Em julho de 1862, Allan Kardec insere na Revista Espírita uma Estatística de Suicídios na França, extraída do livro Comédia Social no Século Dezenove, de B. Gastineau, publicado pela Editora Dentu, assim se expressando:
“Calculou-se que, desde o começo do século, o número de suicídios na França não se eleva a menos de 300.000; e tal estimativa talvez esteja aquém da verdade, pois a estatística só oferece resultados completos a partir de 1836.
De 1836 a 1852, isto é, num período de dezessete anos, houve 52.126 suicídios, ou seja, uma média de 3.066 por ano. Em 1858, contaram-se 3.903 suicídios, dos quais 853 mulheres e 3.050 homens; enfim, segundo a última estatística que vimos no correr do ano de 1859, 3.899 pessoas se mataram, a saber: 3.057 homens e 842 mulheres.”
“Constatando que o número de suicídios aumenta todos os anos, o Sr. Gastineau deplora, em termos eloquentes, a triste monomania que parece haver-se apoderado da espécie humana.” 1
Após a análise dos dados estatísticos, Kardec conclui:
“[…] Entretanto, a questão nos parece muito grave e merece um exame sério. Do ponto de vista em que estão as coisas, o suicídio não é mais um fato isolado e acidental; pode, com inteira razão, ser considerado como um mal social, uma verdadeira calamidade. […].” 1
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O Codificador iria constatar, de forma estarrecida, que de 1859 a 2023 (passados 164 anos), a taxa de suicídio na França aumentou mais de duas vezes ao ano, considerando estes dados comparativos:
▪️ Taxa de suicídios em 1859 / França: 3.899 1
▪️ Taxa de suicídios em 2023 / França: 8.905 2
A situação é realmente grave, necessitando desenvolver esforço persistente em prol da vida, de forma individual e coletiva, pois o ser humano não dispõe do direito sobre a vida:
“[…] Somente Deus tem esse direito. O suicídio voluntário é uma transgressão da Lei Divina.” 3
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Neste sentido, afirma Manoel Philomeno de Miranda:
“[…]. O suicídio é terrível mal que aumenta na Humanidade e que deve ser combatido por todos os homens. Essa rigidez mental que resolve pela solução trágica é doença complexa. […].” 4
Conscientizar as criaturas a respeito das consequências do ato no Além-Túmulo, das dores que maceram os familiares e do ultraje às Leis Divinas é método salutar para diminuir a incidência dessa solução insolvável.
Dialogar com bondade e paciência com as pessoas que têm propensão para o suicídio; sugerir-lhes dar-se um pouco mais de tempo, enquanto o problema altera a sua configuração; evitar oferecer bases ilusórias para esperanças fugazes que o tempo desmancha; estimular a valorização pessoal;
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acender uma luz no túnel do seu desespero, entre outros recursos, constituem terapia preventiva que se fortalecerá no exercício da oração, das leituras otimistas e espirituais, nos passes e no uso da água fluidificada. 4
A título de ilustração, há uma publicação de 2014 da Organização Mundial da Saúde (OMS) que afirmava que, a cada 40 segundos, uma pessoa se suicida no mundo 5. E, nos dados estatísticos apresentados em março de 2025 6, pela mesma OMS, encontramos o seguinte:
▪️ A cada ano morrem cerca de 720.000 pessoas por suicídio;
▪️ É a terceira causa de morte em pessoas de 15 a 29 anos de idade;
São múltiplas as causas de suicídio, tais como fatores sociais, culturais, biológicos, psicológicos e ambientais presentes ao longo da vida.
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A Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) informa que, no Brasil, ocorreu um aumento do número de suicídios:
“A taxa de suicídio entre jovens cresceu 6% ao ano no Brasil entre os anos de 2011 e 2022. […]. O número foi maior que na população em geral, cuja taxa de suicídio teve crescimento médio de 3,7% ao ano. […]” 7
O número de suicidas do sexo masculino é maior do que o de mulheres. Este é o único dado estatístico que permanece estável desde o século dezenove, ainda que o número total de suicídios tenha aumentado em ambos os sexos ao longo do período.
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Em geral, as pessoas com propensão ao suicídio demonstram significativo desgosto pela vida, cujas causas podem ser assim resumidas, segundo O Livro dos Espíritos:
“Efeito da ociosidade, da falta de fé e, muitas vezes, da saciedade. […]”. 8
Contudo, é oportuno considerar que há outros fatores que podem estar associados ao suicídio; por exemplo, quando o indivíduo revela possuir doença mental ou nos casos avançados de obsessão. Outros fatores podem ser apontados:
“A incredulidade, a simples dúvida sobre o futuro, as ideias materialistas, numa palavra, são os maiores incitantes ao suicídio: produzem a covardia moral. […].
A propagação das ideias materialistas é, pois, o veneno que inocula a ideia do suicídio na maioria dos que se suicidam, e os que se fazem seus defensores assumem terrível responsabilidade. Com o Espiritismo, a dúvida já não é possível, modificando-se, portanto, a visão que se tem da vida. O crente sabe que a existência se prolonga indefinidamente para além do túmulo, mas em condições muito diversas. Daí a paciência e a resignação que o afastam, muito naturalmente, de pensar no suicídio; daí, numa palavra, a coragem moral.” 9