Durante o período colonial da Paraíba, entre 1585 e 1889, a música sacra cristã foi introduzida nas igrejas por meio do cantus planus...

Música erudita da Paraíba

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Durante o período colonial da Paraíba, entre 1585 e 1889, a música sacra cristã foi introduzida nas igrejas por meio do cantus planus, o canto gregoriano. Nos espaços públicos, como vilas e municípios, bandas militares formaram músicos e preservaram festas populares e cívicas. Já no século XX, a música erudita paraibana ganhou destaque por meio de orquestras, grupos de câmara e corais, especialmente com a criação de instituições culturais, educacionais e acadêmicas.

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Gazzi de Sá
Em 1931, foi fundada em João Pessoa a Escola Estadual de Música Anthenor Navarro (EMAN), pelo maestro Gazzi de Sá (1901–1981), inicialmente em sua casa, ao lado da Catedral de Nossa Senhora das Neves. Hoje, a escola funciona no Espaço Cultural José Lins do Rêgo. Já em 1945, a Sociedade de Cultura Musical da Paraíba criou a Orquestra Sinfônica da Paraíba (OSPB), que estreou no Cine Plaza, em João Pessoa, com a regência do maestro Vicente Mário Ferrari Fittipaldi (1904–1995), e foi registrada em 1948, sendo reconhecida como de utilidade pública pelas Leis nº 29/1945 e nº 564/1951.

A criação do Departamento de Música da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em 1978, marcou um avanço na formação musical, oferecendo cursos de bacharelado, licenciatura, mestrado e doutorado. A atuação do departamento contempla desde a formação de instrumentistas, compositores e regentes até a pesquisa em educação e cultura musical. Em 2011, o Instituto Federal da Paraíba (IFPB) criou seu curso de Bacharelado em Música no campus de João Pessoa. A formação inclui prática instrumental individual e em grupo, recitais e estudos de improvisação, além de desenvolver percepção musical e interpretação artística.

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Projeto Prima-PB Secom-PB
Em 2012, surgiu o Programa de Inclusão Através da Música e das Artes (PRIMA), institucionalizado pela Lei nº 11.261/2018. O projeto busca promover a inclusão social de crianças e jovens, especialmente os da rede pública ou em situação de vulnerabilidade social, por meio do ensino de instrumentos sinfônicos. Com polos em vários municípios, o PRIMA estimula a cidadania, democratiza o acesso à música e valoriza a diversidade cultural paraibana.

A música erudita da Paraíba conquistou projeção nacional e internacional, impulsionada por festivais em João Pessoa e Campina Grande e pela formação de músicos premiados em todo o país. Eventos como o Festival Internacional de Música Clássica de João Pessoa e ações sociais em bairros da capital contribuíram para isso. Compositores paraibanos têm sido fundamentais na construção de uma identidade musical própria, mesclando erudição com elementos culturais regionais, como o forró, o baião e ritmos afro-indígenas e folclóricos.

Um dos nomes mais relevantes da música erudita paraibana é José de Lima Siqueira (1907–1985), nascido em Conceição do Piancó. Compositor e maestro reconhecido internacionalmente, Siqueira fundou a Orquestra Sinfônica Nacional, a de Recife e
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Maestro José Siqueira MEC
diversas outras instituições musicais. Ele publicou livros didáticos importantes e regeu orquestras em vários continentes, sendo frequentemente convidado como jurado em concursos internacionais.

Outro destaque é o multi-instrumentista Severino Dias de Oliveira, o Sivuca (1930–2006), nascido em Itabaiana. Sivuca levou a música da Paraíba ao mundo ao misturar gêneros como frevo, choro, jazz, blues, baião e música erudita. Foi maestro, arranjador, compositor e cantor de reconhecimento mundial, promovendo a cultura nordestina por meio de uma linguagem musical universal.

A música erudita continua a expandir sua visibilidade. A Rádio Tabajara FM 105,5 transmite o programa Domingo Sinfônico; o jornal A UNIÃO mantém a coluna Estética e Existência; e há uma temporada de concertos promovidos pela OSPB — profissional, jovem e infantil — e pelos festivais, como o Internacional de Música de Câmara (PPGM-UFPB), o Paraibano de Coros e o Internacional de Música de Campina Grande. Essas ações proporcionam acesso democrático à música, promovem o desenvolvimento intelectual do público, fortalecem o senso de pertencimento e colaboram com a valorização da cultura. Além disso, desenvolvem a sensibilidade estética, o senso crítico e ajudam na superação do embrutecimento humano, consolidando-se no imaginário coletivo como expressão viva de arte e cidadania.


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  1. Texto oportuno e muito rico em informações, Klebber. Parabéns. Francisco Gil Messias.

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