Argumentar é apresentar evidências para sustentar uma tese. Esse procedimento remonta à retórica clássica, que codificou os principais recursos capazes de promover a adesão ao ponto de vista do orador. Aprendemos dos gregos que tais recursos consistem basicamente de “provas” e “razões”. À língua cabia servir de suporte ao pensamento e conferir beleza à expressão por meio das figuras (flores retóricas), que constituíam uma espécie de acréscimo.
Uma pequena ilustração disso está na historinha que circulou há algum tempo na internet envolvendo um cego e um publicitário. O cego pedia esmola numa manhã ensolarada de Paris; junto dele havia um cartaz com os dizeres: “Por favor, ajude-me, sou cego.”
Ninguém pingava uma moeda em seu pires. Vendo isso, um publicitário que passava alterou os dizeres e foi embora. Quando voltou, horas mais tarde, percebeu que o pires estava cheio de dinheiro. O cego o reconheceu e perguntou o que ele havia escrito. “Nada diferente do antigo anúncio”, disse-lhe o publicitário, “mas com outras palavras.” No novo cartaz, aparecia: “Hoje é Primavera em Paris, mas eu não posso vê-la”.
Jardim das Tulherias (Paris) Michelle Raponi
Como se vê, o bom argumento é o que produz empatia, identificação. E a melhor maneira de conseguir isso é envolver pela linguagem o destinatário.