Chico Xavier psicografava de olhos fechados, minha gente, e em idiomas que jamais estudara!
E que dizer de Jesus, cujas mãos levantaram paralíticos, deram vistas aos cegos, curaram leprosos? Mãos que terminaram pregadas numa cruz, sob fortes e dolorosas marteladas. Mãos de Jesus abençoando crianças e dizendo que delas é o Reino dos Céus.
Mãos! Como as adoro. E ontem, ao meio dia em ponto, vi um homem, em pleno trânsito, sem as mãos. Muitos fingiam que não o viam. Olhar implica em responsabilidade. O pedinte segurava um caneco com os braços, e ainda esboçava um alegre sorriso de amor e paz.
As mãos! Dizem que nelas está escrita a nossa existência, se longa, se curta. Pelos traços que formam um “M”, vejo que a minha vida se alonga.
A crônica já vai se alongando, e já é o momento de retirar as mãos do computador. Mais ainda: beijá-las!
E como disse no início, há muitas outras riquezas neste cosmo orgânico que é o nosso corpo, a começar pelos nossos olhos. Riquezas que nos foram dadas, pelas quais não pagamos sequer um centavo.
Olhos, mãos, pés, não esquecendo a maior de todas as nossas riquezas: a mente, espelho de nossa vida, que pode refletir o bem e ou o mal.
maio 10, 2014
maio 10, 2014
Muitos sites promovem o ensino de inglês usando os mais diversos métodos de aprendizagem, como textos, vídeos, arquivos de áudio e exercíc...
Muitos sites promovem o ensino de inglês usando os mais diversos métodos de aprendizagem, como textos, vídeos, arquivos de áudio e exercícios didáticos. O problema é que, na maioria deles, as explicações e as dicas são expostas também em inglês, o que pode dificultar a compreensão dos temas propostos, principalmente por quem está começando a estudar o novo idioma.
maio 10, 2014
maio 03, 2014
P edra, símbolo de inflexibilidade, de dureza e firmeza, foi sempre citada no Evangelho, a começar quando Jesus se dirigindo ao apóstolo Ped...
Pedra, símbolo de inflexibilidade, de dureza e firmeza, foi sempre citada no Evangelho, a começar quando Jesus se dirigindo ao apóstolo Pedro, disse: “Tu és pedra e sobre ti edificarei minha igreja”.
Acontece que a pedra era humana. Daí ter dito, diante do tribunal que julgou Jesus, que desconhecia o seu mestre. Fato que ocorreu “antes que o galo cantasse”, como foi previsto.
A pedra também foi obstáculo no belo poema de Drummond e que começa: ”No meio do caminho tinha uma pedra”. Mas, deixemos Drummond e voltemos a Jesus, que começou a marcha da evangelização, num monte ou montanha, quando proferiu o mais belo sermão de todos os tempos, a ponto de o iluminado Gandhi dizer que se tudo acabasse, restando apenas o Sermão, nada estaria perdido.
Montanha é pedra. Pedra silenciosa. Pedra que fala. Jesus escandalizou os judeus quando disse que o templo de Jerusalém seria derrubado, não ficando pedra sobre pedra.
No episódio da Mulher Adultera, acusada pelos fariseus, o Mestre não fez nenhum julgamento. Apenas disse “aquele que estiver sem pecado, que lhe atire a primeira pedra”.
A pedra sozinha não fere ninguém. É neutra. E quem a utiliza para o mal, responde pelo ato. No “Sermão da Montanha” Jesus ensinou que casa construída sobre rocha, isto é, sobre a pedra, não ruirá, mesmo que venha tempestade.
Na tentação no deserto, o Diabo desafiou Jesus a transformar pedras em pães, querendo, assim, testar Jesus. É o que narram as escrituras.
A pedra não serve de travesseiro. Todavia, num momento de profunda melancolia, fez Jesus esta dolorosa confissão: “O Filho do Homem não tem uma pedra para repousar a cabeça". Inobstante exaltemos a pedra como símbolo de fé, a água pode simbolizar o amor. Tanto é assim que, segundo o ditado, ”água mole em pedra dura, tanto bate até que fura".
