P ois é, vivendo é que a gente aprende. Tudo ensina na vida: os homens, os animais, as coisas, toda a Natureza. O avião dá lições de transce...

Pois é, vivendo é que a gente aprende. Tudo ensina na vida: os homens, os animais, as coisas, toda a Natureza. O avião dá lições de transcendência, voando acima das nuvens, esquecido das coisas cá embaixo. O sol dá lição de fraternidade, atendendo a todos, indistintamente, com a sua luz. A pedra ensina, o espinho a mesma coisa, a água idem, o fogo idem. O mar, os rios e os lagos não ficam atrás nessa pedagogia, nessa didática do mundo. O mar, naquele vai e vem das ondas, mostra que tudo nasce, tudo morre e tudo renasce, A transitoriedade se eterniza no tempo.

Mas o que foi que me levou a estas reflexões? Ora, leitor, o olhar. Aquele olhar admirativo que fez Jesus nos convidar para observar os lírios do campo. Há pessoas que passam pela beleza como se fossem cegas. Mas, estão sempre de olho num caixa eletrônico.

Augusto dos Anjos, no seu evangelho lírico e espiritual, convidou-nos a olhar a Serra da Borborema onde Jesus levita... O poeta vivia maravilhado com a floração de seus pau-d'arcos, que o sulista qualifica de ipês...

Mas, antes de terminar a crônica, desejo expressar minha emoção, ao ver, no nosso quintal, um flamboyant florindo. E não satisfeito com sua floração no alto, achou de enfeitar o chão com suas pétalas vermelhas. O chão virou tapete. Isto é o que se chama amor.

Mas muitos não deram atenção ao fato. Se não olham para cima, imaginem para o solo...

Deus fez as árvores frutíferas para matar a nossa fome física e as floridas para matar a outra fome, que se chama fome de beleza.

O flamboyant floriu em cima e embaixo. Aos poucos, as flores começaram a cair, lentamente, como se fossem lágrimas, tal a sutileza.

E diante desse espetáculo de beleza, lembremo-nos de expressar nossa gratidão às raízes, que não enfeitam, mas sustentam a árvore. Elas, humildemente, trabalham em silêncio.

E viva os que trabalham sem ostentação.

Estou com pena do flamboyant. Não vai demorar muito na casa onde mora. Os monstros de pedra, os gigantes da construção civil, sondam-lhe, indiferentes ao tapete de flores.

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Prepare-se para adquirir um pouco de cultura inútil, que certamente não acrescenterá nada em sua vida. Conheça o local de nascimento de alguns astros e estrelas radicados nos Estados Unidos. Clique nos links para ver cenas e trailers de alguns de seus mais famosos filmes.

A final, Carlos, o que têm a ver suas esposas com a música? Ora, foi a música o pretexto para a nossa aproximação amorosa. E o cronista, que...

Afinal, Carlos, o que têm a ver suas esposas com a música? Ora, foi a música o pretexto para a nossa aproximação amorosa. E o cronista, que é doido por música - seu oxigênio cotidiano - não pensou duas vezes diante da pianista e da violinista, que, aqui para nós, venceriam o mais rigoroso concurso para miss.

A primeira, para me casar, tive de me batizar, já que era de família muito católica, pedido a que não me opus, pelo amor que tinha pela noiva. O mesmo já não aconteceu com a segunda, cuja cerimônia de casamento ocorreu, na nossa casa residencial, com grande afluência de amigos, boa música, e a simpática juíza, Rita de Cássia. E quem nos saudou num belo discurso foi meu amigo, engenheiro e médium espírita Joaquim Silveira.

Portanto, cerimônia religiosa para o primeiro casamento, cerimônia civil para o segundo. No primeiro perdi meu estado de pagão, o que foi uma pena, porquanto assim desejava meu grande pai.

Vamos começar (e o coração já batendo) pela primeira, a pianista, uma linda jovem chamada Carmen, nome dado pelo pai, arquiteto Clodoaldo Gouveia, depois que assistiu em Madrid à ópera Carmen, que adorava. Ela me deu dois filhos de ouro: o primogênito Carlos, apelidado por Tuca, e o segundo Germano. Ambos de temperamentos completamente diferentes. O primeiro podíamos comparar a um rio e o outro a um lago. O rio é inquieto, o lago reflexivo. Ambos abraçaram a profissão que desejavam. Tuca enveredou para a Física, e hoje é PhD, o outro, que sempre ambicionou as alturas, escolheu a Arquitetura.

A primeira esposa Carmen, como já disse, em música, ficou apenas no amadorismo. Fez concurso para a Receita Federal, obteve excelente classificação e tornou-se uma competente assessora. E soube conciliar muito bem o emprego com a casa, um verdadeiro paraíso doméstico.

