É isto aí. Cigarro fede e mata. Eu fui um inveterado fumante. Fumei até tomando banho de mar e debaixo de um chuveiro. Minha mãe e minha av...

É isto aí. Cigarro fede e mata. Eu fui um inveterado fumante. Fumei até tomando banho de mar e debaixo de um chuveiro.

Minha mãe e minha avó eram viciadas em engolir fumaça. Meu pai morreu com o pulmão limpinho. Ah, o pulmão!... Um dos órgãos mais importantes do nosso organismo. Vai aqui um aviso ao consumidor de nicotina: quem fuma está se suicidando.

Cheguei, agora mesmo, de mais uma viagem ao exterior. Vi no aeroporto de Lisboa uma sala de vidro fechada e os fumantes soprando seus cigarros. Tive uma pena de doer. Muitos deles ficavam de costas com vergonha de estarem fumando.

Chupar a fumaça de cigarro e soprá-la. Que divertimento estúpido. Fui fumante inveterado, repito, até que, numa certa manhã, na praia, senti o coração disparar. Uma taquicardia de morrer. Consequência do fumo. Pensei, joguei o veneno fora e tive a dignidade e a coragem de nunca mais fumar.

Lembro de que no tempo em que eu chupava fumaça, fumar era um vício elegante. E o artista Humphrey Bogart era o que mais fumava.

Minha primeira esposa, Carmen, gostava de me ver o marido fumar, a ponto de dizer: “Você fuma com muita elegância”. A ciência ainda não descobrira seus grandes malefícios. Fui na onda e se não fosse aquela taquicardia, na praia...

Fumei durante muitos anos, e, por incrível que pareça, depois de ter parado, há 40 anos, na radiografia de meus pulmões ainda há resquícios do venenoso cigarro.

Curioso, é que o animal não fuma. Quer ver? Faça uma experiência. Nem o cachorro que tem tanta semelhança com o animal racional.

Na minha família, o filho mais velho, Mário, morreu de fumo. Visitei-o no hospItal, arquejante.

Cigarro só rima com catarro. E nunca esqueci de que, depois de tanto tempo sem fumar, o médico examinou os meus pulmões e estavam lá, no raio-x, os resquícios do fumo.

A voz descia de um edifício de apartamentos, aqui perto. Uma voz suave. Voz de quem está de bem com a vida. E quem está de bem com a vida, ...

A voz descia de um edifício de apartamentos, aqui perto. Uma voz suave. Voz de quem está de bem com a vida. E quem está de bem com a vida, canta. Ninguém canta com raiva. Não era a dona do apartamento. Acho que não. Talvez até tenha acordado mal humorada. E estou receando que ela mande a sua funcionária se calar.

Mas há um ditado que diz: “quem canta, seus males espanta”. A moça cantava, os automóveis passavam, o Sol brilhava lá no alto, as árvores sorriam com as cócegas que o vento lhe provocava, os pássaros cantavam, era mais um dia para a gente viver.

A moça cantava. Mas nem todo mundo pode cantar no trabalho. O coveiro, por exemplo, não deve cantar, enquanto está levando o caixão para a cova. Mas, tenho certeza, de que os bem-te-vis jamais se calarão diante de um dia amanhecendo. Pelo menos é que ouço, todos os dias, com a chegada da madrugada.

Acontece que a voz da moça era de uma suavidade encantadora. E ouvindo-a, disse com os meus botões, eis aí uma pessoa feliz. Vá ver que a moça tem muitos problemas, mas, quem não os tem? Vá ver que o salário é pequeno, que algum filho, ou o marido, são motivos para o choro e não para o sorriso. Muita coisa há para a gente chorar.

A verdade é que nem todo mundo pode trabalhar cantando, seja o desembargador Marcos Cavalcanti, seja o governador Ricardo Coutinho. Cantar é um privilégio. Conheci um general que não cantava, mais assobiava.