Portanto, não esqueçamos a didática da pedra. Ela ensina fé e firmeza. Jesus, ao deixar o mundo, disse que era seu verdadeiro discípulo: aquele que muito ama. Será que estamos cumprindo a receita do Mestre? Já não digo amando, mas pelo menos compreendendo o próximo?...
maio 03, 2014
maio 02, 2014
Tallinn, a pérola do Mar Báltico, é uma cidade aprazível, barata, de gente alegre e festiva. Reservamos apenas duas noites para percorre...
Tallinn, a pérola do Mar Báltico, é uma cidade aprazível, barata, de gente alegre e festiva.
Reservamos apenas duas noites para percorrer a Old Town, mas ficou aquele gostinho de quero mais.
maio 02, 2014
maio 02, 2014
Q ue história é esta, cronista? Onde você soube disso? Quem descobriu essa luz? É verdade que Jesus disse, certa vez, aos seus discípulos ”B...
Que história é esta, cronista? Onde você soube disso? Quem descobriu essa luz? É verdade que Jesus disse, certa vez, aos seus discípulos ”Brilhe a vossa luz!” Disse mais o mestre: “Não esconda a lâmpada debaixo do alqueire, mas no velador, para que a luz ilumine a todos".
Viva, portanto, a luz, seja do vagalume seja do sol. Luz é alegria. Diz a Bíblia que a primeira coisa que Deus disse ao criar o mundo foi: ”Faça-se a luz”.
E chega-nos esta indagação: qual das curas de Jesus a mais importante? Dar locomoção aos paralíticos, limpeza aos leprosos, voz aos mudos? Eu acho que foi dar luz aos cegos. Imagine-se na escuridão, num mundo cheio de belezas para ver
Goethe, já moribundo, a vista enfraquecida, pediu: ”Luz, mais luz!”. Já imaginaram um mundo sem luz? Mas Deus é tão bom que, todos os dias, acende a luz do sol para nós, sem que paguemos um centavo. Aliás, tudo que Deus nos dá é de graça, a começar pelo nosso maior alimento que é o oxigênio que respiramos sem nos lembrarmos disso.
Voltemos à luz. O genial Einstein recebeu o Prêmio Nobel pela tese da “quantização da luz” e não pela “Teoria da relatividade”, como muita gente talvez pense.
De uma coisa, porém, eu não sabia. Não sabia que dentro do nosso corpo, desse magnífico cosmo, existe luz. Mas como pode ser isso? Não, não sou eu que estou afirmando tal verdade, e, sim, o genial filósofo francês Descartes, conhecidíssimo pelo seu Discurso do Método”, que tanto disciplinou o nosso comportamento. Dele é aquela profunda reflexão, tão vulgarizada “Penso, logo existo”. E ninguém pensou mais do que o filósofo francês, que nunca conheceu as manhãs, pois acordava ao meio dia. E haja pensamento naquela cachola erudita, e tanta gente por aí preocupada mais com a distração do que com a reflexão.
Aqui para nós, certamente Descartes gostaria muito de haver conhecido o escultor Rodin, autor do conhecidíssimo “O Pensador”.
Mas o que tem o filósofo a ver com luz? Ora, ele descobriu que há dentro de nós uma glândula iluminada e que esta luz provava a existência de Deus. Os céticos não gostaram, tanto é assim que poucos se referem a essa afirmação do filósofo. Lembrar que Descartes tinha sonhos fantásticos. Sonhou, certa vez, com a visão matemática do Universo, sem esquecer que ele era um grande matemático.
Eu fico pensando, ah se o nosso pensador lesse a obra de André Luiz, psicografada pelo grande Chico Xavier, que no livro “Missionários da Luz” fala com muita clareza sobre uma glândula que fica na base do cérebro, chamada epífise, que brilha que é uma beleza. A glândula minúscula, também chamada pineal – acentua o autor - transforma-se em núcleo radiante e, em derredor, seus raios formavam um lótus de pétalas sublimes”.
Agora é o caso de dizer, procuremos iluminar as nossas mentes. Jesus tinha razão quando recomendou: “brilhe a vossa luz. ”
Lembremos que o Mestre, certa vez, realizou uma reunião mediúnica, no Monte Tabor, quando então se transformou em luz. Uma luz tão intensa como aquela que fez Paulo de Tarso cegar, na estrada de Damasco.
maio 02, 2014
maio 01, 2014
E is aí os limites aquáticos de nossa bela capital, que nasceu à beira de um rio, o rio Sanhauá, afluente do Paraíba. Nascida, a cidade-cria...