Já Alaurinda, que fez da música uma profissão, diplomou-se em violino pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Música, só música em sua vida. E foi como violinista, num concerto de nossa Sinfônica, regido pelo maestro Eleazar de Carvalho, lá no Espaço Cultural, que meus olhos a viram pela primeira vez, quando se executava a “Nona Sinfonia” de Beethoven. Linda como a primeira esposa, Alaurinda não quis que este cronista ficasse viúvo por muito tempo. E, assim, encontrei mais um motivo para viver. Com humor, ela dizia: “você é o meu viúvo lindo”. Não havia mais necessidade de filhos. Completavam-mo-nos muito bem. E nessa viagem da vida, fizemos muitas outras, à procura da beleza, que sempre foi o grande objetivo de nossa vida. A violinista só não gosta de um sol intenso na pele delicada. Só o sol da pauta é que ela suporta.

Com dois casamentos, que nunca chegaram a desafinar, dois filhos que vieram enriquecer minha vida, só posso me considerar um homem feliz. Sem esquecer os netos que o primogênito me deu. Carlos, o Tuquinha, e Raíssa. Graças a eles, ouvi, pela primeira vez, a palavra vovô. A mãe deles, minha nora Ana, é a suavidade em pessoa. E o Físico, já que estivemos falando de música, afinou-se bem com ela. Ele nasceu em Campina Grande, na manhã em que Getúlio Vargas se suicidou. E eu fiquei entre duas fortes emoções: a morte de um líder e o nascimento do primeiro filho.

Um filho campinense e o outro pessoense. Um nascido perto de silenciosas e místicas montanhas e o outro abrindo os olhos para o mar de Tambaú...

S im, donde vem o barulho? Ah, já sei, das estrelas... Que estupidez! Há milênios que as estrelas brilham em silêncio. E são mundos desconh...

Sim, donde vem o barulho? Ah, já sei, das estrelas... Que estupidez! Há milênios que as estrelas brilham em silêncio. E são mundos desconhecidos para nós. O silêncio do Cosmo é tão intenso que assustou Pascal. Imaginem se, ao invés de silêncio, tivéssemos um grande barulho cósmico...

Acontece que o silêncio é a linguagem de Deus. Vejamos a Natureza, quanto silêncio nas árvores, nas flores, nas montanhas, nos rios, nos lagos, nos campos. Quanto silêncio dentro de nossa interioridade! Dentro de nossa consciência. Mas, isto quando a consciência está em paz. Consciência em paz é paraíso dentro de nós, é consciência sem remorso, sem arrependimento, sem sentimento de culpa. É consciência em silêncio.

Mas, eu estava me referindo ao silêncio da Natureza, e me esqueci do mar, que também não faz barulho, e sim o doce marulho. Este também está mergulhado num profundo silêncio, onde os peixes deslizam sem a menor zoada. Tão diferente dos barulhentos veículos no trânsito nosso de cada dia...

E este corpo, uma verdadeira usina em que não se ouve o mínimo ruído. Uma usina, ora vejam só... Os pulmões respiram calados, o mesmo acontecendo com o coração. Na digestão, a mesma coisa. O cérebro nem se fala. Os pensamentos são mudos.

Entretanto, sabe quem faz barulho? O homem e o cachorro. Nisso eles são muito parecidos. Silêncio só quando estão fazendo sexo. E nem sempre...

Mas deixemos o cachorro, que é movido a instinto, e voltemos a falar do homem, que, na verdade, é um animal que adora tudo que faz barulho. Daí as motos, que infernam a vida urbana, os liquidificadores, os terríveis paredões e os carros de som, que deveriam ser terminantemente proibidos! E os desrespeitosos foguetões? Havia necessidade desse barulho?

Pensando bem, sabe a razão de os homens em geral fazerem barulhos? É para esquecer a si mesmo. É consciência culpada. Frustração. E a frustração causa a depressão. Então vem a busca incessante do álcool e das drogas, que os fazem esquecer as frustrações.

Outro fator, talvez o mais importante, é a ausência de educação, de campanhas. Por que nos países cultos e civilizados, não se ouve barulho? Por que, lá, até as eleições se processam em solene silêncio...

Desde 2011, em Belo Horizonte, um grupo de pessoas utiliza a internet para marcar um encontro mensal em bares e cafés. Não se trata de rol...



Desde 2011, em Belo Horizonte, um grupo de pessoas utiliza a internet para marcar um encontro mensal em bares e cafés. Não se trata de rolezinho ou coisa parecida. O evento tem um objetivo pacífico, cultural e educativo: proporcionar aos participantes um interessante intercâmbio linguístico, pois todos têm o compromisso de se comunicar somente em inglês.

