Mostrando postagens com marcador Francisco Rosendo Rodrigues. Mostrar todas as postagens

Os descompromissos do Domingo entregavam a solidão do entardecer amparado na santa monotonia do ocaso, com o sol se aninhando por entre a da...


Os descompromissos do Domingo entregavam a solidão do entardecer amparado na santa monotonia do ocaso, com o sol se aninhando por entre a dança receptiva da folhagem do espesso matagal, moldura que vara o tempo encaixando a mansidão das águas do Rio Sanhauá.

Pausadamente, descendo ao lado do silêncio impregnado na preguiça das ruas, as vezes cortadas por mistura de vultos pacíficos, passos trôpegos e uma canção desconexa de um bêbado retardatário. Perdido.

Uma presença mais forte de sensações tresmalhadas, tocavam esquinas e em ritos secretos ofereciam à brisa uma suave espessura. Sombras e expressões vivas, em cada umbral, átrio, pisos e portais, surgem pendurados na memória que perfilados vão cabendo em prolongados suspiros.

A frontaria, primeira feição urbana da cidade, teima em não esconder traços dos seus ornatos nas rugas do desamparo. Remotas cantigas de amor retomam a prosa, quando a calma em êxtase atordoa, diluindo o poema preso.

Em tudo, o silêncio sincero postado do lado, marcante, arrogante, intacto. Becos e ladeiras se guardam solidariamente, exigindo reverências, interpondo pausas nas sombras sempre retocando espaços no quadro geral do tempo.

A tarde caiu, desfez as distâncias, luzes sutis moldaram novos contornos, quando um rancor limpo se arvora dono e vai até uma sonolência lastimosa, bruscamente vencida pelo impacto da ausência de costumes, que guardem na memória da comunidade a sucessão natural do passado e as penas de se caminhar em passos de valsa nos salões do tempo por essas veredas pajeando cortejos ancestrais.

Ninguém ama o que não conhece... E como sede secante, o pedaço mais precioso do nosso chão, ventre, tronco e alma da velha urbe que nasceu de costas para o mar, lentamente segue na estrada dos séculos se afastando da significação do vocábulo que lhe outorga o nome, Varadouro - sítio onde se reúnem pessoas para descansar ou conversar.