Eis aí os limites aquáticos de nossa bela capital, que nasceu à beira de um rio, o rio Sanhauá, afluente do Paraíba. Nascida, a cidade-criança começou subindo, ou melhor, engatinhando pelas ladeiras, até que encontrou a lagoa, lá no centro, com seus pés de acácia, seus paus-brasil, seus flamboyants e palmeiras. A cidade, vinda do rio, repousou um pouco à beira da lagoa, seu espelho aquático.
Mas o tempo não pára. A cidade teve de acompanhar a sua marcha, derrubando árvores, a golpe de machado, e casas, até chegar ao mar, o mar de Tambaú. E o Cabo Branco, lá no alto, parecia querer indicar que, ali, o sol nasce primeiro. Mas a cidade não desejou subir o Planalto. Fico, por alguns tempos, cá embaixo, que o mar era uma beleza.
E para se chegar até a praia de Tambaú, cadê transporte? Muita gente se valeu dos pés. Depois apareceu o automóvel. Mas automóvel era transporte de rico. O povo ainda não tinha acesso ao mar de Tambaú. Só as famílias abastadas podiam desfrutar as delícias da praia. E assim, todo fim de ano, havia uma verdadeira correria para o mar de Tambaú. Para o chamado veraneio. O povo ainda estava se contentava com a Lagoa. Praia de Tambaú só depois de muito tempo.
O tempo, porém, foi passando. E eis a praia, agora, à disposição de todos. Tornou-se atração turística. Cidade Baixa já era, com suas ladeiras, com sua história, que não atraem turista. Este só quer ir para a praia, a praia de Tambaú, onde há barracas para comer, para beber, para esquecer a vida. Ninguém deseja sair de perto do mar, onde se toma banho, seja de água, seja de sol. Os nossos visitadores ignoram, completamente, a outra parte da cidade, o sítio histórioc. O rio Sanhauá também não os atrai, a Lagoa muito menos.
Mas a capital das acácias não ficou apenas na praia. Resolveu subir o Planalto do Cabo Branco, onde o sol nasce primeiro e onde há a Estação Ciência, projeto do maior arquiteto do Brasil, o famoso Niemeyer, e outras atrações turísticas. E tudo leva a crer que cada vez mais a capital se distanciará de suas nascentes. Nada da Cidade Baixa, nada do Rio Sanhauá, completamente abandonado, nada de Lagoa, por mais bela que seja.
Eis aí um problema de difícil solução. Sim, existe o Jardim Botânico, mas quem danado vai visitá-lo, ainda mais fechado nos fins de semana? A Capital, hoje, nada mais é do que uma ladeira que começa no Sanhauá e desemboca no mar. E daí para o Planalto...
O turismo ficou na periferia. Que fazer? Como atrair o turista para o centro da Capital? Eis a questão. Nem que se promovesse, ali, espetáculos de striptease. O mar de Tambaú, ou outros mares da nossa orla, são nossas maiores atrações. E há até praia de nudismo, ora vejam só...
O que o turista gosta mesmo é espreguiçar-se à beira-mar, comer naquelas barracas, passear na calçada, beber água de coco, comprar artesanatos da terra e esquecer, se for paulista, sua cidade sem mar e de muita poluição, tão bem decantada por Caetano Veloso...
maio 01, 2014
abril 06, 2014
N ão esteja sempre saindo de si. Nunca deixe a sua vida interior vazia. Quem deu muita ênfase à vida interior não podia ser outro. E sei que...
Não esteja sempre saindo de si. Nunca deixe a sua vida interior vazia. Quem deu muita ênfase à vida interior não podia ser outro. E sei que você já está respondendo: “Sócrates”. Sim, foi o Mestre de Atenas que nos convidou a penetrar no templo sagrado da nossa vida interior. Mas antes do mestre, já existia no Oráculo de Delfos a seguinte inscrição “Nosce Te Ipsvm” - Conhece-te a ti mesmo.
Pobre é aquele que vive mais pra fora do que pra dentro. Que vive mais para a distração do que para a reflexão. E Jesus nos aconselhou fechar-nos num quarto, toda vez que fôssemos orar. Ora, o quarto é a nossa consciência.
Informam que quando a gente morre, o primeiro encontro é com nossa consciência. Ela é quem vai nos julgar. Seremos, então, juízes de nós mesmos. Que momento dramático!
