A propósito, ainda, do nosso corpo, o cosmo orgânico, muito desconhecido de todos nós, que tal abrir espaço para sua excelência o esqueleto...

A propósito, ainda, do nosso corpo, o cosmo orgânico, muito desconhecido de todos nós, que tal abrir espaço para sua excelência o esqueleto, a armadura que sustenta os nossos demais órgãos?

O grande cientista belga Vesalius, considerado o “Pai da Anatomia Moderna”, dizia que sem os ossos despencaríamos no chão como bolhas. Tudo que é carne desaparece logo com a morte, menos o osso. Está aí o esqueleto com o seu permanente sorriso triunfal.

Agora estou me lembrando de Shakespeare, no seu Hamlet, quando um dos personagens perguntava onde estaria Polônio e a resposta foi: “está num banquete, onde não come, mas é comido”, referindo-se ao túmulo.

A verdade é que os esqueletos, que moram nos cemitérios, chegaram a inspirar o grande compositor francês, Saint-Saens, a compor a genial “Dança Macabra”, uma impressionante página musical, em que os esqueletos, quando soa meia noite, saem dos seus túmulos e começam a dançar até que surge a alvorada e os dançarinos saem correndo para as suas covas.

Mas assim como há a “Dança do Fogo”, de Manuel de Falla, “A Valsa das Flores”, de Tchaikowsky, “A Dança das Horas”, de Ponchielli, por que os esqueletos não haveriam de dançar? Tudo é possível graças à imaginação.

Estou escrevendo aqui, e chega Alaurinda chamando atenção para a minha postura. A postura é tudo. Há pessoas chamadas “marrecas”, justamente, aquelas que andam curvadas.

Eu sempre convivi bem com o meu esqueleto, até que, um dia, me apareceu uma tal de estenose lombar, que terminou me levando para uma cadeira de rodas, numa das minhas viagens fora do país. E quem empurrou minha cadeira foi meu filho Germano. Sabe que cheguei a gostar do passeio sobre rodas, nas macias calçadas de Londres, que parecem um prato? Todo prefeito deveria dar, vez por outra, um passeio numa cadeira de rodas, para sentir o chão.

Voltemos ao esqueleto, com seu sorriso de caveira, como a dizer: ri melhor quem ri por último. Pena que a gente não possa mudar de esqueleto. Se isso fosse possível, não faltaria propaganda na TV. E quando víssemos uma pessoa muito espigada, diríamos logo num cochicho invejoso: “ela está de esqueleto novo”.

Cuidemos de nosso esqueleto, da postura e nada de preguiça. Há tantas ginásticas por aí. Presentemente estamos fazendo a gostosa hidroginástica, sob a orientação da jovem professora Catarina Guimarães, sempre atenta à nossa postura. E saímos da piscina com gosto de quero mais.

Viva, portanto, o osso. É ele que nos sustenta. A carne é fraca, forte é o osso. E cuidemos mais do nosso cosmo orgânico, que Deus nos deu, e nenhum homem é capaz de criá-lo. O homem que inventou o computador é incapaz de criar um mosquito. Mas Deus criou o nosso cosmo orgânico e o homem faz tudo para destruí-lo com a preguiça, álcool, droga, gula, fumo.

Mais um viva para os esqueletos que dançam, segundo a “Dança Macabra” de Saint-Saens, até chegar a madrugada, pois a vida não é nada mais do que uma dança.

Já está na hora de encerrar a crônica, e, antes que minha Lau venha com a recomendação: “cuidado com a coluna”, vou retirando os dedos do teclado deste computador, que se fosse um livro, levaria para a cama.

Mas fica o lembrete: não se esqueça de sua postura, assim como da compostura.

N ão há imagem que lembre mais a vida do que um jogo de futebol. No futebol há alegria, há tristeza, entusiasmo e orgasmo. E até flores, poi...

