Redemoinhos de poeira puxam o ar quente no meio da estrada sertaneja, iguais aos mesmos giradouros aquáticos que criam abismos na água no meio da correnteza do rio. E ambos arrastam para o seu centro seres e os transformavam em semelhantes, afogados sem lanternas, dispostos no mesmo vazio. Rajada de vento na terra, braços secos sem a doce água em agitação. Impossível segurar em galhos ou sonhos o ar disperso nas temperaturas infernais ou no líquido a girar feito liquidificador.
E segue a melodia em notas áridas, poucas variações, solos e desconexos. Sem acordes os sonhos tempestivos seguem a tragar os seres que adormecem sem forças. Mergulhos mal calculados encontram correntes de ar ou correntezas em rios incertos, medidas mal medidas, impulsos que se afogam em imensos calores, saltos insanos na imensidão.
Redemoinhos do fogo na mata virgem matam. Desmantelam e assassinam a natureza, que sem água para salvá-la se afoga em chamas. Perdição incendiária que deixa rastro cinza de troncos, bichos, sonhos... É a terra retorcida em sumidouro de vidas.
E ainda é primavera. E todos aguardam para saber se verão mudanças, se há escapatória dos redemoinhos da vida.