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Em texto publicado em 17.8.2009 na Folha de S. Paulo, Luiz Felipe Pondé comenta um encontro recente com um amigo de infância. Segundo ele,...

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Em texto publicado em 17.8.2009 na Folha de S. Paulo, Luiz Felipe Pondé comenta um encontro recente com um amigo de infância. Segundo ele, “esses encontros são marcantes para mim porque sempre acabo percebendo como hoje sou outra pessoa. Diante das lembranças compartilhadas, a distância no tempo se impõe como distância no afeto”. Ou seja, o que Pondé está corajosamente afirmando é que para ele o amigo de infância de certa forma tornou-se um estranho, ou quase. Em outras palavras, o tempo e a distância consumiram o antigo afeto, a antiga amizade que o ligava ao velho amigo.

Aconteceu, mas não foi, claro, no divã de Freud, salvo simbolicamente. Foi no mais modesto divã de minha psicanalista (ou psicoterapeuta)...

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Aconteceu, mas não foi, claro, no divã de Freud, salvo simbolicamente. Foi no mais modesto divã de minha psicanalista (ou psicoterapeuta), com quem conversei, quinzenalmente, durante uns dez anos. Dez anos que, para algumas coisas, pode ser muito tempo. Mas para falar de si mesmo, escavar a alma em busca do que for, buscar compreender-se para poder compreender a vida como ela é, voltar ao passado mais longínquo, porque lá é que está a explicação de tudo, enfim, para isto e ainda mais, não é tanto tempo assim. Quem já deitou no divã, sabe. Pois bem.

Quem afirma é Rosa Freire D’Aguiar, viúva de Celso Furtado, no prefácio do livro Correspondência Intelectual – 1949-2004, organizado por e...

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Quem afirma é Rosa Freire D’Aguiar, viúva de Celso Furtado, no prefácio do livro Correspondência Intelectual – 1949-2004, organizado por ela e recentemente publicado pela Companhia das Letras: “Em 1975, tendo recuperado os direitos políticos cassados por dez anos, ensaiou uma volta para o Brasil. A convite da Universidade Católica de São Paulo, lá esteve por um semestre, responsável por um curso sobre economia do desenvolvimento. Era a primeira – e seria a última – vez que lecionava numa universidade brasileira”. Veja só.

Ser o primeiro, no sentido de ser o titular, o superior, o chefe, nunca foi fácil, em qualquer circunstância. Mas ser o segundo, no sentid...

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Ser o primeiro, no sentido de ser o titular, o superior, o chefe, nunca foi fácil, em qualquer circunstância. Mas ser o segundo, no sentido de ser o substituto, o vice, o sub, então nem se fala: é mais difícil ainda. Se não é todo mundo que sabe ser o primeiro, como os exemplos nos mostram, menos gente passa no teste de ser o segundo. Claro que muitos não veem nenhum problema, nenhuma dificuldade em ser o primeiro ou o segundo. Tiramos de letra, dizem esses açodados que geralmente se saem muito mal, tanto sendo o primeiro como também o segundo. Tudo é arte: ser o primeiro e ser o segundo, mas a de ser adjunto é mais sutil e exigente, não há dúvida.

A história da família Rolim dá um romance. Mas essa não foi a opção do engenheiro e historiador paraibano Sérgio Rolim Mendonça ao escrev...

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A história da família Rolim dá um romance. Mas essa não foi a opção do engenheiro e historiador paraibano Sérgio Rolim Mendonça ao escrever sobre sua ascendência familiar em seu mais recente livro, A saga do Chanceler Rolin e seus descendentes, publicado, em caprichada e bonita edição, pela Editora Labrador, de São Paulo. Talento literário para isso, se fosse o caso, não lhe faltaria nem falta, à vista do que já mostrou quando da publicação de suas memórias (ou autobiografia),

Normalmente, quando um artista, um escritor, um pensador desaparece, sinto-me atraído por um retorno às suas obras. Certamente é uma ma...

