Parte II
Um célebre jantar na Borgonha
Um célebre jantar na Borgonha
Após dez dias na França, sendo uma semana em Paris e três dias no Vale do Loire, partimos para a região da Borgonha, berço da família Rolin.
Nós escolhemos este destino por três motivos: conhecer uma abadia; conhecer o famoso “Hôtel Dieu”, na cidade de Beaune; e comer um boeuf borguignon! Começamos pela cidade de Beaune, deixando a abadia para o dia seguinte.
Beaune tem tudo para ser um dos melhores destinos turísticos da França. É estratégica base para turismo de carro. Pois se situa no centro da Borgonha, entre cidadezinhas pequenas e medievais. E a sua vinícola, junto com outras da região, compõem a chamada Côte D’Or dos vinhos, brancos e tintos.
É também estratégica porque, por exemplo, fica ao sul de Dijon, outra cidade medieval, bastante conhecida por sua culinária, com destaque para a mostarda. Fica a nordeste de Autun, cidade do Chanceler Rolin, político muito importante da região, na Idade Média.
Beaune é uma cidadezinha da idade média tipicamente francesa, simpaticíssima. Possui várias atrações, mas o destaque mesmo é o hospital-museu L’Hospice de Beaune, também chamado Hôtel Dieu. Foi fundado em 1443 pelo chanceler Nicolas Rolin, natural de Autun, na Borgonha, e sua esposa, Guignone.
A Guerra dos Cem Anos deixou como herança muita fome e pobreza para os borgonheses. Casal muito católico, possuidor de sensibilidade social muito elevada, preocupavam-se com o sofrimento das classes inferiores borgonhesas. Assim, resolveram criar um hospital para as pessoas carentes. Durante o resto da sua vida, o casal destinou-lhe uma subvenção anual e participação nos vinhedos e usina de sal.
O hospital possui o telhado multicolorido, proporcionando um efeito visual muito atraente e agradável. Ao conhecê-lo, acessamos inicialmente pela cozinha. Como todas as instalações do hospital, muito bem conservadas, a cozinha está toda montada com a reprodução de uma cena do seu dia-a-dia. Bonecos de cera animados representam freiras, cozinheiras e ajudantes de cozinha, umas lavando louças, esfregando o assoalho, e outras depenando um pato ou destripando um coelho.
Lá dentro tivemos acesso a um imenso salão, que tem em seus lados leitos individuais. Cada leito continha seu próprio equipamento: uma caneca de cobre, escarradeira, jarra e urinol, todos do mesmo material.
A ala seguinte, em ângulo reto com a primeira, uma enorme enfermaria com camas que eram usadas para realizar cirurgias. Nesta ala, duas estruturas no piso chamam atenção. A primeira é uma fenda transversal, longa e estreita, com poucos centímetros de largura. A guia turística nos explicou que era por essa fenda que escorria toda a água suja da lavagem do salão, despejada sobre o canal, que passa logo abaixo do hospital.
A outra estrutura tem uma explicação macabra: trata-se de um buraco redondo, largo, tampado por uma grande peça de metal. Por ele eram jogados restos de membros amputados e outras peças cirúrgicas.
Na região mais central da Borgonha existem duas distintas regiões vinícolas: a Côte de Beaune e a Côte de Nuits. Juntas elas compõem a Côte D’Or, uma longa linha de vinhedos que se estende de Dijon a Santenay. Beaune é chamada de “capital do vinho da Borgonha”.
Após a visita ao Hôtel Dieu, fomos conhecer o Museu do Vinho de Borgonha, no centro de Beaune.
Neste museu, instalado em um belíssimo prédio, o antigo Hotel des Ducs de Bourgogne, nós tivemos a oportunidade de acompanhar a história da vinicultura na região central da França.
Nele pudemos ver como evoluíram os equipamentos de produção agrícola, e os recipientes para a deliciosa bebida, desde alforjes até as garrafas dos dias de hoje, passando pelas ânforas de cerâmica. Também conhecemos a evolução dos modelos de taças, com a especificação do uso de cada uma. O museu conta, também, a história dos artifícios usados para vedar os recipientes, desde o cimento feito à base de osso moído até a rolha.
À noite fomos até o restaurante Le Fleury para conhecer a mais célebre atração gastronômica da Borgonha: o boeuf bourguignon!
Este prato tradicional da Borgonha é um ensopado à base de carne de gado charolês e vinho borgonha, claro. Além disso, são utilizados cogumelos, cebola, bacon e bouquet de garni, que são ramos de ervas aromáticas. O prato é acompanhado por batatas e torradas com alho.
Considerada uma das melhores da França, a iguaria é também o prato mais representativo da Borgonha. São necessárias muitas horas de cozimento em fogo baixo. Há chefs mais exagerados que levam pelo menos um dia até o prato ser considerado pronto para ser degustado.
Com este jantar demos por encerrada a nossa visita à cidade de Beaune. No dia seguinte partimos para conhecer a Abadia de Fontenay, tema da próxima crônica de viagem.
Após a visita ao Hôtel Dieu, fomos conhecer o Museu do Vinho de Borgonha, no centro de Beaune.
Neste museu, instalado em um belíssimo prédio, o antigo Hotel des Ducs de Bourgogne, nós tivemos a oportunidade de acompanhar a história da vinicultura na região central da França.
Nele pudemos ver como evoluíram os equipamentos de produção agrícola, e os recipientes para a deliciosa bebida, desde alforjes até as garrafas dos dias de hoje, passando pelas ânforas de cerâmica. Também conhecemos a evolução dos modelos de taças, com a especificação do uso de cada uma. O museu conta, também, a história dos artifícios usados para vedar os recipientes, desde o cimento feito à base de osso moído até a rolha.
À noite fomos até o restaurante Le Fleury para conhecer a mais célebre atração gastronômica da Borgonha: o boeuf bourguignon!
Este prato tradicional da Borgonha é um ensopado à base de carne de gado charolês e vinho borgonha, claro. Além disso, são utilizados cogumelos, cebola, bacon e bouquet de garni, que são ramos de ervas aromáticas. O prato é acompanhado por batatas e torradas com alho.
Considerada uma das melhores da França, a iguaria é também o prato mais representativo da Borgonha. São necessárias muitas horas de cozimento em fogo baixo. Há chefs mais exagerados que levam pelo menos um dia até o prato ser considerado pronto para ser degustado.
Com este jantar demos por encerrada a nossa visita à cidade de Beaune. No dia seguinte partimos para conhecer a Abadia de Fontenay, tema da próxima crônica de viagem.