Se o leitor tem certeza que sabe do que se trata, então até a próxima semana. Se tem dúvidas ou não tem a menor ideia, siga o caminho que trilhei.
Primeiramente fui saber como os bancos ganham dinheiro. Ô Pedro Bó, isso todo mundo sabe. Eles remuneram os depositantes com juros de, digamos, 13% ao ano. E emprestam essa grana a… 60% ao ano. Segundo meu colega A. V., essa máquina de fazer dinheiro funciona assim; eles consideram o dinheiro dos correntistas como passivo, que é a bufunfa usada pelos bancos para fazer empréstimos, cobrir saques e transferências.
Admiro os vigaristas porque conseguem despertar no ser humano a vontade de levar vantagem sobre sua aparente ingenuidade. Não existiriam vigaristas se não houvessem trouxas querendo lucrar facilmente.
Diz-se que a palavra vigarista deriva de um golpe conhecido como conto do vigário. Teria sido originada em consequência da briga entre duas paróquias de Ouro Preto que disputavam a imagem de uma Santa. Um dos vigários propôs que colocassem a tal imagem em cima de um burro. Para a paróquia que o burro se dirigisse, ali ficaria a imagem. Acontece que o burro era de propriedade desse vigário, o vigarista, e para sua paróquia dirigiu-se o burro, ficando o vigário vigarista com a imagem.
Com certeza você está no prejuízo e nem sabe, explorado leitor. Não pense que só são vítimas dos ladrões de precatórios os brasileiros que tem questões judiciais contra a União, Estados ou Municípios e que só recebem sua grana com atraso de dezenas de anos através dos famigerados precatórios.
Quando Dilson Funaro era o super poderoso Ministro da economia (governo Sarney), foi passar o carnaval em Olinda. Por coincidência hospedei-me no mesmo hotel (Quatro rodas); eu e mais uns tantos paraibanos. Logo no primeiro dia consegui que o dono da solitária banca de jornais da região me garantisse por todo o período de carnaval o fornecimento do jornal Folha de São Paulo, aliás um único exemplar que chegava diariamente.
Paulo Renha, Ivan Santiago e eu estávamos a bordo de um avião vindo do Rio de Janeiro para cá. Paulo acabara de lançar o triciclo Renha, sonho de todos os jovens e somente dois exemplares haviam saído da fábrica; o dele, amarelo, e o meu, preto. Renha emprestara seu triciclo para Roberto Carlos fazer as fotos de capa do seu disco recém-lançado e a revista Quatro rodas que acabara de chegar nas bancas trazia uma matéria sensacional sobre o triciclo. Ou seja, estávamos “na moda” em todo o país; éramos os playboys do Rio de Janeiro. Com a revista em mãos comentávamos sobre a matéria quando um vizinho de poltrona pediu emprestada a Quatro Rodas porque também tinha um triciclo. Paulo gelou; será que havia um concorrente no mercado? Gentilmente perguntou ao rapaz onde ele havia comprado seu triciclo e ele orgulhosamente disse que Paulo Renha, de quem era amigo de infância, havia lhe vendido. Ele disse isso AO PRÓPRIO PAULO RENHA. Foi um resto de viagem bastante divertido.
Basta de vermos animais arrastando carroças em meio a centenas de veículos pelas ruas de João Pessoa. Basta de observarmos o sofrimento de jumentos expostos ao sol do meio dia, tendo que puxar centenas de quilos sob chibatadas em seu lombo. Basta de corrermos o risco diário de uma tragédia anunciada com uma eventual disparada do animal, enlouquecido de tanto ser acicatado e partindo para cima dos automóveis, provocando um acidente fatal. Não creio que passem de uma centena os proprietários de carroças aqui na capital.
Eita que hoje eu me espalho! Pra começo de conversa o título vai em inglês porque tratarei DO CARA americano. Viveu apenas 47 anos (teve uma morte incrível), porém foi intenso. Estadista, político, acadêmico, comandante militar, advogado, banqueiro e economista. Foi um dos pais fundadores dos Estados Unidos. Foi também um dos mais importantes proponentes da Constituição federal americana e suas ideias sobre o sistema financeiro dos E. U. A. ainda hoje sobrevivem e valem, em consequência de ter sido o principal autor das políticas econômicas do governo de George Washington, o primeiro Presidente da nação americana.
Muito difícil encontrar alguém tão conscientemente provisório como eu. Ainda jovem entendi que quanto mais possuímos as coisas, mais somos possuídos por elas. Talvez a primeira vez tenha sido quando fui buscar com meu amigo Luiz Carrilho Neto o primeiro Puma que chegava na Paraíba. Era lindo; conversível, todo branco por dentro. Lembro que subíamos da lagoa em direção à praia quando ao lado do Liceu um Jeep velhíssimo abalroou o sonho da vida de qualquer jovem e destruiu completamente a traseira do Puma. Desceram 2 bêbados sem a menor noção do valor do prejuízo e um deles mandou: “— Probrema não, miníno. Passa lá na oficina de Alipito que nóis conserta”.
Evita morreu de câncer aos 33 anos e seu corpo foi mantido num sistema de embalsamento contínuo à espera do término da construção do mausoléu, o que não ocorreu porque o General Aramburu “destronou” Juan Domingo Perón 3 anos depois e assumiu a presidência da Argentina. Naquela ocasião, o chefe do serviço de inteligência, Coronel Koenig, invadiu a sede da CGT e encontrou o corpo dela. Informado, o presidente Aramburu temeu que os peronistas sequestrassem o cadáver e o usassem como bandeira. Sabia que Evita morta teria um potencial político bem maior do que viva.