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Normalmente, quando um artista, um escritor, um pensador desaparece, sinto-me atraído por um retorno às suas obras. Certamente é uma maneira de afirmar sua presença ainda entre nós, uma espécie de vitória sobre a morte, tão pertinente nestes tempos de Páscoa cristã. Realmente, quem deixa uma obra atrás de si sobrevive à parada do coração, pelo menos por uns tempos. E às vezes resiste para sempre, como é o caso dos verdadeiramente grandes. Shakespeare, por exemplo.

De Pedra Lavrada, no Cariri paraibano, para Moscou. Dá para imaginar? Pois é. São muitos quilômetros. E não é só a distância espacial ... ...

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De Pedra Lavrada, no Cariri paraibano, para Moscou. Dá para imaginar? Pois é. São muitos quilômetros. E não é só a distância espacial ... Mas esse foi o caminho percorrido por nosso conterrâneo Paulo Bezerra para se tornar um dos mais autorizados tradutores de Dostoiévski do Brasil, na atualidade. Caminho heroico o desse intelectual, cujo destino inicial talvez fosse ser ferreiro, profissão do pai. Mas o seu sonho era outro: o de estudar. E esse sonho, que foi e é o de tantos meninos e meninas modestos em nossa pátria pouco gentil, transformou sua vida, como costuma acontecer quando as fantasias se tornam reais.

Agora tomo um trem imaginário para Florença, após deixar os canais venezianos para trás. Busco não a Florença turística, ao alcance de qua...

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Agora tomo um trem imaginário para Florença, após deixar os canais venezianos para trás. Busco não a Florença turística, ao alcance de qualquer um, mas uma Florença especial, a da literatura, que há tempos a vem adotando como pano de fundo — e também como personagem — de tantas obras relevantes. Tive o privilégio, como tantos outros, de visitar a cidade de

A amargura de que fala o título é a “de não ser bonito, quando jovem”. E quem a cita é Paulo Francis, em artigo publicado no jornal O Esta...

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A amargura de que fala o título é a “de não ser bonito, quando jovem”. E quem a cita é Paulo Francis, em artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo, em 19/5/1991. No texto, ele está se referindo ao escritor Milan Kundera, célebre autor de A insustentável leveza do ser, romance que marcou época em fins do século passado. Escreve Francis: “Como é feio Milan Kundera. Parece um macaco. Imagino Kundera, garoto, num baile de formatura, tentando tirar uma menina para dançar e sendo recusado, delicadamente, se ela era educada, e com riso zombeteiro, se não.

Há cem anos, o paraibano Epitácio Pessoa , que presidiu o Brasil no período 1919-1922, decidiu dar ao seu estado natal, sempre pobre e car...

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Há cem anos, o paraibano Epitácio Pessoa, que presidiu o Brasil no período 1919-1922, decidiu dar ao seu estado natal, sempre pobre e carente de grandes investimentos públicos federais, uma obra capaz de alavancar seu desenvolvimento econômico, libertando-o, pelo menos em parte, do eterno problema das secas periódicas, que inviabilizavam a sustentabilidade de nossa atrasada economia fortemente baseada em rústicas agricultura e pecuária.

A vida ensina que eles nem sempre coincidem. Aliás, melhor dizendo, quase nunca eles coincidem. E não raro eles se excluem um ao outro. ...

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A vida ensina que eles nem sempre coincidem. Aliás, melhor dizendo, quase nunca eles coincidem. E não raro eles se excluem um ao outro. Daí a necessidade constante de optar-se entre um e outro, já que dificilmente pode-se ter os dois ao mesmo tempo. E essa opção constitui-se como fundamental na vida de cada um e, também, uma das principais questões da filosofia moral, a Ética.

Parecia um homem comum. Talvez um funcionário público modesto, talvez um guarda-livros, antiga profissão fadada à extinção, pelo menos n...

