A chuva da última sexta só fez aumentar a minha dívida com a amplidão acolhedora de Campina Grande.
Naquela cidade me fiz; de lá saí para o que tinha de ser. Um pequeno caboclo de sítio, tirado de um socavão de desfiladeiros e matas fechadas que estreitavam a terra e o céu, o horizonte, a pequena porção de terra de um pai que não sabia ler, que assinava em cruz, no entanto consorciado com minha mãe, uma ex-beatinha da Casa de Caridade do padre Ibiapina, que a tudo via com energia e com os olhos feitos no Evangelho.
Casa de Caridade Padre Ibiapina (Campina Grande-PB) Deptº Imprensa Nacional
Imaginem os jovens senhores deste século sem limites de tempo ou de espaço. Tempo e espaço nos quais, onde estivermos, aí está o mundo inteiro, desde que não nos falte o celular, o bem de consumo mais integralmente distribuído nesses nossos quinhentos anos de civilização e progresso.
GD'Art
Numa página de Notas do meu Lugar, a propósito de discurso de vanglória pela água que se botava em Campina, escrevi, faz meio século:
“Campina Grande não se formou nem cresceu de nenhum alvará da Corte. Cresceu de si mesma, por sua própria conta ou pelo que a Paraíba lhe deve. (...) Praça internacional do algodão, praça nacional de couro, de minérios, praça regional do varejo e do atacado. A rua Presidente João Pessoa, um acostamento nacional, um congresso múltiplo e vário de placas, siglas próximas e longínquas.”
Gonzaga Rodrigues
Tive a intenção de entrar no Rebate, jornal do professor Luiz Gil, mas lá não havia folha de pessoal. Sem queda para o comércio, migrei para João Pessoa, em 1951, atrás da vaga que o Rebate não podia oferecer. Lá circulavam quatro jornais: A União, do governo; A Imprensa, dos padres, tendo padre Odilon como diretor; O Norte, da campanha de Zé Américo; e A Tribuna, de Epitacinho.
Graças a essa opção de vida e de trabalho, meus vínculos com Campina se tornaram ainda mais fortes e mais se ampliaram ao sabor do tempo e de duas gerações: a de Epitácio Soares, João Viana, Antônio Mangabeira, Raimundo Gadelha, Nilo Tavares, João Nogueira de Arruda
Rua Floriano Peixoto (Campina Grande)
@cgretalhos
@cgretalhos
Mesmo sem poder ir abraçar os amigos de Campina, impossibilitado pela chuva da última sexta, não posso deixar de expressar minha gratidão às almas generosas que, mesmo quando nada mais lhes posso oferecer, se contentam com a pobreza do meu afeto.
Obrigado, presidente Thélio Queiroz Farias, chanceler Dalton Gadelha, amigos José Mário da Silva Branco, Chico Pereira, Vladimir Neiva!