"Tresontonte", estava eu com a tesoura na mão podando meus pés de cidreira e manjericão quando me surgiu uma ideia. O p...

Sobre poda

planta acumulacao desapego poda

"Tresontonte", estava eu com a tesoura na mão podando meus pés de cidreira e manjericão quando me surgiu uma ideia.

O pé de cidreira se alastrava pela varanda, parecia até uma trepadeira. Eu precisava podar, mas estava com dó, afinal eu acompanhei toda trajetória do pequeno galho de cidreira que eu, num ato de contravenção,
planta acumulacao desapego poda
A. Lugão
catei do jardim público e o plantei num vaso aqui em casa. Era baixíssima a chance dele vingar, mas contrariando as probabilidades, o guerreiro brotou. Deu uma folhinha, deu outra, depois um galho e mais galhos até que começou a invadir o espaço alheio. Então chegou o inevitável dia da poda, mas sempre sofro um pouco nessas horas.

Os 5 pés de manjericão também entraram na tesoura porque estavam morrendo devido aos resilientes pulgões. Já tentei umas quinze receitas que me ensinaram para acabar com esses bichos, aliás, todo mundo sabe combater pulgões, até quem nunca viu um pulgão ao vivo tem uma receitinha infalível, mas os meus devem ser superpulgões mutantes, porque nunca são totalmente eliminados.

Enquanto eu fazia as difíceis escolhas dos galhos que seriam podados, eu matutava sobre a importância de retirar os excessos de galhos para a planta regenerar, fortalecer, frutificar e até ficar mais bonita.

Pensamento vai, pensamento vem e, uma analogia com o “bicho gente” aconteceu naturalmente. Acho que, de vez em quando, também precisamos de uma boa poda para deixarmos de carregar pesos inúteis, bugigangas acumuladas ao longo do tempo.
planta acumulacao desapego poda
A. Lugão
E são muitas coisas que carregamos; vão de mágoas e dores alheia a relógios sem ponteiros, óculos sem pernas, eletrodomésticos estragados, caixas de papelão, vidros, papéis sem importância e até projetos equivocados.

O bicho gente gosta de guardar inutilidades achando que, em algum dia, num futuro distante, aquele “galho infrutífero” poderá servir. Mera ilusão. Normalmente as tralhas só aumentam, viram lixo, atraem traças, poeira, feiúra e sugam nossa energia.

Por isso, temos que eliminar nossos excessos, o que sempre é doloroso. O ato de cortar, abandonar, eliminar e esquecer é muito difícil. Abandonar projetos e pertences que um dia fizeram parte da vida e dos sonhos sempre é complicado, mas acredito que seja necessário.

Depois da limpeza a gente fica mais leve, ágil, e a energia pode ser canalizada e utilizada para os projetos e negócios que têm mais chances de dar bons frutos.

COMENTE, VIA FACEBOOK
COMENTE, VIA GOOGLE

leia também