Para Claude, minha irmã querida e companheira de viagem! Foi tudo muito rápido. E, quando nos demos conta, minha irmã Claude e eu e...

Buenos Aires, cultura pulsante

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Para Claude, minha irmã querida e companheira de viagem!

Foi tudo muito rápido. E, quando nos demos conta, minha irmã Claude e eu estávamos no voo de inauguração João Pessoa— Buenos Aires, da Gol, que abria, assim, um canal de comunicação do turismo entre as duas cidades. À época, batemos palmas para o Governo do Estado e para a PBTur, na pessoa exultante de Ruth Avelino. Lá fomos nós, inaugurando os céus. Um luxo! Para quem, há longo tempo,
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está acostumado a embarcar e desembarcar em Recife e Natal, viajar para o sul do continente, em voo direto da capital paraibana, foi no mínimo uma experiência rápida.

Não gosto de alfajores nem de parrilada ou de choripan. Só comi de leve. Mas não foi por isso que demorei a conhecer Buenos Aires. A primeira vez aconteceu há cinco anos. E a gente nunca esquece. A vontade era sempre de voltar. Na estreia, ficamos restritos aos pontos mais turísticos. Era julho. Sim, certos passeios exigem um clima frio para rimar com Malbec! Com casacos! Aquele vento cortante na face. De calor já basta o nosso de cada dia. Pois assim tivemos. Frio de 11 a 14ºC e dias absurdamente ensolarados e alguns com chuva. Mas guarda chuva existe para isso. E a moça exclamava: “Para água! Mais barato do que uma gripe!”. Desta vez nada de Caminito nem Teatro Colón. Mas sempre um rabo de olho nas belas avenidas 9 de Julio, Alvear, Libertador e Santa Fé.

Feira de San Telmo
Aos domingos — imperdível! Uma rua quase minha! Cheia de brechós, antiquários, artesanato local, souvernirs, moda exclusiva, moda inclusiva, couros e, claro, músicos de qualidade a tocar e dançar tango. Eu queria ficar parada ali o dia todo, só ouvindo Aranjuez Mon Amour e Recuerdos de la Allambra , comendo empanadas caseiras, apimentadas, e visitando lugares charmosos para tomar um chope com essas iguarias. Perdi a Feira de Mataderos, que só acontece aos domingos.

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Recoleta
Melhor lugar para ficar. Bairro charmoso e tranquilo (comparado ao frenesi do Centro), salpicado de parques, lojas, cafés, restaurantes e... o Alvear Palace Hotel. A gente se transforma em princesa para um brunch das deusas. Pães, frios, espinafre à la creme, iogurtes com frutas vermelhas! Tudo para comer gemendo. Vale a aventura. Se fores uma princesa modesta, o Le Pain Cotidien também leva aos céus com seus produtos orgânicos.

Museus
No Museu de Arte Latino-americana de Buenos Aires (Malba), muita alegria de ver ao vivo o Abaporu, de Tarsila do Amaral e contemplar a tela que despertou o Movimento Antropofágico, como também obras dos brasileiros Helio Oiticica, Antonio Dias, Di Cavalcanti e Candido Portinari,
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e dos mexicanos Diego Rivera, Frida Kahlo e José Orozco. No restaurante/café do Museu, vale o almoço! Entre as caminhadas pelos parques da cidade, demos uma entrada rápida no Museu Nacional de Belas Artes (MNBA) para apreciar as bailarinas de Edgar Degas e tantos outros pintores mais conhecidos, ou não. Pelo título, também fomos visitar a Manzana de las Luces, que só o nome poético me invadiu com ares de naftalina. Tantos biscuits, cristaleiras, vidros, potes, louças e bordados! Um equipamento de cultura, lazer e arte, perto da Casa Rosada.

Plaza de las Naciones Unidas
Excelente opção para os dias frios ensolarados – e verde que te quero verde! Ficar namorando a Floralis Generica, uma escultura gigante do arquiteto argentino Eduardo Catalana, em forma de rosa, símbolo de Buenos Aires. Uma obra imponente e que nos causa impacto. Toda a singeleza de uma rosa, com todo o seu simbolismo de paixão, fugacidade, perfeição está ali em prateado, reluzindo majestosamente, e que se abre de dia à luz do sol e se fecha pra dormir quando a noite cai. Mais poético impossível! Reserve tempo, pois o melhor de todo parque é ouvir o silêncio e contemplar. Depois ainda tem a Praça Francia, o Rosedal e o Jardim Japonês, prepare os olhos, os sentidos, e as pernas. Caminhar é preciso!