Não há imagem que lembre mais a vida do que um jogo de futebol. No futebol há alegria, há tristeza, entusiasmo e orgasmo. E até flores, pois não é que meu poeta Sérgio de Castro Pinto acaba de escrever um livro com o título “A flor do gol” - Que imaginação! E eu doido para cheirá-lo. E viva o poeta que vê o gol como uma flor, gol-orgasmo, gol-transcendência, gol-êxtase, gol-nirvana.

O futebol é o único esporte que alucina os povos. Nele há sorrisos e lágrimas, gritos e silêncio, correrias e quedas, cartões vermelho e amarelo, apito do juiz, que é uma espécie de deus. E haja torcida, corações querendo sair do lugar, povos se unindo e, por alguns momentos, esquecendo a guerra.

E o nosso Chico Xavier foi homenageado pela FIFA, que escolheu para símbolo desta Copa uma imagem que lembra a silhueta de seu rosto em plena atividade psicográfica. Acaso ou não, terminou sendo uma justa homenagem a um homem que foi pobre, enxergava pouco, um homem de cultura primária, que escreveu livros de ciência, filosofia, literatura, sem ganhar um centavo. E escrevia de olhos fechados (isto já é demais), cujos dedos seguravam um lápis.

Confesso que, a princípio, não acreditei no que via. Sim, o grande missionário da mediunidade com Jesus, foi homenageado pela FIFA. E viva o futebol que está unindo os povos, o futebol cuja bola não é atômica, por conseguinte, não destrói populações.

Não esquecer que o nosso país tem a forma geográfica de um coração, que nunca teve tiranos, que prefere, segundo o hino, dormir em berço esplêndido ao som da Natureza.

Mas está bom de colocar um ponto final na crônica. A tarde está num silêncio profundo, bom para a reflexão. Quase todo mundo diante da TV assistindo aos jogos da Copa.

Vamos Brasil, vamos Brasil de Chico Xavier, vamos Brasil que nunca fez guerra, mas adora fazer gols. Vamos Brasil de Machado de Assis, Brasil de Anchieta, que escrevia poemas na areia da praia. Poemas que as ondas do mar apagavam. Brasil que tem nome de árvore, o famoso Pau Brasil.

Pouco mais vou ver o Brasil jogando. E Alaurinda acaba de me dar uma camisa verde-amarela para aumentar meu entusiasmo brasileiro. Viva o futebol, o futebol da grama e da vida!

Q ue pergunta! Mas é perguntando que a gente se entende, como diz o ditado. Tenho encontrado muita gente feliz, mesmo sem dinheiro, mesmo se...

Que pergunta! Mas é perguntando que a gente se entende, como diz o ditado. Tenho encontrado muita gente feliz, mesmo sem dinheiro, mesmo sem saúde. E também ocorre o inverso. Dir-se-ia que a felicidade é um estado d'alma. Quem, por exemplo, está em paz consigo mesmo, é feliz.

Afinal, feliz é quem se julga. Diz uma história que havia um homem feliz que não tinha nem uma camisa para se vestir. Será?...

As três grandes tentações do ser humano são: dinheiro, poder e sexo. Mas acontece que há pessoas que possuem tudo isso e muitas vezes se sentem angustiadas, mal-humoradas, neurastênicas.

Mas, vamos adiante. Eu vi, outro dia, um rapaz sem mãos, em pleno trânsito, e sorrindo. Meu filho Germano também o viu e, com muita pena, chegou a lhe dar uma nota de cinquenta reais. Aí foi que ele sorriu, agradecendo. Agradecendo com os braços mirrados.

Quem é feliz não se lamenta, não se orgulha, não tem inveja, não se deprime, está sempre de bom humor. É isto, está sempre de bom humor.

Tenho visto muita gente que se diz feliz, sem ser, isto é, sem ter o que muita gente deseja ter.

É infeliz quem se deprime, quem não sabe sorrir, quem não se relaciona com os outros, quem não sabe por que está no mundo, quem não tem uma religião saudável, quem pensa que a vida termina no túmulo, quem fala em inferno eterno e imagina um Deus tirano e não um Deus pai, como Jesus assim chamava.

