casa dos 70 (ao amigo e compadre Luciano morais e outros companheiros que se foram na casa dos 70 anos de idade). a casa dos...

Trouxe o Tejo nas veias

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casa dos 70
(ao amigo e compadre Luciano morais e outros companheiros que se foram na casa dos 70 anos de idade).
a casa dos 70 é uma casa mortuária esquife mortalha jazigo casa de repouso dos muitos amigos que cruzaram os seus umbrais para nunca mais nunca mais nunca mais
bagagem
de portugal trouxe a minh’alma azulejada as eiras e beiras dos telhados das casas portuguesas com certeza trouxe o tejo nas veias e nos olhos as lágrimas de sal do mar de portugal
(retornando de lisboa, portugal, julho de 2019)
recuerdos de mi juventud
desabotoava a tua blusa? não, desabotoava os teus seios ainda em botão e aprisionava-os na palma das mãos. aprisionava-os? não, dava-lhes liberdade, que a liberdade dos seios é sentirem-se presos na concha das mãos.
moça antiga
friíssimo, o jato do lança-perfume congelou a timidez da moça antiga, adolescente. retrato a éter, etéreo, guardado eter- namente.

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  1. "A Casa dos 70 é uma casa mortuária". Ao acabar de sair dela, confirmo a verdade do poema: quantos deixei - ou me deixaram - nesses dez anos! Sérgio é uma confirmação, para mim, de que - o poeta é sempre - de um modo estranho - extremamente preciso. Como quando diz que trouxe de Portugal "a minh’alma azulejada", "o Tejo nas veias". Perfeito como um ovo!

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    1. ei, mestre solha, também perdi muitos amigos na casa dos 70. obrigado pelas palavras. abraço amigo.

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