O destino dos livros em Serraria era algumas casas na rua principal e ao redor da praça central, e objeto de adorno de salas nas casas...

O mundo encantado das livrarias

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O destino dos livros em Serraria era algumas casas na rua principal e ao redor da praça central, e objeto de adorno de salas nas casas-grandes de engenhos no tempo quando já estavam a caminho de apagar a fornalha.

No sítio onde morávamos restavam, na maioria das vezes, revistas sobre agropecuária e a desbotada Bíblia, de modo que somente em Arara, já entrando na metade da segunda década de minha vida, cobicei a biblioteca de Marísio Moreno. Quando cheguei para morar nesta Capital, em 1971, ampliei o olhar à estante apinhada de livros que Nathanael Alves abriu para mim e que, depois, Gonzaga Rodrigues ensinou como escolher a melhor leitura e dela tirar proveito.

Na época quando cheguei para morar nesta cidade, se não me engano, existiam as livrarias São Pedro, Casa do Estudante e Bartolomeu, e num apertadinho da Galeria Caxias, a pequena Livraria do Luiz, afora o Sebo de Albertino, à Rua da República.

Foi na pequena livraria que comercializava obras das Edições de Ouro, existente numa galeria da Rua Duque de Caxias, nos anos de 1970, do livreiro Luiz Carvalho, onde manuseava livros novos e comprava obras literárias que seriam minhas. Afinal, Nathanael recomendava a leitura como prática diária.

Passava pela calçada das livrarias sem entrar, motivado pela escassez de numerário, ou por ser acanhado. Sempre fui um sujeito curto nas conversas, reservado feito caboclo do mato. Nos encontros no terraço de Nathan, ficava detrás das cadeiras, escutava conversas, a instruir-se.

Aos sábados pela manhã, costumeiramente, observava livros expostos em vitrines das livrarias. Comecei a frequentar o espaço do livreiro Luiz Carvalho, que tem raízes familiares em Serraria, onde tinha acesso às obras de grande valor literário. Com facilidade de pagamento, comprava obras de autores nacionais e estrangeiros, sempre após consultar Nathan. Luiz anotava numa ficha de cartolina o valor da compra e abatia as prestações ao final do mês. Aquilo lembrava o modo de papai vender mercadorias na bodega.

Recordo estes momentos para indicar ao leitor que não foi em Serraria nem em Arara, mas para lembrar pesquisa que aponta um crescimento de instalação de novas livrarias no País, o aumento pela busca ao livro, mesmo que seja percentual baixo em relação a população brasileira.

O filme, o seriado e a novela de televisão proporcionam novas formas de acesso às leituras, o que não se tinha em décadas passadas.

Quando estou em uma livraria, gosto de observar jovens folheando livros. Percebe-se que estes comentam a história, sempre a partir de um filme a que assistiram.

Por mais que as redes sociais sejam usadas pelos adolescentes, nota-se o gosto destes pela leitura. Nas livrarias é comum pais e avôs, como é meu caso, com netos a manusear livros. É prazeroso estar com os pimpolhos nesses ambientes transformado em lugar de lazer. Afinal, livraria é um mundo encantado, onde se fala muitas línguas e se têm muitas paisagens.

Obs.: Infelizmente temos um presidente que coloca uma arma na mão da criança, em vez de livros.

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