Um antigo conto persa relata que um rei pediu a dois grupos de artesãos que decorassem as duas paredes opostas de um salão.
Um grupo pintou uma das paredes com cores, figuras e detalhes belíssimos.
O outro não pintou nada: apenas poliu a parede até que se tornasse um espelho perfeito.
Quando o salão foi aberto, a parede polida refletia com ainda mais beleza tudo o que estava à frente dela. A alma límpida não precisa de enfeites nem cria ilusões; apenas reflete a verdade.
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Sintonizar sempre com o bem, com a verdade e com a luz é uma disciplina diária, não um otimismo ingênuo. É escolher, conscientemente, onde pousar o pensamento, mesmo em meio às lutas. Como diria Paulo: “Tudo o que é verdadeiro, nobre, justo, puro, amável e de boa fama… nisso pensai”.
Vigiar a mente e o coração é uma das tarefas mais silenciosas e, ao mesmo tempo, mais determinantes da vida. Não se trata de paranoia moral nem de isolamento do mundo, mas de um cuidado amoroso consigo mesmo. Assim como o corpo necessita de atenção quanto ao que ingere, a alma também adoece ou se fortalece conforme aquilo que permitimos que nela entre e permaneça.
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Muitas quedas morais, espirituais e emocionais não começam em grandes atos, mas em pequenas concessões feitas no campo do pensamento.
A vigilância espiritual começa pelo discernimento. Nem tudo o que surge na mente nos pertence de fato. Pensamentos podem ser reflexos do meio, das experiências vividas, de dores antigas ou até de influências externas que encontram ressonância em nossas fragilidades. Vigiar, portanto, não é negar que tais pensamentos existam, mas decidir conscientemente quais deles merecem atenção e quais devem ser imediatamente substituídos.
Imagens repetidas de violência, ódio, vulgaridade ou desesperança não passam impunes pela alma. Elas moldam o olhar, endurecem o coração e normalizam a degradação
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As companhias afetam a conduta, não apenas pelas palavras que dizem, mas pelas atitudes que incentivam. Há pessoas que, após um encontro, nos deixam mais leves, mais serenos, mais dispostos ao bem. Outras, mesmo sem intenção, nos deixam cansados, tristes, irritados ou vazios.
A vigilância não exige desprezo nem julgamento, mas pede sabedoria para saber até onde ir, quanto permanecer e como se proteger interiormente.
Pensar sempre no bem, na verdade e na luz não significa fechar os olhos para o mal existente no mundo. Implica escolher o ponto a partir do qual se olha para a realidade. A verdade ilumina sem ferir; o bem fortalece sem iludir; a luz revela sem destruir. Quando o pensamento se ancora nesses três pilares, mesmo as dores ganham sentido pedagógico e não se transformam em desespero.
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Há momentos em que é necessário interromper uma conversa, mudar de ambiente, desligar um conteúdo ou até rever vínculos que, embora antigos, se tornaram fontes contínuas de perturbação. Essas decisões, ainda que difíceis, são gestos de autopreservação.
Vigiar não é viver tenso, mas desperto. É caminhar com atenção, sabendo que cada pensamento acolhido é uma semente lançada no solo da alma. Algumas germinam em paz, outras em inquietação. Cabe a cada um decidir diariamente que jardim deseja cultivar dentro de si.
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Polir a alma é cuidar dos pensamentos, praticar a humildade, perdoar, praticar o bem com constância, cultivar o silêncio interior e amar por meio de ações concretas. É um processo diário de lapidação interior que devolve sentido, paz e luz à vida.