Voltemos à moça. Que brandura de voz, tão suave que motivou esta crônica. Abelardo Jurema Filho canta que é uma beleza. Nisso não puxou ao pai, que preferia o bom discurso, ao canto.

É saudável cantar, é saudável sorrir, é saudável dar um cumprimento amistoso. Canta Abelardo, mesmo que não seja eleito para a Academia!

F oram muitas, repito. Repito e continuo, pois o assunto foi de coluna recente, aqui neste espaço. Continuo referindo-me aos nossos desembar...

Foram muitas, repito. Repito e continuo, pois o assunto foi de coluna recente, aqui neste espaço. Continuo referindo-me aos nossos desembargadores, sobretudo aqueles com quem privei de certa intimidade. E este que trago agora ao texto não podia ficar esquecido. Ele teve uma grande influência em minha vida. Teve muito de pai, pois mirei-me muito no seu exemplo. Com ele muito aprendi. Refiro-me a Osias Nacre Gomes. Fiquemos apenas, com o Osias, com quem trabalhei por muito tempo, ele como Secretário do Interior do governo de José Américo e eu como seu assessor direto.

Osias era um dínamo. Escrevia quase correndo. Daí ser frequente ver o suor escorrendo na testa, quando estava concentrado, redigindo. Ele confiava muito em mim. Pois não é que me escolheu para substituir o juiz de Santa Rita, Dr. Carlos Coutinho?

Sei não. Só sei que me de dei bem com a nova experiência.

Osias me ensinou demais. Um homem alegre, culto, de uma honestidade admirável, hoje cada vez mais rara...

Chegou a desembargador. Escreveu um livro, cujo título não me lembro agora, em que conta muita coisa de sua vida. Muita justa a homenagem do nosso Tribunal de Justiça de colocar o nome de Osias na sua Biblioteca.

Esse homem simples, que muito me estimulou, lia e dizia que gostava de minhas crônicas. Religioso, cristão convicto, conhecia a Bíblia a fundo.

Tinha um neto, muito amigo nosso, que o admirava demais, que também é dado às letras e escreve muito bem: Cleanto Gomes Pereira. Que, aliás, vai lançar mais um livro no próximo mês de novembro. Se Deus quiser, estarei lá, para os abraços e autógrafos.

Osias Gomes, um exemplo de homem. Muitas vezes, escrevia assobiando. Ele só errou numa coisa. Quando me convidou para representá-lo numa ação penal. E o advogado opositor era Renato Bastos, que me deixou o tempo todo como se estivesse na Groenlândia, com as mãos geladas.

Para mim o nosso Osias nunca morreu. Continua e continuará vivo na minha memória e no meu coração.

Não posso esquecer do nosso desembargador Francisco Espínola, um homem de constante bom humor, de uma simplicidade que comovia. Sua filha, nossa amiga Ana Cândida, que foi minha vizinha por muito tempo, é um exemplo de bondade e inteligência. Seus pontos de vista sempre se coincidiam com os meus. Por exemplo,e la é uma grande admiradora de Fernando Henrique, como escritor. Concordo com ela em gênero e número.

Desembargadores... A verdade é que há muitos que admirei. É o caso do meu amigo Onildo Farias, que com os olhos de seu anjo de guarda, Terezinha vê tudo bem na vida.

U ma catedral de livros começou a ser construída no dia 18 de abril de 1857 e já está bastante avançada. Que coisa extraordinária! Mas, só n...

Uma catedral de livros começou a ser construída no dia 18 de abril de 1857 e já está bastante avançada. Que coisa extraordinária! Mas, só no final, é que vou dizer que catedral é esta.

Voltemos um pouco na História. Jesus nunca construiu templos de pedra. Ele sabia da fragilidade das construções materiais feitas pelos homens. Tanto é assim que nunca edificou um templo. Falava nas igrejas dos outros. Para ele, a verdadeira catedral é a de sua doutrina consoladora, o Evangelho, que significa Boa Nova.

