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De um mero costume, se tornou uma tradição. Mané Juvino juntava seus netos nas tardes de sábado para uma verdadeira contação de histór...

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De um mero costume, se tornou uma tradição. Mané Juvino juntava seus netos nas tardes de sábado para uma verdadeira contação de histórias. Antes disso, além de almoçar, ele se estirava na rede e dava um bom cochilo. Era tempo em que seus cinco filhos iam deixando os netinhos em sua casa e saiam para resolver outros assuntos até o fim da tarde, quando a farra do avô com a gurizada findava.

Com aquela voz e respiração relaxada de quem se deleitava em um balanço de rede, meu amigo José Edmilson fala ao telefone: ⏤ &q...

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Com aquela voz e respiração relaxada de quem se deleitava em um balanço de rede, meu amigo José Edmilson fala ao telefone:

⏤ "Hummm, Thomas, sábado vamos ter um encontro em Campina (detalhe que ele curte suas férias em Cabedelo-PB); vamos receber Gonzaga que vai com seu filho Paulinho, Hildeberto, Irani Medeiros, Antônio David, que fará umas boas fotografias... É que ele (Gonzaga) quer dar um passeio na Praça da Bandeira relembrando dos tempos de Pio XI,

Ela acende o cigarro, vai até a velha radiola de ficha, hoje adaptada para uma cédula de dois reais. Nela, luzes parecem sair de todos ...

Ela acende o cigarro, vai até a velha radiola de ficha, hoje adaptada para uma cédula de dois reais. Nela, luzes parecem sair de todos os lados, seus diversos tons reluziam ao mesmo tempo em que palpitam com o ritmo de cada música tocada. No painel, a espera pelo dinheiro para destravar a escolha, exibia fotos das capas dos discos disponíveis em um menu demonstração. Mas para Rejane, só uma música tinha o significado de abrir os umbrais do fim de semana, o cair de tarde da sexta-feira, momento de libertação do espírito, depois de uma semana dura e sofrida sob todos os aspectos.

Há quase onze anos recebi a informação de um grande amigo que havia uma igreja muito antiga em estado de ruína, bem escondida em meio a...

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Há quase onze anos recebi a informação de um grande amigo que havia uma igreja muito antiga em estado de ruína, bem escondida em meio a mata na região fronteiriça entre o município de Lucena e terras de Rio Tinto, no litoral norte da Parahyba, distante 135km de Campina Grande. De pronto vasculhei os limites municipais através do sistema de satélite proporcionado pelo Google Earth e encontrei a imagem do que parecia ser uma ruína sem telhado com uma das partes tomada pela copa de uma árvore. Seria aquela construção a tal igreja dita pelo meu saudoso amigo Jean Dantas?

Era tarde de uma quarta-feira. No calendário, quase todos os dias estavam riscados, o próximo a ser vítima da caneta preta seria o 21 d...

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Era tarde de uma quarta-feira. No calendário, quase todos os dias estavam riscados, o próximo a ser vítima da caneta preta seria o 21 de março. Uma programação de rotina era necessária ser executada em um disjuntor para que a subestação Xingú continuasse escoando energia da usina de Belo Monte – no Pará – para uma grande porção do Brasil. Algo deu errado! De repente, um efeito em cadeia deixou cerca de 70 milhões de pessoas sem luz em 14 estados das regiões Norte e Nordeste.

Para Suênia Bandeira “Olha p’ro céu meu amor, vê como ele está lindo...”, me arrepio todo. Começou a tocar o clássico de Luiz Gonz...

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Para Suênia Bandeira

“Olha p’ro céu meu amor, vê como ele está lindo...”, me arrepio todo. Começou a tocar o clássico de Luiz Gonzaga , a máxima expressão de nosso forró e festa de São João. Vejo o carro de som, uma Kombi montada com vários fones em cima e luzes fluorescentes davam o destaque, iluminando o final do arraial que também era alumiado com uma gambiarra de bicos de luz amarelas e o céu enfeitado de bandeirolas, um colorido que emocionava. Cada passo dado, o arrepio se acentuava. O medo de errar a coreografia e a ansiedade de ver a família causava um friozão na barriga. Para um garoto de 13 ou 14 anos, esse espetáculo é marcante. Naquele instante vamos entrar no arraial e exibir o que foi ensaiado desde finalzinho de março.

Caminhando pelas ruas do bairro de Bodocongó, como a acostumar o olhar depois de passar tanto tempo privado desses passeios, avisto de lon...