Não é feliz quem se frustra, quem não segue sua vocação. Um milionário talvez seja mais infeliz do que aquele pedreiro, a cantar lá no alto da construção, construção que não vai servir para ele, mas que assim mesmo canta. Quem canta não pode ser infeliz.

Um renomado psiquiatra colocou no seu famoso escritório o seguinte aviso: “Coisas que fazem o homem feliz: um bom sono, uma boa notícia e uma religião saudável”.

E fiquemos por aqui com a pergunta inicial: “Você é feliz?”

A gora é dizer, quem tem ouvidos, que ouça! Que seriamos de nós sem eles? Que o pintor seja surdo, o mesmo diríamos do arquiteto, do engenhe...

Agora é dizer, quem tem ouvidos, que ouça! Que seriamos de nós sem eles? Que o pintor seja surdo, o mesmo diríamos do arquiteto, do engenheiro, do escritor. E por falar em arquiteto, o nosso grande engenheiro-arquiteto Clodoaldo Gouveia, meu sogro, que não cheguei a conhecer, construiu belas obras, aqui na nossa Capital, inclusive o prédio do Liceu Paraibano. Dir-se-ia que via muito, porém, ouvia pouco. Ele foi um excelente auxiliar do presidente João Pessoa, que o admirava e estimava.

Voltando aos ouvidos, ao chamado pavilhão auricular, que seria de nós sem eles? Assim como há uma ética no falar, há também no ouvir. E, aqui para nós, há pessoas que gostam mais de falar do que de ouvir. São os chamados tagarelas, ou melhor, que falam pelos cotovelos. Dizem que a mulher do filósofo Sócrates, Xantipa, falava demais. Certa vez, exasperou-se diante do silêncio do marido, por conta de uma queixa, e jogou sobre ele um vaso d'água. O filósofo sorriu, enxugou-se e disse: “depois da trovoada vem a tempestade. ”

Aina bem que eu sou bom de escutar. E quando sinto embaraço no ouvir, corro logo para meus amigos otorrinolaringologistas, desde o Carneiro Arnaud aos doutores Hugo Guimarães, pai e filho, a quem devo, vez por outra, a revisão dos meus ouvidos. Que alívio bom vem depois de uma boa limpeza...

Deve ser uma tragédia não poder escutar a vida. Não poder ouvir, de madrugada, o canto dos bem-te-vis, o chiado da chuva, o rumor das ondas do mar, uma boa música. Aí sinto uma profunda tristeza em saber que o maior músico do mundo, o nosso grande Beethoven, perdeu a audição. Músico surdo é a mesma coisa de pintor cego. Narram que o gênio de Bonn não chegou a ouvir a sua última sinfonia, a Nona, a sinfonia que exaltou a alegria...

Bem-aventurados os que pensam, que vêem, que andam, que ouvem, que falam. Tem gente que possui tudo isso e ainda se julga infeliz... Quando eu estava tateando no jornalismo, aqui n'A União, pedi ao meu mestre Silvino Lopes um título para a minha secção diária. Ele não pensou duas vezes, foi logo sugerindo: ”Ver, ouvir e falar”. Que título, hein?

Jesus iniciou sua pregação com o chamado Sermão da Montanha, em que ele começa a dizer quem eram os bem-aventurados, os felizes. E eu completo o discurso, dizendo: felizes os que puderam ouvir tão belo sermão. Sermão tão belo que Gandhi chegou a dizer: se toda a literatura do mundo fosse destruída, mas restasse o Sermão da Montanha, nada estaria perdido...

Muito cuidado, portanto, com a boca, pois dela é que sai a palavra que fere, que destrói. Lembremos o que Jesus advertiu: “Que o seu falar seja, sim sim, não não.” Emmanuel, por sua vez, elucida: “Não comentes o mal, senão para exaltar o bem”.