Juro que é verdade e há provas. Nesses esquemas revelados pela finada operação lava-jato é impressionante o que a mídia deixou escapar, fatos que com certeza serviriam para um excelente roteiro de cinema destinado a um Oscar.
Os mensageiros das construtoras envolvidas na safadeza costumavam marcar com os destinatários das propinas as datas e locais para entrega dos milionários valores. Ocorre que algumas vezes havia desencontro e aquela dinheirama toda ficava na mão dos mensageiros, sujeitos a pessoas desonestas, né?
Nerivan e Zenildo discutiam aos berros no café da manhã da padaria Bonfim. Era tanto barulho que a professora de natação da academia Prodígio (que fica bem longe) interrompeu a aula de hidroginástica e deu uma chegadinha na varanda da padaria para pedir aos dois que baixassem o volume porque os alunos não estavam conseguindo ouvir os apitos da mestra.
O tema da discussão? Nerivan sustentava que os homens são iguais na doença e na morte enquanto Zenildo apontava diferenças entre ricos e pobres,
Leitores queridos, o saboroso assunto de hoje tem muito menos a ver com culinária do que com o nadismo, filosofia que sigo com sucesso desde muito tempo. Nessa busca incessante de não me preocupar com nada que importe (mesmo porque nada que importa vale nosso tempo já que não podemos interferir junto aos poderosos que decidem sem nosso consentimento sobre tudo que importa) restrinjo-me a alimentar o corpo com o que realmente vale a pena. Reduzi muito minhas opções gastronômicas. Cortei carnes, massas, doces, refrigerantes… quase cortei os pulsos, mas enfim deverei morrer com uma saúde excelente.
Dizem que Deus tem um carinho especial pelos que atraem doidos e bêbados. Se é verdade, o meu crédito lá no céu é enorme. De certeza, sei que o meu colega escritor Ariano Suassuna afirmava gostar de histórias de doido, talvez até por identificação.
Se eu estiver em qualquer lugar acompanhado por dezenas de pessoas e chegar um doido ou um bêbado, adivinhem quem ele vai procurar em primeiro lugar? Meus amigos sabem disso. Poderia contar dezenas de histórias minhas com doidos.
Porém, por falta de espaço, escolhi apenas uma para ilustrar essa condição.
Quando meus pais perderam tudo, não tinham evidentemente condições de contratar um advogado para defender a família nas centenas de causas judiciais que pipocaram por todos os lados. Então, fui estudar Direito e, desde o primeiro dia de aula, já estava atazanando o juízo de amigos advogados para me ajudarem a peticionar.
Meus maravilhosos professores da UFPB muito me ajudaram e fui empurrando com a barriga o quanto pude a avalanche de broncas que só aumentava. Mas isso é história para outros escritos. O que importa hoje é relatar como sobrevivi sem nenhuma fonte de renda
Imaginem, leitores queridos, uma empresa anunciando que irá se instalar aqui na Paraíba e gerará 15.000 empregos. Empregos diretos — diga-se de passagem —, o que significa, por baixo, mais uns 30.000 empregos indiretos. Imaginem, também, que a empresa será instalada num local ermo, com baixíssima população e sem nenhuma infraestrutura. Portanto, caberá a essa empresa construir tudo, desde ruas e abastecimento de água e luz até as casas onde seus operários irão residir. Some-se a isso praças, cinema, clubes, escolas... enfim, tudo o que se fizer necessário para que os empregados tenham um padrão de vida adequado.
Em frente à padaria de Juca, por trás da agência do Banco do Brasil da av. Rui Carneiro a elegante senhora e seu marido confirmaram meu nome e se disseram meus leitores. Já foi o suficiente para me ganharem. Ela contou que graças a um dos meus escritos reviveu o tempo que estudara em Pernambuco quando uma colega dela apaixonou-se e terminou casando com o "homem da cobra"; isso mesmo, aquele cidadão que andava de cidade em cidade com uma mala onde guardava um peixe elétrico e também trazia uma caixa enorme onde enroscavam-se umas quantas cobras, mercando um líquido mágico misterioso ao qual atribuía o poder de curar varizes, sovaqueira, queda de cabelo, chulé e muito mais.
Vou contar uma das muitas presepadas de minha mãe.
Envolvida com o movimento da terceira idade e querendo animar as amigas, decidiu adaptar a história de Chapeuzinho vermelho para o teatro e construiu uma peça incrível. Na cabeça de Creusa Pires tudo era possível, tanto que a peça já começava com a mãe de Chapeuzinho no centro do palco dizendo para a plateia que estava muito preocupada porque o fundo da panela onde preparava as refeições havia caído. Em seguida lamentava-se: "— Ah, onde eu conseguirei um frandileiro para consertar a panela?". Na verdade, referia-se aos funileiros, porém isso menos importa.
Eu estava saindo do Bompreço da avenida João Machado. Dirigia-me ao caixa quando fui surpreendido por uma mendiga magérrima com uma sandália na mão perseguindo e espancando duas crianças raquíticas, minúsculas, que haviam entrado correndo no supermercado fugindo dela. Não teriam mais de 5 anos de idade. Uma das crianças deixava uma linha de xixi à medida que levava chineladas.
Bom dia, meu neto querido. Gostei de ver você respeitando o que ensinei, principalmente aquela máxima de que quando estiver numa reunião com mais de cinco pessoas e não achar um idiota ao redor da mesa pode ir embora porque o idiota é você. Hoje quero tratar de outro ensinamento meu, o de que todo dia saem de casa um besta e um sabido, e quando eles se encontram, fazem um negócio, já que é impossível haver negócio entre dois bestas ou dois sabidos. Alguém sempre tem que perder. Portanto, ao sair de casa certifique-se de encontrar alguém mais besta de que você.