Este texto é dedicado à Escola Integral Técnica Estadual de Arte, Tecnologia e Economia Criativa Poeta Juca Pontes. No início do séc...

Educação pela arte

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Este texto é dedicado à Escola Integral Técnica Estadual de Arte, Tecnologia e Economia Criativa Poeta Juca Pontes.

No início do século 20, havia conflitos internos e externos em diversos países, cujos objetivos consistiam em definir territórios e impor, aos povos, o sentimento de nacionalismo. Revoltas sociais sangrentas eclodiam nesse cenário. A discriminação determinava as relações humanas. As nações estavam doentes de ódio, o que resultou em guerras mundiais. Com o intuito de construir a paz entre as nações, o livro Educação pela Arte (1943), escrito por Herbert Edward Read (1893 - 1968), crítico de arte e literatura e poeta britânico, apresenta a arte como a base da educação e como elemento para desenvolver a sensibilidade, a percepção, o sentimento, o respeito e a criatividade. Essa proposta engloba todas as formas de expressão artística,
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incluindo a literatura e a poesia recitativa, bem como a música e a audição, constituindo uma compreensão da realidade. A produção artística é a manifestação dos sentimentos interiores que se reflete no exterior, expressando o senso de pertencimento do indivíduo.

A formação estética dos sentidos gera as consciências que salvaguardam a dignidade humana; também fomenta juízos críticos e estimula as capacidades intelectuais dos indivíduos. Esse contributo ocorre na medida em que a consciência estabelece uma relação harmoniosa e constante com o mundo exterior, resultando numa personalidade integrada. Segundo Read:

“O objetivo da educação, portanto, só pode ser o de desenvolver, juntamente com a singularidade, a consciência social ou reciprocidade do indivíduo. Como resultado das infinitas permutações da hereditariedade, o indivíduo será inevitavelmente o único, e essa singularidade, por ser algo que ninguém mais possui, será de valor para comunidade. Ela pode ser uma maneira única de ver, pensar, inventar, expressar a mente ou a emoção – e, neste caso, a individualidade de um homem pode constituir um incalculável benefício para toda a humanidade. Mas a singularidade não tem sentido nenhum prático quando isolada.
Nat. Gallery
Uma das mais acertadas lições da moderna psicologia e das recentes experiências históricas é que a educação deve ser um processo não apenas da individualização, mas também de integração, que é a reconciliação entre a singularidade individual e a unidade social.”
READ, 2001, p. 6

Nos textos de Read, observa-se que a arte participa de toda a existência humana e está presente em tudo, satisfazendo os sentidos e fornecendo as bases teóricas para uma educação libertadora, fundamentada na experiência, intuição e individualidade. O poeta apresenta a necessidade de uma formação do sensível em prol de reformas educacionais, em todas as áreas do conhecimento.

A "Educação pela Arte" foi formulada por Pitágoras (séc. VI a.C.) e por seus seguidores. Os pitagóricos encaravam o mundo como um cosmo, isto é, como um todo ordenado. Para eles, a harmonia, regularidade, homogeneidade, uniformidade e ordem do universo são expressas na harmonia dos números, que estabelece uma conexão entre o mundo e a matemática e que é expandida à harmonia espiritual do homem.

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"Hino dos Pitagóricos para o Sol Nascente" Bronnikov, 1869
Herbert Read explora a arte no ambiente escolar como uma forma criativa de expressão. Sua proposta, conhecida como "a educação pela arte", busca valorizar nos indivíduos os aspectos intelectuais, morais e estéticos, despertando sua consciência individual e integrando-os ao grupo social ao qual pertencem. O trabalho de Read é fortemente embasado em psicologia e filosofia. No livro citado (2001, p. 231), ele apresenta três atividades que devem ocorrer na educação por meio da arte: autoexpressão, que envolve a necessidade inata de comunicar pensamentos, sentimentos e emoções aos outros; observação, que é o desejo de registrar impressões sensoriais, aprofundar o conhecimento conceitual, construir
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S. Ribbing, 1864
a memória e criar objetos que auxiliem as práticas do dia a dia; e apreciação, que é a resposta do indivíduo às diversas formas de expressão dirigidas a ele por parte de outras pessoas, e geralmente, a resposta aos valores presentes no mundo.

Read não tem a intenção de postular que a educação pela arte deve formar artistas, nem mesmo críticos ou teóricos do fenômeno estético, com habilidade para refletir sobre estilos, escolas e tendências, ou discorrer sobre a história da arte. Ele demonstra preocupação no sentido de que a arte pode ser um instrumento ideal para a educação do sensível, ao estabelecer conexões entre o conhecimento sensorial proporcionado pelos sentidos e a capacidade abstrata e simbólica do ser humano. Em seus escritos, observa-se que só a educação — em seu sentido mais amplo, como crescimento orientado, incentivo à expansão, a criação como ternura — pode garantir que a vida seja vivida em toda sua espontaneidade criativa natural, em sua plenitude sensual, emocional e intelectual. O poeta britânico afirma: “A arte é representação, a ciência é explicação – da mesma realidade” (READ, 2001, p. 12). Nesse argumento, ele analisa as relações entre arte e educação, sintetiza ideias que fundamentam filosoficamente a educação, a arte e até mesmo a educação matemática.

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