Nessa série de crônicas, todas elas inspiradas no nosso corpo, só está faltando uma digressãozinha sobre a nossa armadura óssea. Que seria de nós sem ela...? O esqueleto é o único que fica quando todos os outros órgãos morrem. Dir-se-ia que a carne morre e o osso fica. Ah, aquele sorriso da caveira!...

C omecemos pelo que disse Pascal: “o coração tem razões que a própria razão desconhece. ”Que grande elogio a esse órgão, que eu só não beijo...

Comecemos pelo que disse Pascal: “o coração tem razões que a própria razão desconhece. ”Que grande elogio a esse órgão, que eu só não beijo por que é impossível. A verdade é que o coração é o órgão do sentimento e da razão. Mas para os anatomistas ele não passa de um músculo. Que prosaísmo! Um músculo que trabalha dia e noite, levando o sangue para todo o organismo.

Nunca durmo sobre o coração. Sabe por que? Por que aquelas batidas me dão medo. Medo que o coração pare. E, certa vez, ele saiu do ritmo provocando grandes palpitações. Sabe o que era? O fumo. Se eu não tivesse deixado o fedorento vício, já teria morrido.

Lembremos de que o coração é o órgão do amor, das emoções. Inspirou muitas modinhas populares cantadas por um Carlos Galhardos ou um Orlando Silva.

O coração é minha paixão. E ele adora exercícios físicos. Atendo-lhe com o maior gosto. Dizem que Napoleão caminhava pelo deserto com os seus soldados e sábios, quando, diante do céu estrelado: gritou para um famoso astrônomo: “Deus existe”? O sábio respondeu: “Ainda estou estudando esta hipótese”. Aí Napoleão perguntou-lhe: “Se Deus não existe, quem fez estas estrelas?” O sábio calou-se. Acontece que Napoleão se esqueceu do corpo humano, uma das maravilhas criadas por Deus.

Lembrar que o nosso país, cognominado como o Coração do Mundo, pátria do Evangelho, geograficamente, tem a forma de um coração.

Eu tenho uma grande admiração aos cardiologistas. Na próxima existência, talvez opte por essa profissão. Agora, uma coisa estranha, que, vez por outra, acontece comigo: sinto o coração coçar. Chego a massagear o peito. E nada. Informei tal fato a alguns cardiologistas e eles sorriram, inclusive o Dr. Fernando Lianza Dias, filho do grande cardiologista Antônio Dias, que tive a honra de conhecer, uma simpatia de pessoa: educado, discreto e sincero. Outro dia ele foi homenageado pela Sociedade de Medicina, com muita justiça. Lamentei não ter podido ir.

Mas esqueçamos as coceiras cardiológicas e prossigamos na crônica. Lembremos que Jesus, certa vez, aconselhou: “não se turbe o vosso coração.” Nada, portanto, de pessimismo, tristeza, desânimo.

E que tal estas palavras do lúcido Emmanuel na psicografia de Chico Xavier: “O coração puro é garantia para uma consciência limpa e reta e quem dispõe da consciência limpa e reta vence todas as perturbações e toda treva, por trazer em si mesmo a luz irradiante para o caminho. ”

Se eu pudesse, todos os dias eu beijaria meu coração. Não é apenas uma bomba, levando o sangue para todo o nosso corpo. Ah, que medo eu tenho dos enfartes...

É bom, vez por outra, verificar a pressão. Coisa que faço sempre. Graças a Deus tenho pressão de menino. Mas, agora, com a
Copa do Mundo, imagino como os corações brasileiros vão sofrer.

Encerremos a crônica com estas palavras de Antoine de Saint-Exupery: “Eis meu segredo – disse a raposa - só se vê com clareza com o coração.

J á escrevi sobre os pés, as mãos, os olhos, a mente, mas agora falemos sobre o Cosmo Orgânico, tão fantástico e deslumbrante como aquele qu...

