Na minha “garimpagem” para descobrir pessoas, que tiveram a feliz oportunidade de conhecer, ao vivo, nosso ilustre escritor e político ...

Abelardo Jurema Filho fala sobre a emoção ao conhecer José Américo

jose americo almeida abelardo jurema
Na minha “garimpagem” para descobrir pessoas, que tiveram a feliz oportunidade de conhecer, ao vivo, nosso ilustre escritor e político paraibano, José Américo de Almeida” me deparo com um texto do jornalista, escritor e colunista social Abelardo Jurema Filho. Está publicado em sua coluna semanal “Opinião”, numa das terças-feiras, no jornal A União. Seria redundante entrevistá-lo. Com uma narração cronológica e em tempo real, ele traça a trajetória de conhecê-lo, aos 16 anos, nos bancos escolares, até o momento culminante, ocasião em que se deparou com o habitante “solitário de Tambaú”, conforme era chamado na época, hoje Cabo Branco. Detalhe: a visita repetiu-se por diversas vezes.

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José Américo de Almeida J. Lyra (Pinacoteca UFPB)
“Quase desmaiei de emoção e surpresa... José Américo de Almeida, um dos líderes mais lúcidos da história da Paraíba, deixou um legado de coragem, honradez e dignidade para todos os seus conterrâneos”, relata Abelardo. Com a permissão do autor, que além de jornalista é advogado e membro da Academia Paraibana de Letras, eis a reprodução do texto, na íntegra:

Eu e José Américo Abelardo Jurema Eu comecei a conhecer o ministro José Américo de Almeida por volta dos 16 anos, nos bancos escolares do Colégio André Maurois, escola pública situada no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro, quando fazia o Curso Clássico – equivalente ao segundo grau de hoje – e tinha como professor de literatura um grande mestre, Ivo Barbieri, que alguns anos depois, viria a ser o reitor da UERJ. Foi o professor Barbieri quem me apresentou o romance A Bagaceira ao solicitar que a turma fizesse uma interpretação de texto de um dos capítulos da obra que está inserida entre as mais importantes da literatura brasileira.
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Colégio André Maurois (RJ)
A missão não foi tão difícil, sobretudo pela narrativa clara e ilustrada do autor, à época já consagrado como membro da Academia Brasileira de Letras. Mas foi nos anos 70, quando vim residir em definitivo na Paraíba, como hóspedes dos meus tios, Fernando e Lourdinha Milanez, que vim a conhecer, pessoalmente, um personagem que julgava um mito, uma lenda, um homem que estava acima de minhas expectativas como repórter do antigo jornal O Norte, onde iniciei minhas atividades na imprensa paraibana.
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Fernando e Lourdinha Milanez (Acervo de família)
Milanez, à época Chefe da Casa Civil do governo Ivan Bichara, figura de muito prestígio na política paraibana, residia vizinho ao ¨doutor José Américo¨, como ele o tratava, respeitosamente. Como seu hóspede, ainda sem poder comprar o meu próprio automóvel, era um “carona” habitual do meu tio para ir do edifício Marques de Almeida ao meu trabalho na avenida Pedro II, sede do jornal. E, algumas vezes, tive a oportunidade de acompanhá-lo em suas visitas ao enigmático morador daquele casarão onde hoje funciona a fundação que leva o seu nome.
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Casa de José Américo Clênio Sierra de Alcântara
Quando eu fui apresentado, muito encabulado, ouvi-o dizer: “você é filho do Abelardo. Tem uma grande responsabilidade, meu jovem”. Quase desmaiei de emoção e surpresa. Era difícil supor que o homem mais importante da Paraíba, que determinava todas as decisões políticas do Estado, pai do general Reynaldo Melo de Almeida, que representava o alto comando do governo brasileiro – à época dirigido pelo presidente Ernesto Geisel – pudesse me chamar pelo nome e, muito menos, me dirigisse a palavra.
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General Ernsto Geisel Arq. Nacional
Durante os encontros entre ele e meu “Tio Milanez”, político hábil, carismático e com grande poder de influência na capital paraibana, me posicionava com absoluta discrição. Não atrevia aproximar-me muito para não oferecer a impressão que estaria bisbilhotando a conversa, como o repórter que, efetivamente, eu era. Vez por outra, ainda escapava uma informação, que levava para a redação do jornal, preservando a fonte e tratando a notícia com muito cuidado e responsabilidade.
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Mas foi no livro O Ano do Nego, em que narra os acontecimentos que antecederam a morte do presidente João Pessoa e os fatos que determinaram a Revolta de Princesa e a Revolução de 30, que mais me encantei com o seu talento de escritor. No íntimo, também o reconheci como repórter, pelo texto preciso, situando, contextualizando e descrevendo, minuciosamente, os ambientes, a paisagem e os personagens que compunham um depoimento espontâneo e comprometido com a verdade. José Américo de Almeida, um dos líderes mais lúcidos da história da Paraíba, deixou um legado de coragem, honradez e dignidade para todos os seus conterrâneos.


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