Foi tão humilde que nasceu numa manjedoura, entre animais domésticos. Ele sempre dizia que era humilde de coração e que não tinha uma pedra onde repousar a cabeça. O importante para ele era o conhecimento a Verdade que liberta. Não possuía igrejas. Tanto é assim que pregava ar livre, sentindo no rosto o beijo da brisa matinal. Assim foi quando proferiu o seu primeiro sermão, o Sermão da Montanha, onde está resumida toda a sua Doutrina de luz.

Jesus também disse aos discípulos que seu precursor, João Batista era um homem simples, que não usava vestidos finos, nem morava em palácios... Isso ficava para os reis...

Portanto, sua catedral é o Evangelho, que não é feita de cimento, pedra, cal e ferro. Uma catedral da sabedoria, que liberta o homem da ignorância.

E a catedral que me mencionei no início é a catedral de livros espíritas, que se iniciou no dia 18 de abril de 1857, em Paris, com o lançamento de “O Livro dos Espíritos”, por Allan Kardec, há 158 anos. De lá para cá, quantos livros estão sendo publicados, formando uma impressionante literatura, escrita pelos homens e pelos espíritos! Duvida? É só ir às nossas livrarias, onde os livros espíritas estão entre os mais vendidos. Esta é a verdadeira catedral que consola e liberta.

A ndei pensando nos dias da semana e me veio a pergunta: “Qual o seu dia da semana predileto?” E eu, com meus botões, respondi sem pestaneja...

Andei pensando nos dias da semana e me veio a pergunta: “Qual o seu dia da semana predileto?” E eu, com meus botões, respondi sem pestanejar: Quinta-feira. Mas, depois me veio um ligeiro remorso. Por que me esqueci do domingo, o dia em que eu cheguei ao mundo, numa fria tarde em Alagoa Nova? Não, curioso, nem pense que vou dar aqui o ano do meu nascimento. E deixe de estar espiando a idade dos outros, que isso é muito feio. É negócio para velho que não tem o que fazer. Vê lá se uma criança ou um jovem se preocupa com a idade de ninguém... Esqueça, portanto, a sua idade, a idade dos outros, lembrando que a gente não sente a idade que tem, a gente tem a idade que sente.

Mas, voltando ao meu dia predileto, não é o domingo, é a quinta. Também namoro um pouco com a segunda, que para muitos é um dia muito amargo. Acho o sábado muito simpático, e tenho certeza de que se houvesse um plebiscito, o sábado seria eleito pela grande maioria. O sábado é o dia em que você aproveita para viajar, fazer compras, fazer o que não pode fazer nos outros dias. O sábado é tão forte que já está contaminando a sexta. Muita gente só está trabalhando na sexta de manhã. Até mesmo em certas repartições. A tarde é para a viagem, o lazer, o descanso, embora muitos assim não pensam. Aproveitam a folga para o trabalho. São os chamados “workaholics”, os viciados em negócios e nada de ócios.

Voltando ao assunto que vínhamos tratando, o espaço de tempo rigorosamente dedicado ao lazer, hoje, são: metade da sexta, sábado e domingo. E como eles interferem no nosso humor, na nossa disposição de viver! A alegria do brasileiro começa na sexta, cuja tarde é para arrumar as malas, que, como disse o poeta, ninguém é de ferro. Você já procurou um médico da sexta para o domingo? Difícil encontrá-lo. Deus me livre de adoecer nos fins de semana. A maioria dos nossos esculápios está nas chácaras e fazendas.

Agora chegou a vez da segunda. Poucos sorrisos no rosto, muita ressaca na alma e muitos telefonemas mal humorados! Mas, sabe qual é o motivo disso? É que pouca gente se prepara para a segunda-feira. Abusa do sábado e do domingo, come demais, bebe demais, e nada de se preparar para a luta que se inicia na segunda. Nada de um pouco de meditação, de reflexão, de leitura, de boa música, de boas caminhadas, de um contato mais íntimo com a Natureza.

