“Ô, Zabé, Zabé, Zabé Zabé, Zabé, dez vez' Zabé Ô, Zabé, Zabé, meu bem Eu chamo tanto, Zabé não vem.” (Luiz Gonzaga...

Memorial de Vó Bela

poesia capixaba jorge elias neto amor avo
 
“Ô, Zabé, Zabé, Zabé Zabé, Zabé, dez vez' Zabé Ô, Zabé, Zabé, meu bem Eu chamo tanto, Zabé não vem.” (Luiz Gonzaga)

Vó Bela, esta celebração é uma tentativa insana de te eternizar no silêncio. Éramos crianças, e criança é pagina para escrever gente; tem a textura branca da humanidade. E vó Bela nos benzeu; no desmedido do tempo de sua fala foi a pomba da paz neste jardim das loucuras. […] Sentíamos o rodopiar perfumado do seu corpo e um tremor silencioso nos olhares. A casa tendia ao imenso quando falávamos seu nome, e este aconchego misterioso ramejava doçura - e nos unia. (Quanto de seu olhar respingou a sua poesia em todos nós?) E pouco mais que um rumor foi se chegando entrecortado de lembranças. E houve uma pausa, um ir e vir; trançavam os netos com seus retalhos guardados cosendo nossas memórias. Cerimoniosos, traziam objetos esquecidos e deixavam sobre a mesa este altar dos vivos - ; eram suas relíquias . Estava posta a ceia com o oratório para o repasto das almas perdidas. E ao nos sentarmos - retalhos marcados pela vida - aprendi o sentido do carinho do seu chulear na colcha multicolorida de nossa infância.
poesia capixaba jorge elias neto amor avo
Percebi, Vó Bela, que o que nos une é o cerzido de nossa existência às raizes de seu nome.

poesia capixaba jorge elias neto amor avo
Vó Bela e o neto Jorge EliasAcervo do autor

COMENTE, VIA FACEBOOK
COMENTE, VIA GOOGLE

leia também