Se você ainda não usa o Chrome para navegar na internet, experimente dar-lhe uma pequena chance. A versatilidade e performance em relação...



Se você ainda não usa o Chrome para navegar na internet, experimente dar-lhe uma pequena chance. A versatilidade e performance em relação ao Firefox e ao IExplorer são impressionantes, sem falar no visual, que é bem mais enxuto do que os outros browsers.

A primeira vez que vi as imagens de Socotra pensei que se tratasse de um cenário de filme de ficção. Achei que era mais um daqueles estran...



A primeira vez que vi as imagens de Socotra pensei que se tratasse de um cenário de filme de ficção. Achei que era mais um daqueles estranhos planetas visitados pela nave Enterprise, da série Jornada nas Estrelas. Mas o lugar é real, e fica aqui na Terra mesmo.

P ois é, o mundo é assim, cheio de contradições. Cada um com as suas idiossincrasias. Uns alegres, outros tristes; uns amargos outros doces,...

Pois é, o mundo é assim, cheio de contradições. Cada um com as suas idiossincrasias. Uns alegres, outros tristes; uns amargos outros doces, uns inquietos, outros em paz; uns risonhos, outros carrancudos; uns comemorando realizações, outros mergulhados em frustrações, uns se deliciando com um copo de cachaça, outros adorando uma água de coco, uns procurando o silêncio para pensar, outros desejando o barulho para esquecer suas tragédias interiores, uns buscando uma praia deserta para a reflexão, outros procurando um bar ou um forró para a distração, e assim por diante.

Há os que acreditam em outra vida, há os que acham que a vida termina no túmulo, onde o corpo vira alimento para os irmãos vermes, e os que acreditam que a vida continua em outras dimensões; Há os que crêem no paraíso do Nada, e assim por diante.

Há os incapazes de matar uma formiga, à semelhança de Goethe, que pisava atento para não esmagar sequer um inseto; há os que põem pássaros em gaiola. Há os nervosos, que, no trânsito, apitam de instante a instante, os sem paz interior. Há os que estão destruindo a saúde e a vida com os cigarros que fumam, os que levam seus problemas para a cama e não conseguem dormir, cheios de inquietações. E há os que dormem de roncar, na maior tranqüilidade, e com a consciência tranquila.

Há os que não lêem, embora não sejam analfabetos e outros que só não conseguem ler quando estão comendo ou tomando banho. Há os que se mordem de inveja com o sucesso dos outros e os que aplaudem o êxito do seu semelhante.

Há os que amam, há os que odeiam; os que elogiam e aplaudem a glória dos outros, e os que amargam de invídia. Há os que cantam, há os que rosnam.

Há os que fazem da política um meio de vida e há os que esquecem a si mesmos em favor do bem coletivo.

Há os quem limpam leprosos como Madre Tereza de Calcutá e há os que, com um lápis apenas, nada de computador ou iPad, escrevem uma verdadeira literatura, abordando temas de ciência e filosofia.

Sim, há também este cronista, que não tem nada a ver com a vida dos outros.

A ndei comparando a família a uma orquestra. Assim como esta, a família também desafina, e tem como maestro o pai. E haja dissonâncias, temp...

Andei comparando a família a uma orquestra. Assim como esta, a família também desafina, e tem como maestro o pai. E haja dissonâncias, temperamentos díspares, afinidades, que o chefe de família vai procurando harmonizar e amenizar.

Na nossa família paterna, houve poucas desafinações. Afinal o maestro era severo e sereno. Bastava o seu olhar, para que todos seguissem a partitura sem erro. Não me lembro que um de seus filhos tenha sido castigado, a não ser aquelas boladas nas mãos. O respeito que ele impunha ao conjunto sinfônico valia por um carão, uma admoestação mais firme. A batuta de sua autoridade funcionava.

O pai-maestro, José Augusto Romero, foi um exemplo de chefe de família, merecedor de todos os aplausos. Tinha as suas predileções, é claro, a começar pelo caçula, este que hora escreve. Isto, porém, jamais abalou seu senso de justiça. Amava muito as filhas Ivone e Iracema, que foi a última a nascer, passando a ocupar o posto de caçula. Ainda bem que uma minha tia, muito querida, dissesse para mim: “Você passou a ser o caçula dos homens”.

Mas vamos à orquestra familiar. O mais velho, respeitado por todos, e que, às vezes, substituía o maestro, era Mário, um rapaz bonitão, inteligente, ótimo jogador de vôlei e de futebol. Muito elegante, ele foi professor primário e depois universitário. Ensinava Finanças, disciplina árida, mas que ele com muito bom humor, sabia torná-la agradável. Bastante querido dos alunos, o nosso mano soube desempenhar bem o seu posto de irmão mais velho.

