LUTO Luto Por um lugar ao sol, Para manter o sorriso no rosto, Para ter voz e vez, Para manter a altivez. Luto Pelo amo...

Como a erva do campo

poesia paraibana volia loureiro
 
 
 
LUTO
Luto Por um lugar ao sol, Para manter o sorriso no rosto, Para ter voz e vez, Para manter a altivez. Luto Pelo amor de cada dia, Pelo pão que sacia A alma... o corpo, Para mudar o que está posto. Luto Pelo direito de ser, Para continuar a sonhar, Para ter sempre algo bom A receber...a dar. Luto E a luta é árdua, dorida, É luta pela razão, Pela liberdade, pela vida, Refrega solitária e sofrida. Que deixa por vezes a alma Em luto.
UM PASSO
Um passo, Um pé diante do outro, Começo de um caminhar, Mergulho em uma aventura, Uma dança , No compasso. Um passo... Basta esse gesto, Pra se mudar uma história, Pra seguir uma estrada, Pra ser derrota ou vitória. Um passo... Pode ser largo ou miúdo, Pode ser alegre ou sisudo, Barulhento ou mudo. Tudo depende da intenção, Um passo para seguir em frente, Para voltar atrás, Para ser liberdade ou prisão. Caminhar em passos firmes, Ora largos, ora miúdos, Em pas de deux ou tropeção, Porém nunca parar, A vida nos pede ação.
LÁGRIMAS
Algumas são frias, A nos congelar a face, São as mágoas que escorrem Da alma, Como o vapor que condensa no gelo Da alma ferida. Algumas são mornas, aconchegantes, Lágrimas de emoção, de alegria, E a alma se lava no mar morno Do amor bem sentido, Dos sonhos conquistados, E o olhar brilha com nova luz. Algumas são ferventes, amargas, Queimam a alma na saudade, Na dor de amor sofrido, Na decepção do sonho perdido. E os olhos ganham um ar de distância, O riso um travo de amargura. As lágrimas exsudam os movimentos da alma, Trazem cicatrizes à face, Mas como não vertê-las? Se até das pedras nascem olhos dágua? Vivemos no líquido oceano das emoções, E os olhos são as janelas desse mar.
SOLTANDO A VOZ
Aonde vai a minha voz? Em quais ouvidos chegará? Que corações tocará? Que emoções despertará? Aonde vai a minha voz? Será levada pelo vento? Será ela um acalanto? Ou será simples lamento? Será uma canção de amor, Cantada na madrugada? Ou nos lábios de um boêmio, Será uma simples balada? Será um hino apoteótico Que levantará a multidão? Ou um verso ao pé do ouvido, Para cativar um coração? Aonde vai minha voz? Espalho-a ao vento, Para que ganhe os espaços E chegue até às estrelas. Que seja levada No cantarolar da chuva Que cai na madrugada. No sussurro de uma prece, No choro de um amor sentido, Nas asas de um colibri ligeiro, Que cruze os ares e montanhas, Seja em dó ou sustenido, Talvez, em uma madrugada, Ela chegue ao teu ouvido.
MINHA MEDIDA
Darei de mim a gota Que não falta, Nem transborda. Essa é a minha medida. Não te darei o meu excesso, Para que eu não me perca, Para que eu não me falte, Para que eu não me negue. Aprendi com a chuva A não ser enchente. Aprendi com o sol A não ser deserto. Serei resposta ao chamado E silêncio simplesmente A teu olhar indiferente. Não te darei a minha safra inteira, Porém um fruto por vez, Aprendi com a erva do campo A florir só na estação. Essa é a minha medida, É só o que dou. Para que eu me baste, Para que me salve Para que haja ainda coração.
EU E MEU SILÊNCIO
Talvez seja disso que eu precise... Do silêncio... Calar a alma... Viajar para dentro de mim... Esquecer o mundo... É bem disso que eu necessito. Meu silêncio. O teu barulho me dá medo... O teu grito me causa dor... A tua tempestade me apavora... A tua guerra me sufoca... Então, deixa que eu me vá... Vou saindo estrategicamente, Para que não haja mais danos, Para que não haja mais dor, Para que nada morra... O jardim permanecerá lá, Intacto, Frio, Nebuloso, Porque as flores já se foram... E não deste falta delas, Porque as pedras para ti são mais importantes, Valem mais, Machucam mais... Assim eu parto, Eu e o meu silêncio, E deixo apenas o vazio, Para que possas preenchê-lo, Com a tua loucura e solidão.

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