O relógio em seu tic-tac perceptível das horas escuras da madrugada se faz presente. Dialoga com o silêncio das coisas inanimadas que g...

Tempo que não cansa

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O relógio em seu tic-tac perceptível das horas escuras da madrugada se faz presente. Dialoga com o silêncio das coisas inanimadas que ganham vida durante o dia. À noite, o relógio marcha incontrolavelmente enquanto a corda lhe estira a vida, a pilha lhe conceder energia. Tic-tac que traz a névoa matutina, que levanta o Sol feito uma corda esticada até o outro lado do mundo e que libera o aparecimento da irmã Lua rasgando o mar e as nuvens. Tempo a desvendar o imperturbável andar da vida.

Srikanta
Através do nevoeiro, da borrasca, da chuva incessante e de todos os mecanismos naturais, assim como das armações humanas de invencionices, os tic-tac imaginários e reais seguem suas cantilenas. Uma ave melodicamente compassada e subdivida com precisão. Décimas de segundos, minutos provincianos ou urbanos, mesmo com o aparentemente de temporalidade diversa, são exatamente iguais. A hora que passa ou não passa contém o mesmo espaçamento. É uma folha a ser preenchida ou desperdiçada. Não, ela, a hora do tempo não voltará. Apenas será sucedida por outra de idêntico tamanho... de tempo.

Tic-tac que controla tudo. E para não se sentir prisioneira a melhor medida é agir de modo a ignorá-lo. Pois, qualquer tentativa de pô-lo em cabresto resultará em inutilidade. O tempo é a égua solta no pasto a cavalgar livremente pelas veredas, é o barco a seguir o fluxo dos ventos e das marés despreocupadamente no litoral, é música que atinge as maiores distâncias devido à sua suavidade. Melhor admirar o que ele produz a desafiá-lo com as voltas do relógio.

Thom Holmes
O doce açúcar do tempo da vida. O choro da chegada e o silêncio da partida. Reencontros, desencontros, descomandos temporários ou atemporais. A largura da volta do relógio será sempre cumprida pelo mesmo tempo. O diâmetro não importará para o resultado da corrida. Se poeticamente ele se permite controlar, provavelmente é uma concessão à magia das palavras, dos sorrisos, das cores e amores. Jamais será sinal de fraqueza, de cansaço. Não, tic-tac, o tempo nunca cansa. Inabalável, ele está a postos.

E mesmo quando o tempo para nós finda, num tic com ou sem tac... Ele segue e nos deixa no meio do caminho, calculando a mesquinha temporalidade individual. O tempo do nosso mundo é uma partícula indivisível do todo percurso descomunal do início sem fim do tempo.

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