O título que escolhemos para este texto é mais que intencional. Trata-se de uma frase de uma das mais belas músicas de Gilberto Gil: “...

Meu Deus é mais

deus crenca divindade
O título que escolhemos para este texto é mais que intencional. Trata-se de uma frase de uma das mais belas músicas de Gilberto Gil: “Esotérico” , aliás, divina na interpretação do Grupo Os Doces Bárbaros, formado pelo Próprio Gil, por Bethânia, Gal e Caetano.

Mas a intencionalidade do título se deu pelo fato de a frase, em seu contexto, não afirmar que o Deus do agente que se coloca seja mais ou maior que qualquer outro Deus, mas, sim, mais e maior que qualquer circunstância afeta à condição humana.
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Peter De Grebber
Então, a partir dessa perspectiva, reflitamos um pouco sobre a necessidade natural da vida humana de ter uma referência divina, uma força externa e acima do humano, que tenha o poder do auxílio e do conforto.

A propósito, é interessante notar como as mais diversas visões que as sociedades têm dos seus Deuses e dos mundos espirituais que habitam, como se organizam e se hierarquizam, refletem a própria organização e hierarquização dessas sociedades. Não é à toa que, na visão católica, apostólica, romana, o Céu é um Reino e Deus é um Monarca, sentado num trono.

A ciência estima que o ser humano surgiu no planeta há vinte milhões de anos. Como sabemos, suas primeiras habitações foram as cavernas, cujas paredes também serviram para os primeiros registros de suas atividades. Nelas, já se percebe a necessidade intrínseca à sua natureza, de cultuar uma divindade.

Ao longo de toda a história, e da história de todas as civilizações, a religião aparece como elemento fundamental, inclusive como instrumento de poder. Das mais complexas às mais simples e isoladas.

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Thomas Cole
O que se pode depreender disso é que a existência de um Deus, ou não, nem se discute, porque essa é uma "verdade" que se poderia ser chamada de antropológica, e está na essência da condição humana, justamente por sua consciência de finitude enquanto indivíduo. O que se discute, e ao longo da história já foi motivo das mais impensáveis atrocidades, é a imposição do "meu" Deus sobre o do outro.

Não preciso falar da cristianização, da força, dos nossos povos originários, nem das cruzadas ou da inquisição, para citar os exemplos mais estapafúrdios, porque são e estão recorrentes nos livros de história. Vale lembrar a infinidade de Deuses e Deusas que sustentaram as crises existencialistas de toda a humanidade nas suas mais diversas formas de sociedade.

A relação com Deus, portanto, deve ser de foro íntimo, e deve dar sentido aos valores morais que regulam nossas relações, não objeto de imposição como verdade absoluta sobre o outro, porque, de outra forma, a religião não passa de um vil instrumento de poder.

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