Era pedra e asfalto o traçado de balé... Era de vegetação seca e retrovisor molhado o horizonte à frente e o espaço que se distanciava. Era a música que se perdia com os desníveis da Terra. Assim como era ouro o manto que se soltava ao se afastar rumo ao leste, trocando de roupa pelo negro noturno que avançava, encobrindo o que já fora dia. E era festa por todos os lados, era silêncio também em seus intervalos.
Antônio David Diniz
E pontos em deslocamentos céleres em direção contrária. Ou seguindo o mesmo rumo em alterada velocidade, ganhando as curvas, os aclives e os desníveis. Giros do mundo trazem novos destinos. E seguem-se inéditos ou velhos caminhos, tateando o percurso mais cômodo projetado pelo GPS.
Era a pincelada laranja do fim de tarde, o ouro a explodir no cume de uma serra. Era, antes, a chuva incessante da teimosia das nuvens agrupadas em projéteis verticais, num mergulho rumo ao solo. Era uma paz companheira do avanço pela pedra e pelo asfalto. Era a maciez do volante a comandar instintivamente pelos vazios entre as cidades.
Antônio David Diniz
Era a onipresente igrejinha. Eram homenagens a tantos santos, era a oração de muitos pecados. Era o querer chegar, o desejar partir, o buscar conhecer, o entender sonhar. Era o parar para contemplar, o acelerar para entender, o embalar para seguir. E asfalto, pedra, seres assentados, estrada de barro em nuvem de poeira navegável.
E nomes espalhados. Muitos indígenas, diversas histórias. E a fé que persegue o homem nas suas embrenhadas rotas do passado. A busca pelo muito que o levava a tanto pouco, ou mesmo à aniquilação. Era o pouso, o rio, a ponte e a falta de água... Era o voo da ave, a carcaça num canto, a sombra rara...
Cariri Paraibano Antônio David Diniz
Era pedra e asfalto, era mais que belo quadro. É um tal de Paraíba amar, é vida, é do Litoral ao Sertão, incluindo todos os seus espaços.