Já escrevi sobre os pés, as mãos, os olhos, a mente, mas agora falemos sobre o Cosmo Orgânico, tão fantástico e deslumbrante como aquele que extasiava Pascal. O cosmo dos astros, que só em olhá-los nos provoca uma espécie de catarse.

Lembrar que temos dentro de nós um cosmo tão magnífico como aquele que atraía o olhar e a atenção de Pascal. Um cosmo que não que está fora de nós. Um cosmo que eu chamaria de cosmo orgânico, isto é, o nosso corpo, esta maravilha das maravilhas que Deus nos deu. E eu estou lendo, aqui, que o nosso corpo tem centenas de trilhões de vidas microscópicas – as células. Milhares de quilômetros de artérias, veias e vasos, que dariam para contornar duas vezes toda a superfície da Terra.

O extraordinário Francisco de Assis chamava o nosso corpo de jumentinho, e o não menos extraordinário Chico Xavier dizia que o seu corpo era seu maior amigo. Levava-o para onde desejasse. E lembrar que o corpo do maior médium do mundo era frágil e doente. Não esqueçamos que o nosso corpo é a morada temporária do nosso espírito. Sem ele, que seria de nossa vida?

O famoso médium Divaldo Franco escreveu que “um corpo, mesmo limitado, enfermiço ou anormal é o maior tesouro que Deus oferece a um espírito devedor.”

E surge a indagação: como é que estamos cuidando desta maravilha que Deus nos deu? Que respondam os alcoólatras, os comilões, os usuários de drogas, os sedentários, os fumantes.

O nosso cosmo orgânico está necessitando de cuidados permanentes. E saber que há sujeito que cuida melhor do carro do que do corpo. Não deixa a poeira e a lama sujarem o motor do veículo, mas ingere cachaça no organismo.

O homem deveria conhecer o seu corpo tanto quanto os anatomistas. Outrora, como era difícil estudar esse nosso veículo de carne e osso! O genial Leonardo Da Vinci teve de roubar cadáveres no cemitério para estudar a anatomia do nosso corpo.

Cuide-se do espírito, mas não esquecemos a casa onde ele mora. Toda vez que eu volto do cooper sinto o sangue fervilhando nas veias, o coração pulando de alegria, desejando também correr. Lembremos que Jesus, nas suas muitas caminhadas, também fazia cooper. E o fazia com suas alpercatas. Só deixou de andar quando, somente uma vez, montou num burrico, que pediu emprestado.

E muita gente por aí, sedentária, anda carregando um corpo disforme. Há pessoas que já não enxergam mais os pés devido ao volumoso ventre.

Como disse, Pascal se abismava ao contemplar o céu estrelado, mas ignorava ainda que trazia consigo um cosmo.


E sabem qual o transporte que o nosso corpo utiliza para levar alimentos às famintas células? Ora, ora o sangue. Se o corpo é uma cidade, o sangue são seus rios.

Vamos, portanto, cuidar bem desta cidade. Nada de poluição. Um certo escritor disse que o estômago, os pulmões, o coração, a todo momento, estão rogando por uma boa alimentação, ar puro e exercícios físicos.

Abrace uma causa social e você certamente terá um motivo para se sentir mais humano e mais participativo nesse mundo tão complicado. Outro...

audrey hepburn


Abrace uma causa social e você certamente terá um motivo para se sentir mais humano e mais participativo nesse mundo tão complicado. Outro dia, vi uma relação com as mais belas atrizes de Hollywood e observei que algumas das eleitas tinham ido muito além da beleza, deixando sua marca não somente pela aparência, mas também por suas ações em favor de questões nobres, humunitárias ou ecológicas.

S ó se vê gente alegre na rua. Gente sorrindo, fazendo as coisas correndo como se o mundo fosse acabar amanhã. E todo esse alvoroço por caus...

