o lápis o lápis é um caniço pensante na maré vazante da linguagem

O lápis é um caniço pensante

poesia paraibana sergio castro pinto
 
 
 
o lápis
o lápis é um caniço pensante na maré vazante da linguagem
lapidar
em cada verso que escrevo, eu me parto. a folha é lousa. poemas, epitáfios.
macaxeira
um jeito de quem monta o mundo em pelo. um jeito de quem usa esporas sobre as mil rodas que trafegam nos seus nervos. um jeito rural de quem liberta os cavalos do carro que deseja ser. um jeito de quem pisa fundo desrespeitando os semáforos do mundo.
diário
no guarda-roupa (imóvel de jacarandá), os dias antigos suspensos em cabides em ritos de abraçar. sobre imóveis roupas (diário colorido) o pássaro distingo: o pó dos sábados, memória dos domingos!
museu do trem
(a joão cabral de melo neto e para ser lido em ritmo quase ferroviário) 1. ao museu do trem emprestaram tão estranha alquimia que o tempo ali residente sofre de cenofobia 2. ao tempo que ali habita sequer desperta o amoníaco e o trem é o próprio tempo que se estanca nos trilhos. 3. um trem tão sem memória que não lembra o maquinista deportado numa estação da qual não se tem notícia. 4. no museu do trem o tempo se faz tão coagulado que logo quem o visita faz força para puxá-lo pensando-se locomotiva do tempo ali empoçado.
sobre o medo
o medo se aloja na medula como um cubo de gelo. o medo se infiltra no tinteiro e o congela. o medo se instala na palavra e a enregela. com o medo aprendi o ofício de armazenar as palavras como num frigorífico com o medo conservo: dez mil palavras abaixo de zero.
de 'ano da criança brasileira'
criança que pratica esporte respeita as regras do jogo * criança que pratica esporte respeita as regras do logro criança que pratica esporte respeita as regras do ogro criança que pratica esporte respeita as regras do lobo criança que pratica esporte respeita as regras da globo * slogan veiculado pela Rede Globo de Televisão, em 1979, por ocasião do Ano I da Criança Brasileira.

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