Houve tempo em que a semana tinha seis dias úteis. Será, então, que o domingo é inútil? Inútil, sim, para quem não sabe utilizá-lo... A verdade é que a semana está reduzida a quatro dias e meio. Começa na segunda de manhã e termina na sexta no final da manhã...

Ah, os dias da semana! Como eles se parecem com as pessoas! E como as pessoas lhes sofrem a influência! E você, qual o seu dia predileto? Diga, e eu lhe direi quem é você.

N a coluna passada recordei as togas, isto é, os magistrados que admirei e com os quais convivi mais de perto. Voltarei ao assunto em breve,...

Na coluna passada recordei as togas, isto é, os magistrados que admirei e com os quais convivi mais de perto. Voltarei ao assunto em breve, pois há mais para falar sobre essas togas. Mas agora me deu vontade de recordar os professores que mais influíram na minha vida.

E lá vou eu mexer no passado, novamente, coisa que nem gosto muito de fazer, pois adoro o presente. Mas, como diz o ditado, recordar é viver, e vamos trazer à lembrança aqueles mestres que me fascinaram, não só com a palavra, mas sobretudo com o comportamento. A sabedoria sempre ao lado da ética. Foram professores que jamais diriam, ao se encaminharem para a sala de aula: “vou vender meu peixe”. Que prosaísmo!

Não sei por onde começar nessa gostosa evocação de meus tempos de estudante. Que tal o antigo Lyceu Paraibano? Foram tantos os mestres que me encantaram naquele antigo educandário...

E eis que me chega à lembrança o nosso Otacílio de Albuquerque: sempre muito bem vestido, muito asseado, a voz mansa e o giz escrevendo equações no quadro-negro. Como a Matemática se tornava fácil em sua boca! Com que dignidade ele se impunha durante a aula. Um silêncio de se ouvir a batida do próprio coração.

E vamos a outro professor. Que tal evocar o mestre Mauro Coelho, professor de História da Civilização, matéria que ele enfeitava com a sua imaginação, o seu bom humor e um profundo senso crítico. Sabia encobrir a verdade histórica com aquele manto da fantasia a que aludiu o velho Eça. Nas suas lúcidas preleções, duvido que alguém cochilasse ou bocejasse. Nada de retórica, nada de pedantismo erudito. O riso não faltava nos seus lábios, um riso que ele, discretamente, aparava com um lenço. Com aquela anedota, segundo a qual o impetuoso Pedro I teria sido acometido de uma forte cólica, antes de gritar o “Independência ou Morte”, fazia a turma sorrir. Lembrar que o sorriso faz parte de uma boa didática. Mauro Coelho foi fundador do jornal católico “A Imprensa”, exerceu o jornalismo e a advocacia para chegar a desembargador, no Rio de Janeiro.

Continuando nas lembranças, que tal falar do professor Manuel Viana, que me ensinou Metafísica, na Faculdade de Filosofia? Que talento para ensinar!... Entrava na sala vestido de paletó e gravata, mas com o seu entusiasmo didático, terminava tirando o paletó e a gravata, num meio strip-tease.

Quero terminar com o jurista Miguel Reale, no curso de especialização de Filosofia de Direito, na nossa Universidade. Pequeno de estatura, mas gigante na oratória. Ensinava andando pra lá e pra cá, numa desenvoltura que comovia.

E os outros mestres? Ah, foram tão admiráveis... Mas, ficam para outra oportunidade.

A h, de muita coisa. Tenho pena das pessoas frias, incapazes de um cumprimento cordial. Que parecem cegas para os outros. Tenho pena das pes...

Ah, de muita coisa. Tenho pena das pessoas frias, incapazes de um cumprimento cordial. Que parecem cegas para os outros. Tenho pena das pessoas frias, inabordáveis, que parecem trazer atrás das nádegas: o seguinte aviso: “Mantenham a distância”.