Há muita gente saindo de si mesmo à procura da distração. E há tanta coisa para a gente se distrair... O barulho, a conversa alta, a bebida alcoólica, os amigos, a comida, o celular... Saem de seus apartamentos como quem sai de uma prisão, uma prisão de não sei quantos andares. Há gente que nem gosta de sua própria casa...
Daqui onde estou, avisto um gigantesco edifício de não sei quantos andares. Noto que todas as janelas estão fechadas. Nenhuma pessoa para estender seu olhar para fora. O jeito é entrar no elevador e sair, ou melhor, fugir dali.
Nunca houve em tempo algum tanta fuga de si mesmo. Para isso não faltam o televisor, o aipode, o restaurante, a Internet, a nova tecnologia, as festas populares, enfim, tudo que nos faz esquecer a nós mesmos.
Elevo meu olhar até o edifício à minha frente, e noto que apenas no estreito terraço de um deles há uma palmeira. É alguém com saudade da Natureza que ficou lá embaixo.
E eu quero, antes de pingar o ponto final, lembrar esta conclusão de Frederic Renoir, um de meus mestres: “o que faz o homem feliz é a conscientização do sentido da existência”. Mas para isso é preciso, ao invés de sair de si, encontrar-se consigo mesmo.
abril 06, 2014
abril 05, 2014
À s vezes vem aquela vontade de dormir por muito tempo, como se estivesse morto. E viva o sono, que parece muito com uma suave morte. Um hom...
Às vezes vem aquela vontade de dormir por muito tempo, como se estivesse morto. E viva o sono, que parece muito com uma suave morte. Um homem dormindo é um morto que respira. Já imaginaram um dinâmico empresário, que não tem tempo nem para respirar, de olhos fechados, numa cama?
O sono foi uma amostra grátis que Deus nos deu da morte... E se o dorminhoco é daqueles que ronca? Aí a coisa se complica... Aliás, conta-se que um sargento roncava muito e a mulher já não aguentava mais. Até que uma amiga, que também era casada com militar, perguntou à esposa do roncador: “de que lado seu marido ronca?” E ela respondeu: “pela direita". A outra disse “não há problema, basta você dizer “esquerda volver” e pronto”. Valeu a receita.
O sono é melhor coisa do mundo, sobretudo se for com sonho, que faz a gente acordar alegre. Graças a Deus eu durmo como uma pedra. E tenho sonhos maravilhosos. Viva a sonoterapia.
Voltando ao que disse, eu gostaria mesmo era de ter um longo sono até que acabasse essa Copa que vem por aí. Sim, infelizmente, não estou com nenhum apetite para o grande e emocionante acontecimento esportivo. Pensei ainda em passar um tempo no Amazonas, bem longe de tudo. Mas será que não tem lá algum caboclo de rádio ligado?
Se isso que está acontecendo comigo é velhice, bendita a velhice, que nada mais é do que sinônimo de sabedoria, experiência vivida.
A Copa vem aí. E haja copo, haja bebedeira. Muito cuidado com o trânsito após um jogo. Não faltará gente embriagada, sobretudo se o Brasil ganhar... Não faltarão psicopatas. Psicopata é o sujeito doido por Copa.
Mas por que diabo não estou ansioso pela Copa? Sei lá... Acho que devo ir a um psiquiatra. Esse meu indiferentismo não é normal. É preciso lembrar que o povo precisa se divertir. É na diversão, por conseguinte, na distração que ele esquece muita coisa ruim da política...
E sabe o que eu gostaria de assistir, agora? Uma Copa de Xadrez, o esporte da inteligência, da reflexão, e que exige silêncio. O danado é que nunca tive jeito para xadrez. Eis uma de minhas frustrações.
Mas o bom mesmo é um sono tranquilo e gostoso. Viva a sonoterapia!
abril 05, 2014
março 30, 2014
“O homem é Pedro”. Sim, este foi o “slogan” da vibrante campanha eleitoral que levou Pedro Gondim ao Palácio da Redenção, por conseguinte a...
“O homem é Pedro”. Sim, este foi o “slogan” da vibrante campanha eleitoral que levou Pedro Gondim ao Palácio da Redenção, por conseguinte ao governo do nosso Estado. Nenhuma campanha antes excedeu esta, em entusiasmo, em exaltação popular, em loucura mesmo. E vinha a indagação: “Está com Pedro ou está com medo?” A resposta tinha de ser: “Não, estou com Pedro”.
