Seja como for, Nilvan Ferreira não será mais o mesmo. Agrega em seu currículo de aparência política até bem pouco obscura a metade (menos...

Nem de longe nem de perto

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Seja como for, Nilvan Ferreira não será mais o mesmo. Agrega em seu currículo de aparência política até bem pouco obscura a metade (menos uma fração) do eleitorado de uma das capitais mais politizadas do país. Sem o prisma ideológico de um Boulos, de uma Marília Arraes ou de Manuela d’Ávila, lideranças novas que o pleito confirmou, o radialista que se destacava apurando pleitos há d ser considerado em qualquer situação ou composição futura.

Não votei nele. Como não votei em Cícero. Achei-me no direito de aderir à abstenção. E me inclinava, não fosse a virulência da peste, a pingar meu reconhecimento a certas intervenções do prefeito que nos deixa: a restituição do Parque Sólon de Lucena ao passeio público e ao prestígio nacional de símbolo da cidade; o mesmo reconhecimento à requalificação da Praça da Independência; a complementação da Beira Rio que, sem calçada, era mais estrada que avenida, e, por último, o espaço aberto ao ciclista que, por lazer ou por alternativa de transporte, tem como desafogar do congestionamento das ruas principais.

A volta de Cícero, em que pesem os apoios e circunstâncias presentes, remete a memória a três displays colados na mente de quem vai ao Terceirão ou ao 4.400, de quem contorna o Rogger e não avista mais o Lixão e dos que recobraram o comércio varejista da Silva Jardim. Na gestão dele, tudo aquilo foi revascularizado, reanimando um comércio que nos anos 1950 começava a afundar na degradação. Todo aquele núcleo histórico entre a sede clássica dos Correios e a rua da República pagava o ônus de abrigar o baixo meretrício. Hoje, com a urbanização de Cícero, tornou-se um varejo de sapato alto.

Outros, centenas de milhares, puxaram a caçamba que o mantinha no gelo por mil outras razões. Fixei bem as mencionadas, como guardarei de Ricardo Coutinho a restauração do Espaço Cultural, por mais estradas e viadutos que haja construído.

Há lembranças assim, com seu tanto de pueris ou mesmo abstratas: Oliveira Lima, da era dos anos 50, não me sai da memória como o cultivador obstinado, e por toda a vida, do patrimônio verde da cidade. Político, homem de partido, não tinha adversários morais. A única troça que ouvi fazerem dele é que na sua gestão “era lima de um lado, e oliveira do outro”. Zé Octávio há de se lembrar disso. Na verdade eram cássias que terminaram suplantando a fama (jamais o espaço) das mangueiras, oitizeiros e jambeiros dos plantios remotos ou das gerações provindas da cidade mais rural do que urbana.

EM TEMPO - Hoje, 2 de dezembro, acorda no menino de 75 anos atrás sua primeira euforia com eleição. Deposto pelos generais que, oito anos antes, lhe deram mão firme no Estado Novo, Getúlio sai de Itu, na redemocratização, com mais de 1 milhão de votos para o Senado. Prestes deixa a prisão para se eleger senador, deputado e a bancada federal de 14 comunistas. Tudo vinha pelo rádio, a guerra, a paz, a queda do ditador, o nascimento do baião (Eu vou mostrar pra vocês / como se dança o baião”), numa tela sem limites, a da imaginação coletiva, limitada depois pelo grande avanço da tecnologia.

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