Na lateral do edifício revestido de pastilhas verdes, umas plantas ornamentais na calçada lateral. Bonitas: esparramadas, em forma de flechas pontiagudas. Traziam problemas, posto crescerem rapidamente, e serem abrigo de ratos vadios e cobras. Foi encontrada uma coral perigosa. Um dos moradores sugeriu substituí-las por outra: “comigo-ninguém-pode”. Logo se opuseram; ninguém evitou o desmaio de uma das moradoras. Perdeu o filho caçula, menino ainda, que mastigou pedaço da folha assassina. Passado o alvoroço, os demais condôminos concordaram em desistir da pretendida e molesta substituição. Ficaram silenciosos por falta de descobrir a sucessora herbácea decorativa.
Albert Frank
Logo cedo, chegou ele com todos os apetrechos carregados por seus musculosos braços. De primeiro olhar, condenou as plantas a serem arrancadas, classificando-as como imãs de azar, atraíam malefícios ao prédio. Os moradores que circundavam o jardineiro logo atribuíram culpa àquelas plantas fartas pelos vazamentos, esgotos entupidos, rachas nas paredes. O arquiteto do edifício, também engenheiro responsável pela obra, entre os demais residentes, se viu absolvido das falhas técnicas. Decerto, aos cochichos, o condenaram pelos defeitos surgidos em quase todos os andares.
E presenciaram, solenemente, a derrubada inicial dos nocivos vegetais. O trabalho durou duas semanas. O local ficou mais limpo e arejado, pois o
Albert Frank
Dias após, alguém veio visitar seu Honório que, de pronto, em pijamas, abriu o portão ao neto. Há muito tempo não se viam. Aquele abraço! O avô apontou as plantinhas, orgulhoso, satisfeito por se haverem livrado das pontiagudas hospedarias de bichos perniciosos. O neto foi franco: "isso é cravo de defunto, vovô. Plantar agouro?!" Seu Honório ficou pálido. Seria necessário convocar outra reunião do condomínio...
Seu Honório era o síndico.