Caminhando pelas ruas do bairro de Bodocongó, como a acostumar o olhar depois de passar tanto tempo privado desses passeios, avisto de longe uma tenda com listras em azul e amarelo montada n’um terreno baldio nos limites da Ramada com o Conjunto Severino Cabral. A pandemia me fez um chorão! Tenho me emocionado com tudo e qualquer coisa. Não contendo a emoção, vi aquele monumento grandioso com os olhos da infância, era um dos circos que insistem em perambular pelos lugares, portando aquela alegria genuína, ensinando o mundo que não podemos viver sem sorrir.

O mês de dezembro é o mais esperado para muitas pessoas e nos dizeres do folclorista Câmara Cascudo o Natal é a maior festa popular do Bra...

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O mês de dezembro é o mais esperado para muitas pessoas e nos dizeres do folclorista Câmara Cascudo o Natal é a maior festa popular do Brasil. É a ‘Noite de Festa’. As festividades em homenagem ao nascimento de Jesus Cristo dão um tom todo especial e marcam o fim de ano. Em Campina Grande o Natal é festejado desde tempos imemoriais. A influência católica na colonização traz consigo o calendário religioso e este é seguido com afinco. Assim, de tradição familiar, a missa do galo e a ceia são bem representativos. Sob as bênçãos de Nossa Senhora da Conceição, Campina tem seus festejos iniciados na comemoração de sua padroeira exatamente no início de dezembro, transformando todo o mês em um período especial.

Era bem cedo e eu já estava ali agarrado com o folclore do Câmara Cascudo, apreciando cada página, quando lembrei que não tinha lido o jor...

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Era bem cedo e eu já estava ali agarrado com o folclore do Câmara Cascudo, apreciando cada página, quando lembrei que não tinha lido o jornal de ontem. Não por qualquer lapso, mas uma série de obrigações me impediu o habitué. Não me fiz de rogado e fui salvar o periódico da asfixia de um saco translúcido fechado por um nó muito bem dado.

“Se Deus quiser, ano que vem o São João vai ser o melhor de todos os tempos!”. Esse foi um dos desejos que notei – em tom de prece – na ag...

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“Se Deus quiser, ano que vem o São João vai ser o melhor de todos os tempos!”. Esse foi um dos desejos que notei – em tom de prece – na agenda no dia primeiro de junho de 2020. Esperava já estar livre desse mal que tem arrasado o mundo inteiro, mas não, ainda não. Fincar o pé em mais um mês de junho assim é estranho, triste demais. Guardo no peito a importância que esse mês possui, desejoso que a normalidade um dia chegue.

Para um amigo sertanejo Eu morava com meus pais e mais doze irmãos. Te digo que a vida hoje é mole demais, mas naqueles tempos, o sofr...

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Para um amigo sertanejo

Eu morava com meus pais e mais doze irmãos. Te digo que a vida hoje é mole demais, mas naqueles tempos, o sofrimento era tão grande que as vezes dava dó até de viver. Morava num sítio chamado Massapê, mas não sei o porquê, já que tudo ali era seco e esturricado. Talvez o nome fosse por conta de uma glebazinha de terra em que a curva do rio banhava, lá nos fundos da propriedade. Ali sim, bom torrão que Pai plantava até arroz vermelho.

O pescador tem dois amor, um bem na terra, um bem no mar Dorival Caymmi Acordava todo dia bem cedinho, ainda escuro. Acendia a len...

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O pescador tem dois amor, um bem na terra, um bem no mar
Dorival Caymmi

Acordava todo dia bem cedinho, ainda escuro. Acendia a lenha do fogão e logo ia fazer o café. Dos dois candeeiros acesos, um deles pendurava n’um punho de rede defronte ao quarto, o claro da chama azeitada e o cheiro de café fervendo eram os chamados de bom dia a seu marido; hora de levantar. Arrastando uma chinela, ainda a calçar, vestia uma surrada camisa de botão que um dia já foi xadrez, hoje é da mesma cor dos farrapos da bermuda; o sol e o sal a queimaram. Sai do quarto, o chacoalhar da cortina feita inteirinha de conchas é o sinal; ele levantara.

Não fui criado em sítio, embora desde tenra idade tenha convivido na casa de parentes na zona rural, sobretudo n’um território ancestral e...

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Não fui criado em sítio, embora desde tenra idade tenha convivido na casa de parentes na zona rural, sobretudo n’um território ancestral entre Puxinanã, Pocinhos e Campina Grande, região entre as serras do Maracajá e do Engenho, a velha Mumbuca que meus tios estufavam o peito celebrando o néctar de nossas raízes. Com essa vivência do mundo rural e a oportunidade de, já formado, pesquisar por anos subindo e descendo serra, seguindo o leito seco de rios antigos e desbravando caatingas, brejos e carrascais, “no meio do mato” como costumamos dizer, me afeiçoei aos costumes, ao modo de viver, o que consequentemente aguçou a sensibilidade matuta e a intimidade com a natureza. Daí, mesmo na cidade, além de cultivar um pequeno jardim caririzeiro baseado em cactáceas, admiro todo pedacinho verde que me cerca e observo.

