Quando Solha anuncia a gestação de um novo livro – nos últimos anos ele tem optado por escrever poesia, poesia de alto nível –, aumenta a expectativa na espera de sua publicação.
Polímata, poeta frondoso, sua mente vagueia por muitos espaços. Ele não delimita temas para seus poemas, considerados basilares da nossa literatura. Assim o considero.
É assim desde a peça de teatro Vermelho e Preto e Israel Rêmora, romance laureado com o Prêmio Fernando Chinaglia. Solha, quando lhe dá na veneta, escolhe o tema que lhe agrada. Aí escreve um romance, poemas, peças de teatro e pinta quadros, porque flutua por muitas áreas e com abordagens diferentes. Em tempos passados, produzia mais romances e peças de teatro, e menos poesia. A partir dos cinquenta anos, como árvore viçosa, a veia poética aflorou, reduzindo a prosa para que a poesia ocupasse maior lugar no seu trabalho de artista.
Seus poemas, na maioria extensos, fatiados com metáforas e citações, levam-nos a passear pelo reino encantado das artes. Solha tem a saliência dos gênios. No caso dele – posso exagerar no termo –, vai buscar, nas entranhas do pensamento humano, as imagens sublimares para falar de coisas até então desconhecidas ou esquecidas.
Paulo Emmanuel Rodrigues
Leu muito na solidão de Pombal, a partir de 1962. Desenhou e pintou quadros, fez esculturas de barro, escreveu para teatro, foi ator e diretor. Degustou livros clássicos em diferentes áreas. Devorou Gogol, Turguêniev, Dostoiévski, Tolstói, Tchékhov, Púchkin; depois Soljenítsin e Pasternak, de modo a se sentir quite com a literatura russa. Recorreu a Homero, aos filósofos gregos, assim como a Ésquilo, Eurípides e Sófocles; a Shakespeare; e botou “os melhores helênicos no bolso”. Agarrou-se à Bíblia em busca de respostas, e encontrou nesse livro um grande poema escrito durante mais de mil anos.
WJ Solha Edson Matos
Desde cedo, produziu arte em alto estilo. Largou a pintura em 2004. No teatro, achando ter cumprido sua tarefa, abandonou os palcos em 1990.
Em oito décadas de poesia e de arte fervilhando nas veias, mais seletivo, Solha passou catorze anos consumido pelo fogo na criação de Trigal com Corvos, um livro inquietante.
WJ Solha
No final de 2024, publica um novo livro de poemas, um canto de revelações da fertilidade de sua mente, porque passeia por paisagens construídas a partir de muitos conhecimentos.
No livro Preciso de um Poema Novo, a começar pelo título, Solha busca algo novo, porque já leu tudo. Conhece heróis e vilões da literatura, mistérios da pintura e das ciências naturais, a teologia e a mística dos padres do deserto.
WJ Solha
Acompanhamos o passeio de Solha pelas diferentes vertentes do pensamento e da criação artística porque precisamos de um poema novo.
À semelhança dos livros de poemas anteriores, Solha nos brinda com mais uma obra arrebatadora.
























