Espelho do outono Miro o espelho do outono estarrecida Os olhos como o fundo De um rio vasculhado... O tempo não perdoa. N...

Espelho do outono

milfa araujo valerio poesia paraibana

Espelho do outono
Miro o espelho do outono estarrecida Os olhos como o fundo De um rio vasculhado... O tempo não perdoa. Novo prazo foi dado para a vida Mesmo assim Um velho rio do medo Com o resíduo das cheias Corre dentro de mim.
Aspiração
Bem que eu queria viver apenas sendo Viajante do tempo, ao sabor do vento Pluma, folha, flor Leve, sem jamais culpar-me Por não merecer asas, mas com amor Ir inventando novas formas de voar. Sempre abraçando a vida sem mistério Lançando na terra sementes de paz Sem nenhum desejo que não fosse amar.
Traduções
Não me recordo de quando me perdi Pelas esquinas do ser. A vida sem retoques, haja valentia! Lutando, resistindo, para não morrer No entanto, como tela desgastada Talvez sem chance de restauração. Contemplo a imagem sem contorno Sou eu. E sou também a sombra de mim Refeita em outras possíveis traduções. Cansada de correr mundo, peço pouco Queria apenas rever o parque E comer uma fatia de maçã do amor.
Monólogo sob o luar
Tanta beleza ainda para contemplar... Mas os meus olhos já não são os mesmos O meu olhar é impregnado de outro olhar. Os meus lábios tampouco são meus lábios São os gritos silentes Desse inquietante do presente. Meu coração não é mais um coração É a carência infinita De algo inexistente. Assim, meu corpo deixou de ser um corpo Fez-se árvore abatida Sob um sol sem vida. Enfim... a minha imagem É o retrato impossível De uma antiga miragem.
Argumentos
Acreditei Porque o tempo rezava comigo Tecendo a paz Porque a palavra era luz E não havia nada Capaz de eclipsá-la Que era bela, recém-nascida E ao redor somente havia sulcos Névoas e olhares frios Porque as mãos acompanhavam o texto Como se tocassem uma sonata Capaz de resgatar a aurora em plena noite. E nunca desejei voltar atrás Porque a beleza era a última imagem Guardada do sonho, ao acordar...

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