Em minha memória afetiva há algumas Cecílias. Desde uma amiguinha muito bacana dos tempos de escola a uma galinha marrom (vermelha!) que g...

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Em minha memória afetiva há algumas Cecílias. Desde uma amiguinha muito bacana dos tempos de escola a uma galinha marrom (vermelha!) que ganhamos e por semanas nos dadivou com seus ovos diários até virar cozido. Mas Vó, como pode? E Cecília — nome dado por minha irmã — saiu da vida e entrou para história. No entanto, a Cecília de hoje veio de um prazeroso encontro na Livraria do Luiz.

Na antiga Vila de Batalhão, um cavaleiro andante iniciou uma viagem sem volta. Ancorado em seus oitenta e oito anos intensamente vividos, ...

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Na antiga Vila de Batalhão, um cavaleiro andante iniciou uma viagem sem volta. Ancorado em seus oitenta e oito anos intensamente vividos, foi um baluarte da cultura, um semeador das coisas e das criaturas, uma genial mente pulsante que transcendia o mundo natural e o tempo. Um construtor de sonhos, um visionário dos saberes, dos fazeres. Um topógrafo das artes que sabia reconhecer e valorizar a riqueza das coisas mais simples na cartografia de nossos traços culturais, transformando-os em pedra de toque na criação de casas de memória, verdadeiros palcos sublimes eternizando nossas raízes.

Em 2018, meu amigo cronista Luiz Augusto Paiva da Mata teve um encontro inusitado que mudou sua vida. Viajando a noite por terras brejeiras...

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Em 2018, meu amigo cronista Luiz Augusto Paiva da Mata teve um encontro inusitado que mudou sua vida. Viajando a noite por terras brejeiras, topou com um saci, na verdade, dois, um casal, conforme nos relatou no jornal A União em pelo menos sete crônicas, discernindo com competência as muitas características. Mas quem teria coragem em acreditar no relato desse escritor sobre essa livusia que perfaz nosso folclore?

Parado em uma das janelas do Grande Hotel, um caixeiro viajante observa o movimento da cidade em um dia de feira. Ele começa a escrever su...

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Parado em uma das janelas do Grande Hotel, um caixeiro viajante observa o movimento da cidade em um dia de feira. Ele começa a escrever suas impressões para enviar a seu pai, que anseia conhecer aquela afamada praça comercial, mas nunca teve oportunidade. A reputação do lugar era de um eldorado, tanto para ricos comerciantes como para pobres e flagelados da seca.

No último dia 27, dia de Cosme e Damião, me agarrei em uma lembrança que me tomou nos braços para um passado tão belo e de tanta pureza que...

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No último dia 27, dia de Cosme e Damião, me agarrei em uma lembrança que me tomou nos braços para um passado tão belo e de tanta pureza que me fez emocionar. Vivi minha infância em uma mercearia em casa, ‘A Bodeguita’, criada por Papai em 1989. Queria ele deixar de lado certas picuinhas de trabalho e passar a ser patrão de si próprio. Com espírito empreendedor, resolveu arriscar. Mas dela falaremos em outra hora.

O oitão da casa no sítio Tambor está preparado. A poeira assentada. A gambiarra de luzes amarelas dá as cores à noite. A Charanga dos Batis...

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O oitão da casa no sítio Tambor está preparado. A poeira assentada. A gambiarra de luzes amarelas dá as cores à noite. A Charanga dos Batistas dá os toques. Tudo está nos conformes. Aqueles homens vestidos com camisa xadrez do mesmo tecido e chapéu, acompanhados de mulheres da família com vestidos em igual cor. O ritmo é o coco! Lá dentro, já tem galinha cheirando. O fogão de lenha de Tia Judite estala forte a lenha seca. Uma panela de barro com um porco bem gordo não poderia faltar, já que Judite, a anfitriã da festa, adora.

"Celso Furtado é um dos paraibanos mais notáveis do mundo e que mais se destacaram fora do país. Seria o que alguns europeus são para ...

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"Celso Furtado é um dos paraibanos mais notáveis do mundo e que mais se destacaram fora do país. Seria o que alguns europeus são para muitos de nós...”, esse foi o início de uma conversa na Livraria do Luiz, um bate papo liderado pelo grande cronista Gonzaga Rodrigues, que nos emprestava um pouco de sua sabedoria e experiência em mais um encontro sabático de quando podíamos nos encontrar.