Moço, bonito, inteligente, de uma irradiante simpatia, a verdade é que o meu conterrâneo de Alagoa Nova, Pedro Gondim, honrou o mandato que o povo lhe confiou. Se teve defeitos, quem não os tem?
A verdade é que ele foi eleito. O homem era Pedro, mesmo. Pedro que lembra pedra. Não sou político. Não participei de sua campanha. Fiquei no meu canto. Mas não é que o meu amigo e conterrâneo achou de me convocar para o seu governo... Fui convidado pelas mãos do elegante Chefe da Casa Civil Edigardo Soares, para assumir a subchefia daquele importante cargo.
Não tive como recusar tão importante comenda. Conquanto, essencialmente, apolítico, eis-me num setor, visceralmente político. Comoveu-me aquela honrosa distinção, que implicava numa grande responsabilidade.
Tudo ia muito bem quando o governador achou de me convidar para a primeira incumbência de seu governo: participar da mesa de julgamento de um concurso de misses em Campina Grande. Fomos eu e minha primeira esposa Carmen. Missão difícil, porquanto as garotas eram lindas...
Mas depois dessa primeira incumbência, no novo governo, participei com muito entusiasmo em todos os empreendimentos culturais, lembrando que o dinâmico governador foi um grande incentivador das artes. O centenário do ex-presidente Epitácio Pessoa foi brilhantemente comemorado, resultando na inauguração da Cripta em sua homenagem existente no nosso Tribunal de Justiça. Não esquecer que foi o governador Pedro Gondim quem proporcionou a filmagem de “Menino de Engenho”, do nosso José Lins do Rego, que redundou num grande sucesso.
Não esquecer também que o Plano de Extensão Cultural de seu governo teve a melhor repercussão. Foi com muito orgulho, o bom orgulho, que dei o meu suor aos empreendimentos culturais do Governo, destacando a colaboração de Itapuan Botto, chefe do Cerimonial da Casa Civil, hoje imortal da nossa Academia de Letras, elegante, educado, um verdadeiro diplomata.
Pedro Gondim, poucos sabem, era poeta. Muitos de seus poemas eram voltados para justiça social. Ele era um homem boníssimo que não sabia odiar. Para o seu trabalho de chefe de governo contou com a ajuda de sua esposa Sílvia, que ele chamava, carinhosamente, Silvinha. Um bom e carinhoso pai de família.
Pedro Gondim... A primeira vez que eu o ouvi foi numa palestra que ele pronunciava na Associação Comercial, lá no Varadouro. Elegante, simpático, fluente, sua palavra muito me impressionou. Depois o vi como deputado. Um homem sem abordagem difícil. Simples, otimista, ativo. Não me esqueço de sua presença no sepultamento do corpo de meu pai, lá no Cemitério da Boa Sentença... Quando terminei de falar, dizendo “até logo meu pai”, ele veio ao meu encontro, com lágrimas nos olhos, dizendo: “que comovente e cheia de fé a sua despedida”...
março 30, 2014
março 29, 2014
U m padre entra num banco e intromete-se numa fila. Mas ele não usa as pernas, pois está sentado numa cadeira de rodas. Mais ainda: quem emp...
Um padre entra num banco e intromete-se numa fila. Mas ele não usa as pernas, pois está sentado numa cadeira de rodas. Mais ainda: quem empurra o veículo é um empregado de seu instituto. O padre é gordo, a batina um pouco surrada, e transmite uma paz com sua presença humilde.
Por que esse sacerdote entrou num estabelecimento bancário? Para depositar dinheiro ou retirá-lo? Nada disso. Ele está ali para pedir esmola. Esmola não para ele, mas para os outros, isto é, para os seus pobres, que são muitos. Mais ainda: ele, como já disse, mantém um instituto, onde os jovens daquele tempo iam aprender datilografia. Datilografia que hoje se aplica no computador.
Mas voltemos ao padre. Sabe como ele pede esmola? Cutucando as pessoas pelas costas com uma varinha. A pessoa se vira, meio assustada e ele pede: “um dinheirinho para os meus pobres". Difícil negar o seu pedido, pedido tão humilde e que chega a comover. Ora, tanta gente preocupada com os seus negócios, e aquele, esquecido de si mesmo, rogando ao auxilio para os outros, para os mais carentes.
