Poeira também é poesia Poeira de estrelas Tão poético, e a Vassoura vai varrendo Indiferente, e atando Todo o lixo da casa. ...

Ária para uma lesma

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Poeira também é poesia
Poeira de estrelas Tão poético, e a Vassoura vai varrendo Indiferente, e atando Todo o lixo da casa. Na beira da mesa a lesma A mesma esconde a eira Areia de praia que ensaia Soltar as raias por essa casa Me arrasa, tua cauda rasa A minha asa tão só, cantando... Poesia também é poeira Nalgum recanto da casa Independe de que a arrasta E tão casta é a moça Que varre o meu quintal. Quero lustrar tudo Com brilho de lua cheia Limpar o chão da saudade Gastar restos de um Amor insano Nada ficar pós O tapete da sala Que teima em Guardar lembranças. Abro as gavetas Fechos as janelas E nelas tu espraias Só sobrando as marcas Dos teus peitos no parapeito Então, lustra-me, flanela-me, Anela-me. Uso detergente para Curar as mazelas Desinfetante para Curar as feridas. Quero a casa limpa De traças Para acolher Novos amores. Quero as taças límpidas Quero a pia brilhando Quero nenhum rastro de nada Além do somos nós Entre machados lençóis. Ednólia Martha (In memoriam) Leo Barbosa (20/10/2011)



ÁRIA PARA UMA LESMA
Canto uma ária de ópera E espanto as tristezas Até a lesma saiu Vagarosas, rastejando Na pedra Deixando a gosma Que brilha Num sol escaldante. A lesma solou na gosma Mesclou-se ao sol Virou pedra. Nenhuma operação Na área pétrea fará voltar-se. Sem lesma não Há poesia. Tudo tórrido Sem encantamento. O dia do poeta Dura pouco Acabou a poesia. Ednólia Martha (In memoriam) Leo Barbosa (20/10/2011)

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  1. O poeta lutando com as palavras - e vencendo a luta. Bravo, Leo! Francisco Gil Messias.

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