Só se vê gente alegre na rua. Gente sorrindo, fazendo as coisas correndo como se o mundo fosse acabar amanhã. E todo esse alvoroço por causa da Copa, que está mexendo com a cuca de muita gente. E essa ansiedade ainda vai aumentar quando for na hora do jogo. Coração batendo, mãos geladas, boca pronta para gritar o gol, que é tão gostoso como um orgasmo. Assim, como Arquimedes saiu correndo nu pela rua quando descobriu a lei da hidrostática, o torcedor é capaz de fazer o mesmo quando a bola entrar na rede...

Não censuro essa exaltação futebolística. Já fui tão fanático que na hora do jogo com o Brasil eu ficava tremendo que nem vara verde. Houve uma final da Copa que eu não aguentei assistir toda. Fui esconder minha emoção na praia. E fiquei esperando ouvir um foguetão anunciando um gol do Brasil.

Hoje a coisa mudou. Se eu for para a TV, será sem aquele entusiasmo de outrora. E talvez nem vá... Mas, se Deus é brasileiro como se diz, que o nosso país seja campeão. Mil vezes a gritaria, a exaltação, o culto da chuteira do que a guerra, que os Estados Unidos e a Rússia estão cogitando. Esses provocadores de guerra é que merecem o nosso repúdio.

Copa sim, guerra não. O povo brasileiro não cabe em si de contente. As bandeirinhas do país mais pacífico do mundo já estão tremulando nos carros. O país que deu berço ao maior médium do planeta, o nosso Chico Xavier, que morreu, justamente, quando o povo delirava com a vitória da “Pátria do Evangelho”, como dizem os espíritas. O Brasil de Chico Xavier.

E amanhã, terça-feira, é dia do meu aniversário. Um aniversário sem bolo, sem a modinha do “parabéns pra você”, quando se deseja para o aniversariante muitos anos de vida, uma prova de que todo mundo deseja a velhice, que é sinônimo de sabedoria. Sabedoria pra ver o povo contente, virando menino, ansiando pelo gol. O povo sem guerra, pacífico por natureza. Um povo sem Napoleão, sem Hitler, sem Stalin.

Sonhar com a bola na rede, com a Copa do Mundo, é melhor do que com a bomba atômica dos países fazedores de guerra. Vá ver que até as criancinhas, lá no Hospital do Câncer, estarão sorrindo e torcendo pelo Brasil... O povo é assim mesmo.

A belardinho muito contente com a publicação de seu recém-lançado livro, que tem título sugestivo. Lembrar que janela é símbolo de comunicaç...

Abelardinho muito contente com a publicação de seu recém-lançado livro, que tem título sugestivo. Lembrar que janela é símbolo de comunicação. O mestre José Américo já dizia que ir à janela é ir à ua sem sair de casa. Outrora, as janelas eram tudo de uma residência. Ah, as conversas pelas janelas... E haja conversa.

O nosso Abelardinho, doutor em um diferenciado colunismo social, que aprendeu com o seu mestre Heitor Falcão, é um homem em lua de mel com a vida. Teve um pai, o ministro Abelardo Jurema, com quem aprendeu muita coisa na vida, menos odiar. E eu fui aluno dele, de Literatura Brasileira, lá no Liceu Paraibano. Você precisava ver que elegância, no traje, no comportamento, no bom humor.

Este quinto livro que Abelardo publica é um documentário excelente da nossa vida social, de que o autor conhece a fundo. Uma janela escancarada do nosso cotidiano muito humano. Nele, o colunista-cronista rememora diversos personagens ilustres e não esquece o barbeiro Tião, cuja tesoura cortou o cabelo de muitos governadores, inclusive os de José Américo de Almeida, que não me deixe mentir a escritora Lourdinha Luna.

Abelardo alude ao exílio do pai no Peru, um dos momentos dramáticos de sua vida política. Mas o exilado não perdeu a dignidade, chegando a dizer: “É nos momentos difíceis que o homem cresce e amadurece”. A Paraíba deve muito ao ex-ministro Abelardo Jurema, pois foi de sua mão que saiu a federalização de nossa universidade.

