Depois de presenciarmos alguns rastros das passeatas políticas em Paris, pichações e sacos de lixos amontoados, denunciando as posiçõe...

Provence & o perfume de lavanda

provence turimo cronica viagem franca
Depois de presenciarmos alguns rastros das passeatas políticas em Paris, pichações e sacos de lixos amontoados, denunciando as posições daquele povo tão efervescente/conscientes da liberdade, igualdade e fraternidade, partimos ao sul.

Era um sonho para mim, conhecer um pouco da região da Provence, sudeste da França. Um desejo antigo, sentir aquele perfume das lavandas. Saímos da gare de Lyon em Paris (3 h no TGV- trem bala), para Aix en Provence. Seis dias, por aquelas terras azuis lilases. O encanto de tantas fontes e poder beber água no meio da rua. Como nos filmes românticos. O café da manhã com essa mesma água brotando de uma torneira na parede do hotel, croissants e pães sourdough, queijos todos, geleias, e frutas vermelhas. Pela janela do quarto, já avistava os telhados. As chaminés. E aquelas árvores majestosas.

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Aix-en-Provence (França) ALCR / Arkadiusz Förster
A Cours Mirabeau, linda. E em dia de mercado! Eu que não consigo raciocinar numa feira, fiquei logo paralisada. Roupas de linho, bolsas, sabonetes, sachês de lavanda, verbena e patchouli. E eu a comprar pano de prato!! Quatro mulheres perdidas nessas cores! Uma blusa amarela, outra azul, um vestido manchado, uma pochete mostarda, uma echarpe – mas já tenho tantas! e quem resiste? Tomei um Kir Royal para me beliscar. As ruelas, as barracas, o clima – céu azul, friozinho gostoso, e muita gente diversa por entre tudo. Prédios centenários, e novamente mercados de comida, temperos, mirtilos, e as famosas ervas da Provença – a mala veio cheirosa. Mas não consegui comer os famosos aspargos brancos – fartos nas barracas e escassos nos restaurantes. Mas teve por do sol, numa praça, cuscuz marroquino, e vinho rosé todos os dias.

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Aix-en-Provence (França) @anaadelaide.peixototavares
O ponto alto de Aix foi flanar, por entre ruelas (a Rue Marie Curie, para me lembrar do livro de Rosa Montero – A ridícula ideia de nunca mais de ver), até o Ateliê do pintor Paul Cézanne. Só a caminhada já é uma alegria, e paradas para admirar a paisagem das colinas e cores daquelas telas que vimos a vida toda nos livros de arte. A sua casa e o seu ateliê foram momentos sagrados e uma epifania estar diante dos seus quadros, os pincéis, as tintas, suas roupas, o seu quarto e todas as naturezas mortas/vivas. Na janela que dá para o pátio, as cores do que vínhamos nas tintas. E nos vídeos, a sua fala sobre as dificuldades e a expertise final de se pintar um cinza perfeito. A lojinha? Queríamos trazer o seu cavalete pra casa. Como não podíamos, trouxemos cartões, e posters a emoldurar. Depois, provamos Cassion e Navette, biscoitos típicos, com capuchino de lavanda, um néctar de ajoelhar.

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Aix-en-Provence / Ateliê de Cézanne (França) @anaadelaide.peixototavares
Dos seis dias assentadas em Aix, em dois fizemos excursões para o Vale Du Luberon - Arles, Saint-Rémy de Provence, Les Baux-de-Provence, Gordes, Roussillon, Feiras de Luberon: L´Isle sur la sorgue e Foutaine du Vaucluse.

Em Arles, me transportei para os girassóis do impressionismo de Van Gogh. A sua casa, o hospital que ficou um tempo tratando da orelha arrancada, e finalmente a casa de asilo onde tem o seu quarto pintado e repintado tantas vezes. Depois de ter visto a exposição imersiva em São Paulo ano passado, visitar todos os lugares desse artista genial, foi absurdamente espetacular me transportar para aquele cenário de trigais, cores primaveris e outonais. No asilo, os quadros são dispostos nos jardins e áreas externas conforme o tema dessas telas. Então a gente vê a paisagem com os nossos olhos e com os olhos de Van Gogh. E num silêncio igualmente sagrado, indescritível! Hoje, esse asilo ainda funciona numa ala para mulheres. E as lojas, com todos os objetos com esses tons lilases e amarelos únicos. Quem resiste aos cadernos, lenços, cartões, e brochuras, e pequenos quadros? Uma mala só não cabe com os meus objetos de consumo: ervas, lavandas, ímãs, chaveiros, perfumes, e mais outras cositas do além mar.

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Arles / Casa de Van Gogh (Provence, França) @anaadelaide.peixototavares
Em Le Baux de Provence, eu cansei as canelas naquela paisagem que já foi mar um dia. Uma pedreira. E quantas ruelas de tantas belezas. Turistas estarrecidos naquela brisa diante de um vale sem fim. E depois, as “Spring Waters”? águas das fontes de Vaucluse. Um caminho que desemboca num lago azul; água que escorre de todos os lados. Água que abastece tantas cidades. Água. E um Crepe Suzete como nunca havia comido. Com limão e mel de lamber os beiços. Em Gordes, a parada é providencial, da beira de um precipício para apreciar aquele povoado encrustado na montanha. Medieval, e o seu castelo exuberante. Roussillon, tudo em penhascos ocre-vermelho! E florido. Os campos de poppy (papoula vermelha -,A flor em questão é a papoula, que se tornou um símbolo do armistício por ser a primeira flor a nascer nos campos de batalha, sendo, também, uma referência ao sangue derramado na guerra.) Uma delas, inadvertidamente, ficou no meu cabelo.

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Gordes (Provence, França) @anaadelaide.peixototavares
Por fim, a feira de Isle. A maior da região. Antiquários. Ruelas. Rio pelo meio da cidade. E uma pulseira africana que pulou no meu braço. Uma echarpe da cor violeta e as flores dos impressionistas não poderia faltar. Fazia frio e eu queria trazer os pratos, as comidas, e os crepes que incensavam aquela paisagem. Terminamos a comer morangos frescos na rua, com a boca encharcada de sumo e vermelho. Meu coração tum tum. Sabia que, aquela paisagem que me emudecia, se despedia. Por entre um lugarejo e outro, paramos para admirar a casa/cenário do filme – A good year (Um bom ano, 2006, Ridley Scott), com Russell Crowe e Albert Finney. Coisa de cinema mesmo…

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L'Isle sur la Sorgue (Provence) @isle.tourism
Seis dias naquela região, para finalmente voarmos de Marseille para London London e Cardiff, onde chegaríamos em casa. Digo, no aconchego da minha irmã (e meu cunhado, Anthony), para descansar as pernas, contemplar os cliffs, por longos doze dias, de amor na cozinha, e por entre as terras galesas. E a viagem continua....

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