Muitas vezes pensamos que viver bem é buscar o próprio prazer, sem nos preocupar muito com os outros.
Um conhecido me disse exatamente isso, numa ocasião: “Não me interesso pela vida de ninguém. Quero só viver a minha própria vida.” E assim ele fez, ao adquirir uma pequena propriedade nos arredores da cidade e construir uma piscina modesta e uma casinha acolhedora, onde passava todos os finais de semana se deliciando com pequenos prazeres: comida caseira, churrasco com os amigos, cervejas geladas, o canto dos pássaros, tardes de leitura e, acima de tudo, momentos de descanso e de contemplação. Ele dizia que não precisava de nada além disso para sentir que a vida valia a pena.
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Meses se passaram, talvez um ano ou dois. Eu o encontrei novamente, e perguntei: “E aí, como está o seu pequeno paraíso de fim de semana?”
Ele sorriu, mas a expressão já não era a mesma. “Rapaz, de tanto churrasco, bebida e descanso, minha pressão subiu. Tive que começar um tratamento sério para o coração. Agora não posso mais viver assim."
John Piper
O pastor John Piper, relatou duas histórias diferentes, durante uma pregação. A primeira foi sobre um casal que poupou durante anos e, no final da vida, comprou uma casa à beira-mar, em frente à qual passeavam na praia, de mãos dadas, catando conchinhas, numa vida que muitos poderiam chamar de perfeita, tranquila e serena.
Em contraste, Piper lembrou também a história de uma médica que, após ficar viúva, decidiu dedicar-se inteiramente a uma missão na África. Lá, junto a uma igreja, cuidou voluntariamente de pessoas carentes e se entregou a uma causa maior. O final da sua vida foi marcado por intenso serviço em prol dos outros até o dia em que, tragicamente, um acidente de carro a vitimou.
Piper então questionou: qual dessas vidas é a boa, e qual é a trágica? Seria a vida do casal que se deleitava catando conchinhas na praia ou a da médica que morreu de forma abrupta, mas deixando um legado de amor e dedicação?
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Há limites para a felicidade que se constrói isoladamente, porque talvez o sentido da vida não esteja apenas em se proteger e se satisfazer, mas em servir, em se doar, em fazer a diferença. Não se trata de negar o prazer ou o descanso, mas de perceber que a verdadeira plenitude nasce quando nos importamos, mesmo que um pouco, com a vida que existe ao nosso redor.
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É no legado de amor e utilidade que reside a felicidade mais profunda, aquela que nos transcende, que preenche a alma, que dá paz ao coração e demonstra que nossa passagem pelo mundo deixou uma marca que valeu a pena, como também muito bem disse, antes e bem melhor do que eu, o meu xará Ralph Waldo Emerson: “O propósito da vida é ser útil, honrado, compassivo e fazer alguma diferença por ter vivido bem.”