O Clube de Leitura “Narradores do Tempo” é um projeto de extensão contemplado pelo edital “UFPB, seu município e responsabilidade social”. Uma ideia de que as ações da Universidade possam ser interiorizadas e realizadas em parcerias. Uma ação voltada ao fortalecimento da competência de leitura e escrita entre estudantes de Jornalismo, centrada na produção editorial das mulheres — cronistas e jornalistas — que escrevem reportagens e/ou quadrinhos, garantindo assim a circularidade das obras lidas e discutidas, e de forma itinerante, para que outros espaços também sejam palco dessa troca de conhecimentos.
Sandra Raquew Azevedo
Já não é a primeira vez que participo de algo assim, e muito me emociono. Além de ver o meu trabalho expandido, divulgado e lido por alunos de uma escola pública de cidade pequena, o principal é a constatação do valor da Educação. Deu gosto de ver! Uma escola toda enfeitada, alunos sentados e atentos para ouvir; os pequenos a escutar histórias (as professoras fantasiadas de borboleta e de bruxa) e, com tão poucos recursos, viajavam para além da imaginação. Os aplausos, as cantorias e a equipe de professoras que me abordava,
Escola Municipal Profª Maria Dutra
Ana Adelaide Peixoto
Ana Adelaide Peixoto
Os alunos do ensino médio iriam ler minhas crônicas. Escolheram: “A minha saia cinzenta”, “A menina e o ladrilho hidráulico” e “A colecionadora de brincos”, do meu livro Brincos, pra que te quero? (2016), e “Lavar as próprias cuecas”, do livro Mulheres: Escritos, Jardins e Uivos (2024). Esta última foi lida por dois rapazes. Ao final, um deles quis falar alguma coisa, mas, tímido, deixou que a professora o ajudasse (queria dizer que, em sua casa, o avô lavava roupa e cozinhava, a avó também, e que ele os ajudava). Aplausos!
Quando chego a uma cidadezinha assim, o silêncio é o que mais me impressiona. Um silêncio infinito, como o que há tempos não ouvimos mais na cidade grande. João Pessoa já é uma cidade grande. Um deserto nas ruas. A praça principal. A estação de trem restaurada. Os flamboyants. A ladeira para a cidade de Serra da Raiz, onde fomos almoçar. A vista
Duas Estradas (PB)
@Geografia da Paraiba
@Geografia da Paraiba
Na volta, entre os buracos na estrada, os caminhões cheios de cana e os solavancos, trocávamos impressões e cochilos, ainda com o gosto do suco de goiaba fresco na boca. Uma viagem dessas me deixa abastecida por anos: pelo que escrevo, pelo alcance que as minhas crônicas podem ter, pelas pequenas — pequeníssimas — ou grandiosas transformações que provocam em quem escreve e em quem lê, e pela gratidão que sinto pelo meu trabalho de professora um dia, escritora nas horas vagas, e pelas oportunidades de ver tudo isso. As trocas.
Sou grata à professora Sandra Raquew, minha colega — dentre outras coisas — aqui dos espaços do jornal A União. À equipe envolvida no projeto, à escola e à cidade de Duas Estradas.
Ana Adelaide de Sandra Raquew
Quem escreve uma crônica acrescenta um ponto. Que bordado!