Bem-aventurados os que são misericordiosos, porque obterão misericórdia. (Mateus, 5:7.) A Misericórdia é a porta de acesso à pe...

Felizes os misericordiosos

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Bem-aventurados os que são misericordiosos, porque obterão misericórdia.
(Mateus, 5:7.)

A Misericórdia é a porta de acesso à pedagogia de Deus. A pedagogia de Deus é o Amor. Deus usa o tempo, e não a violência, para corrigir todos os erros do mundo e das suas criaturas. Navegando nessas premissas, alicerçamos a compreensão do ensinamento do Cristo em torno da felicidade que desfrutam os que são Misericordiosos.

Garimpando o Antigo Testamento, que relata a saga do povo de Israel, encontramos várias narrativas pérolas, em torno do Perdão, da Culpa, do Arrependimento, e de que forma a Misericórdia Divina se manifesta, desde o Gênesis ao último livro do profeta Malaquias.

É relevante a contribuição do Judaísmo nesse sentido, a exemplo do Yom Kippur – Dia do Perdão. Trata-se da mais importante celebração do Calendário Judaico, que exalta a importância do perdão ao próximo pelo mal cometido; a Deus, pelos pecados contra o Todo Poderoso. Celebrada com jejuns e orações e uma série de normas de conduta e de símbolos próprios daquela cultura, o propósito da celebração é promover o Teshuvá, ou seja, a consciência do erro e o retorno à Graça de Deus, através da introspecção, da análise de si mesmo, aumentando o nível de consciência e do arrependimento.

O Professor Leandro Karnal, no seu Livro Pecar e Perdoar, enfatiza que a busca introspectiva proposta pelo Teshuvá influenciou na elaboração das bases da Psicanálise de Sigmund Freud.

Há uma narrativa Bíblica muito ilustrativa, na qual a Misericórdia Divina é evidenciada. Trata-se da Destruição de Nínive, a grande cidade denunciada pelos seus pecados. Coube ao Profeta Jonas, incumbido por Deus para anunciar a destruição da Cidade em 40 dias (Jonas 3:4). Ocorre que, após sua pregação, os Ninivitas voltaram atrás de seus caminhos perversos, foi quando operou o Milagre do Arrependimento e fizeram penitências, converteram-se, apenas com uma pregação do Profeta Jonas. Deus viu o que eles fizeram e, compadecido, desistiu da destruição. Evidenciamos que Deus perdoa quando existe sincero arrependimento, conforme testemunho das vozes proféticas.

No Salmo 130, um dos mais populares da Fé Judaica Cristã, Deus é a Esperança daquele que ora, Misericórdia e Perdão. Começa falando das profundezas e termina falando de Deus no alto. Retrata a natureza humana, mergulhada na dor, no pecado, no fundo do Abismo, e a Confiança em Deus, o Pai Misericordioso. Vejamos o fragmento do Salmo:

Das profundezas a ti clamo, ó SENHOR.
2 Senhor, escuta a minha voz; sejam os teus ouvidos atentos à voz das minhas súplicas. 3 Se tu, Senhor, observares as iniquidades, Senhor, quem subsistirá? 4 Mas contigo está o perdão, para que sejas temido.

No Salmo 23, um dos mais conhecidos e populares, um verdadeiro Blockbuster: “Iahweh é meu Pastor, nada me faltará. Em verdes pastagens me faz repousar”. Metáfora agropastoril, característica dos Salmos, apresenta o homem vitorioso, protegido pelo Pastor, que permite cear a vista dos inimigos. O protegido é conduzido por Deus carinhosamente e o faz vencer neste mundo.

Adentrando ao pensamento Espírita, Allan Kardec desenvolve uma profunda reflexão em torno da Bem Aventurança, que enfoca os Misericordiosos, conforme o Livro Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo X – 1 a 4, fazendo um link com o pensamento de Jesus, nas seguintes passagens evangélicas:

“Se perdoardes aos homens as faltas que cometerem contra vós, também vosso Pai celestial vos perdoará os pecados; – mas, se não perdoardes aos homens quando vos tenham ofendido, vosso Pai celestial também não vos perdoará os pecados”. (Mateus, 6: 14 e 15.)

Complementa o Codificador numa lúcida e admirável abordagem sobre a misericórdia.

“A misericórdia é o complemento da brandura, porquanto aquele que não for misericordioso não poderá ser brando e pacífico. Ela consiste no esquecimento e no perdão das ofensas. O ódio e o rancor denotam alma sem elevação, nem grandeza”.

Divaldo Franco, médium e tribuno Espírita, embaixador da Paz, título outorgado pela ONU, orienta-nos que o Perdão é um importante passo para evolução do Ser, pois o Perdão é treinamento. Perdoar não significa esquecer, mas sim não querer revidar. Não é ser conivente com o erro e, a depender das circunstâncias, desmascarar a hipocrisia e a mentira pode constituir um dever.

Negar perdão a si mesmo ou a outrem é como manter uma âncora que lhe prende a uma pessoa, a um lugar ou a uma situação. Nenhum barco consegue navegar se permanece ancorado.

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