O jornal britânico Dally Mail cobria um evento em uma reunião de aposentados na cidade de Londres em 2015 onde gente da terceira ida...

E a vida? Diga lá, meu irmão

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O jornal britânico Dally Mail cobria um evento em uma reunião de aposentados na cidade de Londres em 2015 onde gente da terceira idade estava ali reunida para partidas de “whist”, um jogo de cartas muito parecido como o “bridge”. Cada partida tinha início quando os quatro participantes recebiam treze cartas das cinquenta e duas de um baralho comum. Para surpresa do repórter que cobria o acontecimento, em uma das várias mesas do salão, onde se encontrava a senhora Wenda Douthwaite, então com setenta e sete primaveras, cada um dos participantes recebeu só cartas do mesmo naipe. Ela recebeu treze cartas de espada, outro treze cartas de paus, outro treze de ouros e o quarto treze de copas. Mas, o que há de extraordinário nisso?

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UCSF
Caro leitor, a probabilidade de isso ocorrer é apenas uma em 2 235 197 406 895 366 368 301 599 999 possibilidades. Olhando esse número que quando escrito cabe em uma linha de uma folha de caderno, pode não dar ideia de tão grande quanto ele é. Segundo o matemático, o Dr. Alexander Mijalovic da Universidade de Warwick: “A chance de acontecer algo assim é mesma que uma pessoa tem de encontrar uma determinada gota d’água no Oceano Pacífico”.

E o que isso tem a ver com a vida, já que o título dessa crônica a ela se refere? Vamos lá.

Diríamos que uma das desatenções da lei das probabilidades está no fato aparentemente trivial e corriqueiro de termos nascido. Não é nada de trivial como possa aparentar. Façamos algumas conjecturas.

Comecemos por considerar algumas variáveis: Naquele exato (exato mesmo!) instante em que fomos concebidos a nossa chance era uma em algo em torno de duzentos milhões. Isso naquele exato instante. É como fôssemos escolher uma pessoa entre os nossos duzentos milhões de habitantes do país e a pessoa selecionada fosse você! Chance muito pequena, não é?
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Rost9
Mas isso, estamos considerando que tudo ocorreu naquele exato momento. Um milionésimo de segundo depois seria outro “irmãozinho” a fecundar o óvulo. E por falar em óvulo, a probabilidade dele estar ali, naquele exato momento também é muito pequena. Enfim, caros leitores e leitoras, são tantas outras, mas tantas outras variáveis a considerar que a probabilidade de você ter nascido é menor do que aquela que ocorreu com a senhora Wenda e seus três amigos em uma mesa de carteado. Somos o mais absurdo e inacreditável descuido da lei de probabilidades. Tudo ocorreu para que não nascêssemos...Mas, nascemos!

Diante desse meu feito extraordinário que foi ter nascido, sugere-me o bom senso, não mais desperdiçar minha vida com preocupações de somenos. Tentarei cumprir com meus horários, tudo farei para pagar minhas dívidas dentro dos prazos, mas vou deixar de lado essas almas sebosas que me aporrinham o juízo. Não quero saber de pressão sobre meu cocuruto. Quero sim, celebrar esse presente que me foi concedido durante os anos que ainda me restam. Que presente? A vida, meus amigos, minhas amigas.

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Aisvri
Então, aquele DNA de roqueiro tardio, arrependido do tempo desperdiçado, leva-me àquela canção do Titãs composta por Sérgio Brito:

“Devia ter complicado menos Trabalhado menos Ter visto o sol se pôr Devia ter me importado menos Com problemas pequenos Ter morrido de amor Queria ter aceitado A vida como ela é A cada um cabe alegrias E a tristeza que vier”

É isso aí. Quero pescar descontraído. Quando possível tomar minhas cervejas com os amigos, ouvir suas mentiras e dizer as minhas. Quero ver filhos e netos distantes e dar os abraços que fiquei devendo. Ficar juntinho da mulher que amo e que soube me suportar.

Rogo aqui a algum amigo generoso, que quando da minha partida para outras dimensões (se outras houver) que coloque em em meu epitáfio: ESTOU AQUI SOB PROTESTOS. E sabem o porquê dessa escrita?

Porque a vida, meus amigos, minhas amigas, é como disse Gonzaguinha: “A vida é bonita! É bonita e é bonita!”. Bonita e improvável

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