Tô aqui deitada sob a cobertura de palha, o corpo listrado de sol e sombra. Brinco os olhos nas folhas descabeladas do coqueiro. No...

No abandono do corpo acendo a luz da alma feliz

repouso reflexao contemplacao leitura
Tô aqui deitada sob a cobertura de palha, o corpo listrado de sol e sombra. Brinco os olhos nas folhas descabeladas do coqueiro. Nos entremeios o céu azul com nuvens ralas. Música, Bahia traz influência de múltiplos lugares.

Cruzei para o outro lado da vida, escrevo no fundo do oceano com o invisível fio do pensamento.

Preparo intenso de muito sol e praia, tarde dormida no vento. Ontem Ravi perguntou de que lugar eu gosto mais e lhe respondi que são os lugares que levo dentro de mim. Trancoso foi ficando, ficando na lua que clareia meus caminhos, em parceria com as estrelas brilhantes.

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@cristina.siqueira
No abandono do corpo acendo a luz da alma feliz. No mastro tem bandeirinhas de peixes que voam estufadas de vento. Subverto a ordem da desordem, aprendi que os lugares moram em mim, um cenário inteiro habita em nuances a minha cabeça. Sou a chorosa cuíca pontuando o requebro dos pés.

Acordamos com Alice Caymi cantando "Tudo o que for leve", sacode vida, acorda os acordes do café com pão quente da padaria que Noelia trouxe. Mordo o pão em bocados pequenos, saboreio a vista do Jardim da Casa Gugalilim, o som da perereca martelo, as árvores com etiquetas contam a história da flora nativa, pé de cacau, pé de pimenta picante daquelas que queimam. A força divina da jaqueira. Macaquinhos gulosos.

E depois o mar, viro areia, lambida de sal e sol. Trancoso é reza. Felicidade, cartão vitalício, no ritmo do balanço da rede, um copo grande de suco de abacaxi, amigos estouram champanhe comemoramos o novo, viva está a fé que amanhece sem pressa de anoitecer, concerto zen de mais que nada.

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@cristina.siqueira
E aí vem gente linda que chega de mansinho, com passos cuidadosos e mãos amigas. Presentes vindos pela via do amor. A canga pautada de cores presente de Claudia, a correntinha com a casinha do Quadrado,presente da Silvina. Sou toda gratidão.

Trabalho o tempo todo e juro que não sinto o peso do trabalho, tal o prazer com que me refaço em tudo que faço, bendigo a força e a fé com que me animo todos os dias. Rio com os netos, encontro aqui e ali com amigos. Sequência de berimbau e ouço"minha jangada vai sair pro mar","eu quero é botar meu bloco na rua"grande Noite Lustrada que virou nome de viaduto em Sampa.

Tenho um Brasil inteiro circulando no meu sangue, artérias de música e poesia. Bahia é cor, sabor, beijo é cheiro. Amigos sustentam a onda do amor que cresce. E aí vem meu livro com sua luz que brilha"Eu comigo conversando com o umbigo".

Sol de rachar faz sarau, salva a vida para o amor não morrer. A festa celebra o lugar que primeiro pisei, aprendiz de lambada, a Casa das Festas no Quadrado de Trancoso.

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@cristina.siqueira
E o que me abençoou foi virando letrinhas do que penso desta vida. Do que sinto e é maior que eu, uma boca sem receio de se expressar. Falo com as mãos que palpitam letras no teclado do celular.

Trancoso passa por mim feito o folhear de uma revista em pautas diversas, tela de cores superpostas, colori ao longo dos anos com tintas sagradas e profanas. Aquecida para enfrentar o frio levo o dourado do sol no coração.

Eu semente, largada no tempo, florindo a passagem. O que escrevo testemunha a vida que escolho viver.

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