E is aí os limites aquáticos de nossa bela capital, que nasceu à beira de um rio, o rio Sanhauá, afluente do Paraíba. Nascida, a cidade-cria...

O rio, a lagoa e o mar

Eis aí os limites aquáticos de nossa bela capital, que nasceu à beira de um rio, o rio Sanhauá, afluente do Paraíba. Nascida, a cidade-criança começou subindo, ou melhor, engatinhando pelas ladeiras, até que encontrou a lagoa, lá no centro, com seus pés de acácia, seus paus-brasil, seus flamboyants e palmeiras. A cidade, vinda do rio, repousou um pouco à beira da lagoa, seu espelho aquático.

Mas o tempo não pára. A cidade teve de acompanhar a sua marcha, derrubando árvores, a golpe de machado, e casas, até chegar ao mar, o mar de Tambaú. E o Cabo Branco, lá no alto, parecia querer indicar que, ali, o sol nasce primeiro. Mas a cidade não desejou subir o Planalto. Fico, por alguns tempos, cá embaixo, que o mar era uma beleza.

E para se chegar até a praia de Tambaú, cadê transporte? Muita gente se valeu dos pés. Depois apareceu o automóvel. Mas automóvel era transporte de rico. O povo ainda não tinha acesso ao mar de Tambaú. Só as famílias abastadas podiam desfrutar as delícias da praia. E assim, todo fim de ano, havia uma verdadeira correria para o mar de Tambaú. Para o chamado veraneio. O povo ainda estava se contentava com a Lagoa. Praia de Tambaú só depois de muito tempo.

O tempo, porém, foi passando. E eis a praia, agora, à disposição de todos. Tornou-se atração turística. Cidade Baixa já era, com suas ladeiras, com sua história, que não atraem turista. Este só quer ir para a praia, a praia de Tambaú, onde há barracas para comer, para beber, para esquecer a vida. Ninguém deseja sair de perto do mar, onde se toma banho, seja de água, seja de sol. Os nossos visitadores ignoram, completamente, a outra parte da cidade, o sítio histórioc. O rio Sanhauá também não os atrai, a Lagoa muito menos.

Mas a capital das acácias não ficou apenas na praia. Resolveu subir o Planalto do Cabo Branco, onde o sol nasce primeiro e onde há a Estação Ciência, projeto do maior arquiteto do Brasil, o famoso Niemeyer, e outras atrações turísticas. E tudo leva a crer que cada vez mais a capital se distanciará de suas nascentes. Nada da Cidade Baixa, nada do Rio Sanhauá, completamente abandonado, nada de Lagoa, por mais bela que seja.

Eis aí um problema de difícil solução. Sim, existe o Jardim Botânico, mas quem danado vai visitá-lo, ainda mais fechado nos fins de semana? A Capital, hoje, nada mais é do que uma ladeira que começa no Sanhauá e desemboca no mar. E daí para o Planalto...

O turismo ficou na periferia. Que fazer? Como atrair o turista para o centro da Capital? Eis a questão. Nem que se promovesse, ali, espetáculos de striptease. O mar de Tambaú, ou outros mares da nossa orla, são nossas maiores atrações. E há até praia de nudismo, ora vejam só...

O que o turista gosta mesmo é espreguiçar-se à beira-mar, comer naquelas barracas, passear na calçada, beber água de coco, comprar artesanatos da terra e esquecer, se for paulista, sua cidade sem mar e de muita poluição, tão bem decantada por Caetano Veloso...

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