Quem diria, acredite, uma flor gostar da Lua. Passa o dia adormecida e à tardinha, com preguiça, calmamente se desnuda aos encantos da aur...

A poesia da Toscana

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Quem diria, acredite, uma flor gostar da Lua. Passa o dia adormecida e à tardinha, com preguiça, calmamente se desnuda aos encantos da aurora.

Quem sabe a sua tez, delicada como é, se ressinta do clarão que lhe faz o Sol a pino. Tão distinta de outras flores que da luz se alimentam logo que o céu prepara o cortejo da alvorada…

Essa tal de “Quatro horas” não se apressa em acordar, totalmente indiferente aos anseios da poesia de quem cedo faz o dia. Mas também não se alvoroça quando a luz no céu desponta. Vagarosa se despede das lembranças que da noite se nutriu esplendorosa e se fecha novamente em repouso enclausurado.

Foi assim que as avistamos num canteiro da Toscana, à margem de uma ladeira lá de San Gimignano. Na noite em que chegamos, o hotel nos informou que cedinho era preciso remover o nosso carro da rua em que o deixamos. A princípio o que podia ser um desgosto matinal, logo cedo se desfez ao cenário vislumbrado na viela amanhecida.

Ah Itália eternizada… Botticelli, Michelângelo, Leonardo, Alighieri, Boccherini, Donizetti, incontáveis te contaram nas letras e nas artes, na música e na poesia. Jamais foste esgotada na beleza impregnada ao longo da história.
Não é só do vinho que vêm as virtudes da idade. Tu também tens nas muralhas e paredes da memória um tesouro inexaurível de mistério e formosura. E também tens “Quatro horas”, nas ladeiras da Toscana, que se orvalham em qualquer tempo aos que sabem enxergar.

Ao vê-las radiantes, tão miúdas no canteiro, era mesmo impossível prosseguir indiferentes. Pouco mais se fechariam e talvez nem as teríamos encontrado caso o Sol se erguesse antes de nós.

Da murada empedrecida se avistavam as montanhas quase ainda adormecidas. A manhã irradiava o contorno enevoado fazendo ressurgir na penumbra que partia um cenário inesquecível.

Desejando eternizar o instante inebriante antes que a claridade espantasse aquelas flores, fomos vê-las mais de perto. Foi então que percebemos a oferta que faziam nas sementes exibidas por volta do canteiro.

Dos bolsos do casaco e depois de guarnecidas na bagagem de retorno, floresceram aqui do lado, bem distantes e tão próximas da poesia da Toscana...

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  1. Ângela Bezerra de Castro7/6/21 20:57

    Texto que nos faz flutuar, embalados pela maviosa expressão, enlevados pelas particularidades da florzinha-personagem que o autor coloca em evidência para encantamento do leitor.

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  2. Essa florzinha é, o Sal que deu o real Sabor, ou seja, as asas ao leitor, para adentrar na Eira do Amor, De Carlos Augusto Romero, Notável Escritor.🔥🖋️ Felizardo Jansen.

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  3. Parabéns pela descrição viva e pictórica!

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    Respostas
    1. Obrigado Professores Chico Viana e Ângela Bezerra

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  4. Ah! Itália das mil belezas...

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  5. Germano, Toscana e poesia são redundâncias. Lá tudo é belo.
    Fizemos passeios gostosos, por lá.
    Parabens pelo texto!

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