Vida pandêmica Via sem vida o silêncio respira única tentativa na pandêmica loucura detidos na própria casa em horas cíclicas o hom...

Em outra forma, ... poesias


Vida pandêmica

Via sem vida
o silêncio respira
única tentativa
na pandêmica loucura
detidos na própria casa
em horas cíclicas
o homem já não reina
encolhe e murmura
e o inimigo espreita
invisível malícia
veneno da biologia
errante, na foice viaja
e a arma que resta
é a clausura forçada
a vista restrita
a espera agoniada



Da chuva 


...
Pela janela pingos soltam de para-quedas
pulam no precipício do metal cinza
abraçam e rolam pela biqueira
busca fria pelo beijo da quimera
e se o concreto é um engano que acoberta
manta sobre a amada que deita
eles hão de ter nova tentativa
último voo para ter a pele tocada,
caricia em forma de chuva
e a terra suspira, desejada



Fome no prato

...
Desfile pelo prato
raso ou fundo
um pouco de tudo
da boca, o gosto
da língua, o meio do beijo
do sal do corpo, alimento

o peito, o olho
coma a pele, mastigue o gozo
nutra a alma,
um último esforço



Em silêncio
E qual tortas letras devo juntar?
unir instantes, pura matemática
para girar a chave correta
em solução, as palavras

vejo desafio em tons, as escolhas
desesperos do peito que deságua
e vai na corrente que acorrenta a alma
e até o silêncio, foi-se a fala


Clóvis Roberto é jornalista e cronista

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