Seu nome, tenho certeza que o leitor já sacou, se for de certa idade. Estou aludindo ao padre Zé Coutinho, o extraordinário Padre Zé, que levou toda existência a serviço dos mais desfavorecidos da vida. Um homem que se fez mendigo para ajudar aos outros. Conheci esse divino sacerdote. Ele foi colega do meu pai, quando ambos eram seminaristas. Meu pai o admirava muito. Quase sempre, quando se encontravam, o padre Zé Coutinho ia logo perguntando: ”Como vai o teu Espiritismo, Zé?" ”Sim, ambos se conheceram no Seminário, ali no Convento São Francisco.
Padre Zé Coutinho só tinha uma religião: a religião do amor. E Jesus identificou seus discípulos por muito se amarem.
Eu gostava dele e ele de mim. Lia e comentava minhas crônicas no jornal A União. Mantinha um programa na Rádio Tabajara e escrevia neste jornal.
Nunca soube enriquecer. Tirou muito dinheiro dos ricos para dar aos menos favorecidos. Costumava chamar a gente de “prezado”.
No cemitério da Boa Sentença tem uma escultura em sua homenagem. Gostaria que erguessem uma estátua ou um busto, na chamada Praça do Bispo, onde funciona ou funcionava o seu instituto. Padre Zé Coutinho! Um autêntico missionário. Não há coisa mais difícil no mundo de que “amar aos outros como a nós mesmos”. Uma receita nada fácil de ser cumprida. Mas o padre Zé cumpriu-a. Como cumpriram Chico Xavier, Maria Tereza de Calcutá, Irmã Dulce, Albert Shweitzer, Gandhi, Francisco de Assis...
No exercício da caridade usou os pés até quanto pôde. Estou ouvindo, agora mesmo, a sua voz: “Um dinheirinho para os pobres, prezado”. Era difícil ficar indiferente a essa rogativa... E eu fico a imaginar o Padre Zé voltando para casa levando a paz dentro de si. A paz que vem da consciência do dever cumprido.
março 29, 2014
março 29, 2014
O avião ia sereno, acima das nuvens, a caminho de Lisboa. Mas o avião, tinha vez, que parecia dormir. Dormir ou sonhar. E eu me vendo na p...
O avião ia sereno, acima das nuvens, a caminho de Lisboa. Mas o avião, tinha vez, que parecia dormir. Dormir ou sonhar. E eu me vendo na pessoa do comandante, lá na cabine. Que responsabilidade a desse profissional, na direção da aeronave. E fico pensando: em que estará pensando o comandante?
Agora a aeronave, carregando mais de duzentas pessoas – imagino - começa a tremer. Será de frio ou de medo? Ah, já sei, são as nuvens nas quais ele vai tropeçando.
Da janela avisto um mar de nuvens que me lembram grandes rebanhos. Nuvens branquinhas e serenas. E eu vejo, nessa altura, que não somos nada... Que a nossa vida está por um fio. Ora, ora, e quando é que a nossa vida não está por um fio? Quando é que nossa vida está segura? A qualquer momento...
Deixemos as divagações filosóficas. Façamos como os demais passageiros: uns dormindo, outros lendo e a maioria com o olho pregado na tela do monitor à sua frente. Eu prefiro pensar. Não é, meu mestre Descartes? O teu “penso, logo existo” foi a maior descoberta de todos os tempos.
Estamos vindo de Paris a caminho de Lisboa. E em Lisboa, estou em casa. E eis que a minha boca já se enche d'água: é a lembrança do gostoso e inigualável bacalhau português.
Que silêncio!... O avião está descendo. É o momento da aterrissagem, que o português chama de aterragem. Dizem que este é o momento, tanto quanto a decolagem, é o mais difícil para a aeronave. Muita gente com o coração na mão. E haja tremedeira. Minha neta Raíssa disse que a melhor parte da viagem aérea é a turbulência. Ela adora essas quedas no vácuo.
Os passageiros só fazem respirar. Lisboa já está perto dos nossos pés. E eis que a aeronave já está deslizando no asfalto. Agora é aguardar o momento de retirar as bagagens de mão... Bagagem rima com viagem, viagem com a aterrissagem. Afinal a vida não deixa de ser uma viagem...
E viva a vida!
março 29, 2014