Tenho pena dos vaidosos, que se consideram melhores do que os outros. Que vivem com os olhos nos carros alheios, para ver se são do ano ou de melhor marca.

Tenho pena das pessoas sem paciência, que vivem reclamando tudo da vida. Reclamam do trânsito, da chuva, do sol, da falta de dinheiro, da falta de saúde, da falta de tudo, enfim.

Posso ter, e tenho, muitos defeitos, menos o da impaciência. Aqui para nós, eu sei esperar. A paciência é tudo. E há casos em que você é obrigada a esperar mesmo. Quando está interno num hospital, no caso da mulher grávida... E como ela sabe esperar o grito que vai sair de seu ventre. E não tenha paciência para ver.

Olhe bem, fale bem, e sua vida será outra coisa. E cuidado, muito cuidado mesmo, com uma moléstia chamada maledicência. A mania de falar mal dos outros.

A vida é bela. Nós é que a tornamos feia. Vou recomendar uma coisa que venho fazendo há muito tempo. Procure olhar bem. Olhe bem e tudo se iluminará. Muita gente não gosta do barulho das crianças, daquele corre-corre, dos gritos, daquela inquietação. Pois bem, olhando-as, Jesus disse: “Vinde a mim as criancinhas, porque dela é o Reino dos Céus”.

Tudo é uma questão de saber olhar a vida. Vamos, minha gente, vamos saber olhar. Lembrem do ditado: “O pior cego é o que não quer ver”. E da grande e poética frase que Jesus nos deixou quando nos convidou a “olhar os lírios do campo”. É o mesmo que dizer: olhai o amanhecer, a floração das árvores, o sorriso de um recém-nascido. Repito: Viver bem é olhar bem!

E eis que, mais uma vez, me hospedo num hospital, que não é outro senão o Memorial São Francisco, um modelo de hospital onde o tratamento c...

E eis que, mais uma vez, me hospedo num hospital, que não é outro senão o Memorial São Francisco, um modelo de hospital onde o tratamento cordial e humanizado é uma prioridade, graças à dedicação de seu diretor, Dr. Ítalo Kumamoto. Lembrar que a palavra hospital vem de hospedagem, se não me engano. E hospedagem é coisa boa.

Leio, ao sair de um supermercado, o seguinte lembrete: “Volte sempre”. Será que poderíamos dizer isto de um hospital? Evidente que sim. E feliz daquele que encontrar um hospital. Dizia o tribuno Alcides Carneiro: “Infeliz de quem procura um hospital e feliz de quem o encontra”.

Mas a beleza de um hospital está no silêncio. E silêncio é a melhor coisa da vida. É graças a ele que a gente pensa, que a gente reflete, já dizia um filósofo. E não há melhor adjetivo para qualificar o hóspede de um hospital do que “paciente”. O termo é exatamente este, para aquele que está enfermo e internado. E não seja paciente para ver... Pacientes os enfermos, pacientes as enfermeiras, pacientes os médicos.

Mas não é de hoje que sofro da coluna. Por causa dela já andei até numa cadeira de rodas, guiada pelo meu filho Germano, em plena Londres. E como passeamos!

Hospital vem de hospedagem, logo não pode ser coisa má. E como é bom ouvir a voz do silêncio, dentro de um hospital... Silêncio é, sem dúvida, a coisa mais bela da vida, e que anda cada vez mais rara.

Não esquecer o médico que cuida de mim, Dr. Ronald Farias, a quem confio minha coluna, com aquela fé que transporta montanhas, segundo o dizer evangélico. De coluna, ninguém entende mais do que ele.

Saí do hospital, como entrei: sorrindo. Mas, não vi nenhuma placa dizendo: “Volte sempre!”

E já ia me esquecendo do livro. Hospital também é bom pra ler. O chato mesmo é aquela mangueirinha do soro pregada no nosso braço...

Q ue togas são estas, cronista? Ah, os desembargadores que me deixaram inesquecível impressão, com quem convivi mais de perto. Disse toga, p...

