Fui visitar, junto a um grupo de amigas, a exposição do professor, poeta e artista plástico Amador Ribeiro. A entrada da antiga casa do artista plástico Hermano José (in memoriam) virou festa e encontros. Amador achou pouco a sua carreira de exímio professor de Literatura, poeta e crítico literário, e agora experimenta a pintura com maestria. Como bem disse Flávio Tavares em sua visita à exposição: “admirável, forte, louvável, uma obra marcante... sua obra entra em sintonia com os grandes mestres: o artista uruguaio construtivista Joaquín Torres García e o cubista francês Fernand Léger.”
Amador Ribeiro Neto
Léo Barbosa
Léo Barbosa
Ao ver as telas de Amador, não poderia imaginar algo diferente do seu comprometimento. Há algum tempo eu já via as suas postagens em cursos de gravura e experimentos, que agora desaguaram no Totem: pulso nos pés e dengo na cintura, onde ele mesmo descreve suas cores e formas como: “trabalhos que buscam inter-relacionar signos das culturas afro-indígenas com manifestações carnavalescas e LGBTQIAPN+.” Parabéns, querido professor e amigo, e vida longa às suas tintas e mergulhos.
Obras de Amador Ribeiro Neto Acervo da autora
Hermano José MCHJ
Quando quis construir essa casa, hoje museu, foi por nosso intermédio que chegou ao arquiteto Amaral (do Recife, mas morando aqui na cidade), para juntar duas paixões da sua vida: a Igreja de São Francisco e a Ponta do Cabo Branco. Dizia isso bem sério ao arquiteto: “Quero uma casa com essas duas referências! Arcos e barreira e mares!” Claro que Amaral deve ter perdido o sono com essas linhas e gráficos. A casa demorou a ficar pronta. Mas, depois, o seu dono se entocou por entre as árvores do quintal imenso, e a beleza da sua casa branca lembrava o quintal da igreja dos seus amores.
Museu Casa de Hermano José
Acervo da autora
Acervo da autora
Recordei que, para Hermano, poeta era Cecília Meireles; beleza era Greta Garbo; escultora/gravadora era Maria Bonomi; gravura era Samico; e pintura, João Câmara — este pintou o seu retrato, também exposto na casa. Senti muito pouco acervo no museu, pois, se bem me lembro, Hermano tinha fileiras e mais fileiras de telas de artistas brasileiros empilhadas pela casa toda. Uma vida colecionando pinturas, desenhos e outros trabalhos das artes plásticas.
Ai, Hermano! Senti saudades de você ontem — e de mim. Estou numa fase das saudades do tempo. E trouxe na bolsa um poema seu, Registro de Nascimento. Que coisa linda! Quando diz que, “no inverno sonhas, e no outono apaga as sombras que obscurecem lembranças.” Assim como você, “quando de tudo canso, //acompanho a Lua// sumindo no manguezal.”