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Tango
Buenos Aires respira tango! Seja nas feiras ou simplesmente aos nossos ouvidos, tem que se ir a um Tango na capital argentina. Na primeira vez fui ver o espetáculo do Café Tortoni. Turístico, sim, mas sem tantas plumas como os mais tradicionais. Mais despojado. Nem por isso menos exuberante.


Dessa outra vez conhecemos o Centro de Cultura Torquato Tasso (San Telmo) e ouvimos o artista Negro Falótico, com seu extraordinário grupo de músicos, incluindo uma japonesa e seu bandoneón. Cito sua nacionalidade porque nada mais exótico do que a leveza do oriente e aquele movimento de sangrar os sentidos que tem esse instrumento de Astor. Piazzola, meu querido! Quantas saudades! Ao ouvir aquela voz de veludo e toda a tragicidade que o gênero pede, tive o meu entrelaçado de pernas no juízo. Como não lembrar de Carlos Saura e o seu Tango particular? Obrigada a Elaine e Luiz — cariocas, moradores de João Pessoa e habitués das terras portenhas — que gentilmente nos acompanharam à contradança.

Palermo Soho
Viva passear!. Pracinha Julio Cortázar, lojas lindas, avenida Jorge Luis Borges e um pouco de literatura nas sacolas. A Calle Florida ainda é uma aventura. A Galeria Pacífico (ares de Milão!) e as lojas de departamento Fallabella lá estão
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para alguns sonhos consumistas. Pero, não gosto de outlets nem das correrias às compras. E quando temos pouco tempo a prioridade é sempre a rua, o povo, os queridos anônimos (de Rodolfo Athayde).

Porto Madero
Área outrora decadente, mas agora revitalizada, com uma avenida repleta de restaurantes. Imponente! Lá está a Puente de La Mujer. Pedi truta da Patagônia com legumes assados! No Cumaná, provamos o arroz de campo indicado por minha colega Danielle Almeida. Mas aí já é outra história!

Livraria El Ateneo
Repeti a visita. Não consigo ler em espanhol — coisas de quem já fala uma língua e tem bloqueio para outra. Mas só estar ali no meio de tanta beleza e livros já é um mergulho na arte da escrita. E por entre os 8 mil cafés que existem na cidade, o Tortoni não poderia faltar, para os famosos churros. Voltei até tonta com o aroma inconfundível.

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Colonia Del Sacramento (Uruguai)
Outro passeio imperdível: passar o dia em Colonia Del Sacramento, na margem uruguaia do Rio da Prata. Muitos seguem viagem até Montevidéu. Mas nós fizemos bate e volta no Buquebus – Balsa. Lugar de traineirinhas e escunas. O que enche a vista de beleza é o centrinho histórico com um passeio à beira do rio murado, voltado para o poente, o Paseo San Gabriel. Pouco resta da arquitetura original portuguesa. O traçado e o calçamento e a Calle de los Suspiros é de suspirar, literalmente. O Quadrado, ou Plaza Mayor, é de sentar à beira do caminho e ficar sentindo o perfume das laranjeiras em fruta. Nesse dia, o clima mudou para nublado e ventava muito. A atmosfera era de "o morro dos ventos uivantes", mas nem por isso menos encantador.
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Encatava a vastidão daquele rio caudaloso e infinito, com suas árvores esquisitas e exóticas nas margens. Tinha até um farol gentil para me lembrar de Virginia Woolf e de Praia Formosa. Pensei comigo mesma: estou no extremo sul do mundo!

De volta a Buenos Aires
O melhor roteiro da viagem foram realmente os parques, as ruas, os cafés e o espaço urbano ocupado e desfrutado com calma e segurança. Nós, que hoje vivemos aprisionadas e sem poder dar um passo a pé, ficamos embevecidas de circular e de ver a cidade sendo compartilhada por seus moradores. Os idosos vivem, festejam, vão a restaurantes, bares, sítios; bebem vinho, conversam, comem, visitam e são desfrutes da própria existência. Percebemos que, aqui, os idosos ficam em casa, arrastando chinelos e sem vida própria. Sei que tem o fator econômico, o climático (calor demais). Vimos a cultura da rua pujante em cada palmo que andamos em terras portenhas. Nas noites de domingo as pessoas ocupam os bancos das praças e dos restaurantes. Eu própria, nessa hora da semana, já me recolho à minha insignificância da preguiça e não gosto de sair.

Voltamos abastecidas de cultura, contemplação, vinhos, frio, doce de leite e tangos. Da próxima vez, o Tigre não me escapa. Nem as Províncias. Nem as Milongas, que agora, escaparam propositadamente às minhas mãos.

Agradeço às amigas: Danielle Almeida, Elinês Albuquerque, Elaine e Luiz, Genilda Azeredo que nos deram dicas de viagem preciosas. Muchas Gracias!

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