Estou aqui com “Na Janela da Cidade”, o livro que virou realmente janela. Uma beleza de impressão gráfica. Como já disse, um livro que dá vontade de beijá-lo, e valorizado com o prefácio do acadêmico Damião Ramos Cavalcante, posfácio do arquiteto e cronista Germano Romero e “orelha” do jornalista Kubitschek Pinheiro.

Abelardo pai já se imortalizou nas Letras. Por que o filho também não se imortaliza, unindo-se ao pai, cada vez mais, merecidamente?

Digo com toda a sinceridade. Este “Na janela da cidade” tem a cara da cidade. Não a cidade do Rio de Janeiro, onde o autor nasceu, mas a da Capital das Acácias, onde o sol nasce primeiro!

C hegou a vez de falar sobre a mente. Deixemos as mãos, os pés, os olhos e falemos da mente, que fica lá no alto do cérebro e onde moram nos...

Chegou a vez de falar sobre a mente. Deixemos as mãos, os pés, os olhos e falemos da mente, que fica lá no alto do cérebro e onde moram nossos pensamentos.

A mente é a grande realidade da vida. A mente não mente. E sua importância foi ressaltada pelos antigos, que já diziam: ”mente sã, corpo são”. Repito: lá é onde moram nossos pensamentos. E não esqueçamos que somos o que pensamos. Tão importante é o pensamento, que o filósofo Descartes, pai da filosofia moderna, ganhou fama com a famosa sentença: ”Penso, logo existo”.

Mas para chegar a essa assertiva, o famoso pensador não fez outra coisa na vida, a não ser pensar. Nunca viu as manhãs, porquanto dormia até meio dia. E acordava para pensar, que o pensamento para ele era tão importante como o oxigênio. Descartes, portanto, morava na mente.

Como disse, somos os nossos pensamentos, que se transformam em atos. Está ai a necessidade de nossa constante vigilância, a necessidade de estar atento. Jesus nos deu uma grande receita: ”orai e vigiai para não entrardes em tentação”. A tentação é um perigo. E há tantas tentações: a do sexo, a do poder, a do dinheiro, a da vaidade, a da gula, dos vícios. Na oração do Pai Nosso, Jesus não esqueceu o “não nos deixeis cair em tentação. ”

Disse o apóstolo Tiago que há tentação quando há concupiscência. E o que é concupiscência? Responde o dicionário: ”apetite sensual, inclinação para a lascívia”. Concluindo: tendência. Por conseguinte, se não existisse a concupiscência, não haveria a tentação. Tiago tem razão.

Voltemos à mente, que fica lá no alto do nosso corpo, este maravilhoso cosmo orgânico. Deus sabe o que faz. Estejamos, portanto, vigilantes com a mente. O ditado popular já disse que se cochilarmos o cachimbo cai.

E quem também ressaltou a importância de nossa mente foi Emmanuel, mentor do médium Chico Xavier, no livro “Pensamento e vida”. Livro de uma profundidade impressionante. E fico pensando como é que o médium, de instrução primária, conseguiu escrever aquilo?

Veja só o que disse o autor espiritual do citado livro: “A mente é o espelho da vida em toda parte. O campo da consciência desperta. ” Mais adiante, completa: “Respiramos no mundo das imagens que projetamos e recebemos.”

O pensamento é tudo. Daí lecionar Emmanuel que “o pensamento sombrio adoece o corpo são e agrava os males do corpo enfermo. ”Mas muita gente pensa que pensa. Ah, como eu gostaria que Descartes tivesse conhecido Emmanuel...

Acontece que muita gente deseja não pensar, não refletir, que nem um animal. E haja álcool na cachola. E haja distração, e haja alienação.

“Penso, logo existo”, disse Descartes. Penso, logo sou responsável, diz o cronista. No próximo texto, escreveremos sobre o corpo, este maravilhoso santuário tão desrespeitado pela insânia de muitos.