E vamos aos outros: Alberto, que foi jornalista e escritor, deixou um gostoso livro: “O assunto é jornal”, um relato de suas experiências de jornal. Ele chegou a redator-chefe do “Jornal do Brasil”, lá do Rio.

E agora falemos de Orlando, que foi agrônomo e terminou ocupando a carteira de fiscal agrícola do Banco do Brasil. Não teve filhos, assim como Alberto. Orlando era gago e, quando se zangava, era um desespero. Certa vez chamou uma vizinha austera, já idosa, de “Washington Luiz”, candidato à presidência do Brasil. A velha, irritada, foi fazer queixa à minha mãe, que depois de receber a reclamação, disse com os seus botões: “ela bem queria ser “Washinton Luiz”. Ainda bem que o maestro não soube disso...

E chegamos a Ivone, loira, bonita e, sobretudo, de excelente gênio. Foi minha companheira de meninice. E lamentava não ter uma irmã para brincar. Valeu-se de minha companhia. Ela chegou até a me ensinar a brincar com bonecas, ora vejam só... Ivone tocava piano e era muito dedicada ao teclado. Meu irmão do primeiro casamento de minha mãe, Eudes, poeta, jornalista e historiador, certa vez aborreceu-se com os repetidos exercícios pianisticos de Ivone, e escreveu estes versinhos:

“Ó Dona Ivone, este seu piano é impertinente
Eu só queria que ele se quebrasse um dia, de repente”

Mas terminemos fazendo referência à caçula das mulheres, Iracema, cujo nome foi sugerido pelo irmão Eudes Barros, inspirado na personagem de José de Alencar. Iracema casou-se com o urologista Domilson Maul de Andrade, com quem teve quatro filhos. Era louca por música. E depois que ganhou do marido um piano de cauda, não quis mais outra coisa na vida. Mas, para o marido viúvo, o piano continua tocando, na sua imaginação saudosa. Ele é vizinho do mar de Tambaú, em cuja calçada faz suas caminhadas, ao lado de amigos.

A verdade é que a nossa orquestra familiar funcionou muito bem. Seu maestro, com austeridade e senso de responsabilidade, saiu do tablado sob aplausos.

J á li muitos livros sobre a felicidade, que se não me fizeram mais feliz, pelo menos me deram tranqüilidade interior. E a melhor definição ...

Já li muitos livros sobre a felicidade, que se não me fizeram mais feliz, pelo menos me deram tranqüilidade interior. E a melhor definição que encontrei sobre essa deusa foi a seguinte: “Felicidade é ter a consciência tranquila”. E o que é uma consciência tranquila? É uma consciência sem remorsos, arrependimentos, frustrações, mágoas e ódio. Difícil, não?

E nessa transição de ano eu andei tateando os livros de minha biblioteca e fui encontrar um de autoria do filósofo Bertrand Russel, cujo título é “A conquista da felicidade”, cheio de anotações minhas... O simpático e lúcido pensador inglês escreveu sobre um tema da chamada Autoajuda, que é mais se vê nas livrarias, porquanto as depressões estão infelicitando muita gente. Depressões que vêm das frustrações. E a maior delas é o exercício de uma profissão para a qual não se tem vocação, por melhor que seja a remuneração. Uma prova de que o dinheiro não é tudo.

Em seu livro, Bertrand Russel aponta a inveja como um revólver apontado para a gente. Infeliz, portanto, quem inveja. E chega a esta assertiva: “Os mendigos não invejam os milionários, mas invejam quando outro mendigo melhora de situação”.

Outra causa de infelicidade é o medo da opinião pública – diz o filósofo, pois o importante é o que você pensa. Russel ainda preleciona que quanto mais a gente possui interesses, melhor, pois mais interessante a vida se lhe torna.

Outro fator de felicidade: interessar-se pelos outros, consequentemente não ser egoísta. E conclui este filósofo sereno e feliz: “A fórmula da felicidade é ter apetite para a vida assim como temos apetite para a comida”. Nada de enjôo existencial, nada de náuseas.

E ele narra uma história que um rei pediu aos seus assessores que saíssem pelo mundo e lhe trouxessem a camisa de um homem feliz. Os assessores andaram, procuraram, e a resposta das pessoas era sempre negativa, até que avistaram um pescador à beira de um lago, pescando. E perguntaram se ele era feliz. Este disse que sim. Aí lhe pediram a camisa. O homem respondeu que nunca tinha vestido uma camisa...

Termino a crônica e constato que também estou sem camisa, aqui, no gabinete, não diante de um lago, mas de um computador. Porém, feliz!

E muita paz para os leitores neste balbuciar de 2014.