Que togas são estas, cronista? Ah, os desembargadores que me deixaram inesquecível impressão, com quem convivi mais de perto. Disse toga, pois toga é a vestimenta de trabalho do desembargador, assim como a farda é do soldado, a bata é do médico, a batina do sacerdote, e assim por diante.

E como gosto de escavacar a memória, relembro aqui alguns desembargadores que me deram ótima impressão. Cada qual com o seu temperamento. E já estou vendo, sorrindo e falando alto, o desembargador Júlio Rique, que foi Juiz de Menores por muito tempo. Um homem alegre, cuja presença fazia bem. Nunca o vi zangado. Teve uma filha adorável, inteligentíssima, chamada Sílvia, que deixou uma série de crônicas sob o título: “Sabe da última?” Ah, como gostaria de vê-las publicadas... Sílvia adorava o pai.

Tragamos agora à memória um príncipe, que muito me encantou: Mário Moacir Porto, que foi juiz de Bananeiras e só usava roupa branca. Elegante, fino, culto, sempre bem-humorado, Mário Moacir jamais sairá de minha memória. Lia minhas crônicas e dizia que eu tinha uma grande admiração pelas mulheres. A verdade é que Mário Moacir teve grande importância na minha vida.

Publicou um excelente livro de iniciação ao Direito, de uma didática admirável. Chegou a ser meu ídolo. Convidei-o para apresentar o lançamento do meu livro “O Papa e a Mulher nua”, e ele aceitou. Com muito humor, perguntou se eu desejava indispô-lo com a Igreja. E fez uma apresentação muito bem humorada.

E quem está chegando à imaginação é o desembargador Paulo Bezerril. Um admirador da música clássica. Tocava flauta e chegou a integrar a nossa Sinfônica. Foi um grande amigo meu, e também era cheio de humor. Dizia que as três coisas boas da vida começam pela letra M: Mar, Mulher e Música.

A consciência me pede citar o desembargador Flodoardo da Silveira, homem íntegro, que não cheguei a privar de sua intimidade. Certa vez, ele me presenteou com o livro clássico “O Ateneu”, de Raul Pompéia. Flodoardo falava pouco e ouvia muito. Se alguém lhe fizesse qualquer consulta jurídica, ele respondia: “O que diz a lei? Legalista cem por cento.

Outro que muito admirei foi o desembargador Severino Montenegro, que chegou a administrar o nosso Estado, durante a Ditadura. E outro grande mestre foi o inesquecível e genial Flósculo da Nóbrega. Muito culto, reservado e respeitadíssimo por todos. Deixou-nos um livro de introdução ao Direito que é um modelo de boa didática.

Encerro a crônica lembrando Pedro Damião, um desembargador simples, cujo grande prazer era, quando deixava o Tribunal, ir buscar o neto para passear. Um homem de uma simplicidade fora de série.

E a mulher desembargadora? Naquele tempo a saia não vestia toga, muito menos chegar à presidência, como foi o caso da desembargadora Fátima Bezerra, que foi minha aluna, na UFPB, com muita honra.

Mas, de todos os desembargadores, os que mais me ensinaram, por sua postura, foram o Mário Moacyr Porto e Paulo Bezerril. Paulo Bezerril não gostou quando soube que eu seguira a Magistratura. Chegou a dizer: “você na magistratura, levando a vida no interior, é como uma moeda que a gente joga no mato”. Mas, o que me agradava era vê-lo com sua flauta, na Orquestra Sinfônica, de que foi um dos fundadores...

Está pensando em comprar uma lembrancinha engraçada e criativa para aquele amigo nerd ou para o colega de trabalho? Dê uma olhadinha nessa...

ninho aconchegante

Está pensando em comprar uma lembrancinha engraçada e criativa para aquele amigo nerd ou para o colega de trabalho? Dê uma olhadinha nessas lojas que vendem umas coisas bacanas e malucas. Talvez você encontre um boa inspiração nelas...