Maria do Carmo P.C. gostava muito de assistir ao seriado de TV, “Os Waltons” exibido em terras tupiniquins, que se não me falha esta co...

O pecados de Mary Ellen

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Maria do Carmo P.C. gostava muito de assistir ao seriado de TV, “Os Waltons” exibido em terras tupiniquins, que se não me falha esta combalida memória, na década de 1970. Pois bem, ao final de cada episódio viam-se as luzes do casarão da família irem se apagando, uma a uma enquanto alguém, provavelmente a caçula da família, Elizabeth Walton (Kami Cotler) ia dando seu boa noite: “ Boa noite John Boy, Boa noite Mary Ann, etc, etc...”. Maria do Carmo achava aquilo uma fofura. Reclamava por se chamar Maria do Carmo e não Mary Ann. Que nome mais sem futuro esse meu, dizia ela. Mary Ann, sim que é nome de gente, completava. A partir de então quis só ser chamada pelo nome da irmã de John Boy, e assim ficou conhecida entre familiares e também entre os mais chegados. Esse é só o começo da história.

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'Mary Ellen' (Série de TV The Waltons) Imdb
Outro personagem deste enredo trata-se de Durval T. P., ou para os íntimos, simplesmente Val. Pois então, falemos de Val. Técnico de contabilidade, carregando já seus trinta anos e um pouco mais na “cacunda” não era um homem feio. Também não era bonito. Não havia defeito “nas partes”, nariz, boca, pescoço, braços, pernas, etc....mas quando se juntaram as peças parece que o conjunto não teria ficado lá essas coisas. Mas era gente boa, coração generoso, sujeito simpático, gentil e dono de outras tantas qualidades.

Mas a vida, sabem como é a vida, Mary Ellen e Val cruzaram seus caminhos numa dessas facetas do improvável. Quem diria que aquela criatura esbanjando faceirices fosse juntar seus panos com outra criatura toda desajeitada como o Val.? Quem? Mas aconteceu.

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GD'Art
Casados, Mary Ellen continuou sua vidinha, agora de mulher casada, dando um duro danado no seu salão de beleza “Divina Aparência” enquanto o maridão tocava um trampo de oito horas diárias no “Contabilidade & Auditorias” de segunda à sexta-feira.

Outro que vai entrar na história é o padre Alberto. Sujeito gentil, mas grandalhão e forte como um búfalo marajoara. Era conhecido na paróquia e imediações como como padre Bertão.

Pois a vida ia seguindo como segue a vida dos recém casados, amorzinho para cá, amorzão para lá, muita quentura na alcova e outras tantas gentilezas fora dela. Temente a Deus que eram, não faltavam às missas dominicais quando confessavam e comungavam. Pecados dignos de confissão? Que nada. Apenas digressões de pouca monta que umas duas Aves Marias garantiam absolvição.

Só que a fervura, poucos anos depois, foi esfriando…

Val acabou ficando um homem desligado do mundo, no futebol, torcia pelo seu Palmeiras, que ele chamava de Palestra e não estava nem aí para a política naqueles anos de chumbo. Já Mary Ellen sabia tudo dos astros de nosso cinema e da TV. Colecionava as revistas da época: Intervalo, Capricho, Sétimo Céu, Amiga, Contigo... Gostava de ver as capas daquelas
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@TVNovelas
publicações e as colecionava quando a estampa principal da edição fosse alguém quem, digamos, despertasse nela algum interesse. Vamos falar um pouco desses inesperados arrebatamentos.

David Cardoso é tudo de bom. Reginaldo Faria, quem me dera... Zé Wilker, se eu pegasse essa criatura de jeito. Essas fantasias começaram a progredir na imaginação de Mary Ellen, enquanto Val... Bem esse ficava na dele e seu “comparecimento” na alcova, depois de um tempo de matrimônio chegou à modesta regularidade de uma vez por semana. Enquanto que Mary Ellen...Naquela fervura toda. Até que num domingo, na confissão:

— Padre Bertão, eu pequei. Traí o pobre Val.
— Como assim, traiu? Com quem?
— Ontem foi com o David Cardoso, antes de ontem com o Paulo José.
— Mas minha filha, como traiu? Esses sujeitos são famosos...
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David Cardoso Imdb
— Pois é padre Bertão. Na banheira, água quente, sabonete cheiroso, fico lembrando deles e aí aconteceu.
— Mas e aí?
— Depois bate um arrependimento, penso no Val, coitadinho...
— E o que você quer que eu faça?
— Que me passe a penitência, Tô arrependida.
Padre Bertão lembrou-se de quem era David Cardoso, Paulo José e aí a memória foi de encontro ao desengonçado Val.
— Mary Ellen, não posso absolver você, minha filha.
— Por quê?
— Pelo que estou pensando aqui, uma coisa que você não está é arrependida.

E não estava mesmo. Pobre Val.

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  1. Anônimo7/8/25 07:51

    A imaginação sempre em forma, Paiva. Parabéns. Francisco Gil Messias.

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