E, em seguida, a bala cantou.
Sessenta e dois anos depois, acho que vale a pena recordar um dos momentos mais trágicos do Senado brasileiro.
Vamos ao que importa. A política do Estado de Alagoas elegera como senadores o já citado Silvestre Péricles e Arnon de Melo, este
Auro de Moura Andrade
Senado Federal
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Naquele dia, o presidente do Senado, Auro de Moura Andrade, fora avisado de que a temperatura entre os dois senadores aumentara muito, com informações de que ambos haviam mandado vir, de Alagoas, seus pistoleiros para “abrir um azar” no plenário do Senado Federal.
O presidente Auro Andrade determinou que os seguranças da Casa revistassem todos que entrassem no salão. Até o irmão do ex-presidente Fernando Collor, Leopoldo Collor de Mello, filho mais velho do senador Arnon de Mello, à época com 22 anos, teve seu revólver tomado à entrada do plenário. Atentai: um jovem de apenas 22 anos com uma arma na cintura, naquele ambiente, não era promessa de boa coisa.
E realmente circulava o boato de que o senador Silvestre Péricles havia prometido matar seu inimigo caso ele discursasse naquele dia.
Silvestre Péricles de Góis Monteiro
Senado Federal
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Imediatamente, Arnon sacou seu trinta e oito e atirou. Silvestre jogou-se ao chão e rastejou entre as poltronas com seu revólver na mão para revidar, porém foi desarmado pelo senador João Agripino (depois governador da Paraíba).
Ocorre que, na confusão, o senador José Kairala (39 anos), do Acre, que, como suplente, estava em seu último dia de mandato, tentou ajudar Agripino a conter Silvestre e foi atingido no abdômen. Seu filho pequeno, sua esposa e sua mãe, que ali estavam para assistir à última participação de Kairala no Senado, testemunharam sua morte.
Arnon ficou algumas horas preso, porém foi liberado e posteriormente julgado, sendo inocentado. Voltou a exercer o mandato de senador, que só deixou quando morreu em 1983.



