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Parecia um homem comum. Talvez um funcionário público modesto, talvez um guarda-livros, antiga profissão fadada à extinção, pelo menos no nome. De paletó, sua segunda pele, óculos redondos de lentes grossas, realçadoras de uma miopia congênita, a surrada pasta de couro na mão, símbolo de seu ofício e de sua austeridade, modo de ser natural de quem só se importava com o que era essencial. Sem falar no chapéu de feltro, adereço indispensável para os homens da época. Quem passasse menos atento por aquela tranquila esquina do Jardim Botânico, bucólico bairro de um Rio de Janeiro ainda aprazível, e visse aquele homem de pé, esperando o bonde como qualquer mortal, não desconfiaria nunca de sua verdadeira identidade, a despeito de sua já reconhecida proeminência na vida pública nacional.

Mais uma imensa perda humana e cultural para a Paraíba. É assim que vejo, que vemos todos a recente partida de Otinaldo Lourenço, ícone do...

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Mais uma imensa perda humana e cultural para a Paraíba. É assim que vejo, que vemos todos a recente partida de Otinaldo Lourenço, ícone do jornalismo e do rádio paraibanos. E assim vai se alastrando nossa pobreza aldeã, confirmando a sabedoria popular que diz, desalentada: “De onde se tira e não se bota, a tendência é se acabar”. Pois é. É como se, com essas perdas todas, estivéssemos findando, pouco a pouco, nosso parco patrimônio humano, o único que nos coube desde sempre e que não raro temos, burramente, desperdiçado ou desconhecido.

Não o conheci pessoalmente, ou seja, nunca fomos apresentados, mas posso dizer que o conhecia mais ou menos de perto, na medida em que um...

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Não o conheci pessoalmente, ou seja, nunca fomos apresentados, mas posso dizer que o conhecia mais ou menos de perto, na medida em que um leitor pode conhecer um cronista, partindo do pressuposto de que, de uma forma ou de outra, o cronista se revela em cada crônica, já que toda literatura, assim como toda arte, é autobiográfica.

É dura a vida, no Brasil, de escritores que vivem e produzem fora do eixo Rio-São Paulo. No resto do mundo imagino que deva ser a mesma ...

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É dura a vida, no Brasil, de escritores que vivem e produzem fora do eixo Rio-São Paulo. No resto do mundo imagino que deva ser a mesma coisa, a mesma dificuldade de conseguir um editor importante e a necessária divulgação, aquela que pode tornar o autor conhecido, se não pelo grande público, ao menos pelo grupo mais restrito dos leitores contumazes. Deve ser dura também a vida dos que escrevem e vivem no Rio e em São Paulo, mas que ainda são anônimos e/ou inéditos, já que não é fácil, em nenhum lugar, obter reconhecimento.

É a primeira vez que escrevo sobre este tema, mas não a que falo sobre ele, de modo que, para mim, é uma oportunidade de refletir mais sobr...

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É a primeira vez que escrevo sobre este tema, mas não a que falo sobre ele, de modo que, para mim, é uma oportunidade de refletir mais sobre o assunto e organizar melhor meu pensamento a respeito. Esta é certamente uma das vantagens que a escrita tem sobre a fala. Vamos lá.

Foi em Cabedelo. Faz tempo. Uma senhora grisalha, já avançada na casa dos setenta, dá entrada numa ação judicial de divórcio. Quer se se...

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Foi em Cabedelo. Faz tempo. Uma senhora grisalha, já avançada na casa dos setenta, dá entrada numa ação judicial de divórcio. Quer se separar do marido, ele um pouco mais idoso que ela. É uma mulher simples, do povo, como se diz, uma dona de casa casada há muitos anos, que teve filhos, criou-os com as dificuldades previsíveis, agora tem netos que a visitam apenas de vez em quando, sem grandes demonstrações de afeto. Sua vida parece completa, sem graça, exaurida, como se lhe restasse somente aguardar o fim, quando Deus fosse servido. Uma vida como tantas outras; uma existência sem outro sentido aparente, salvo esse de ser esposa, mãe, Nada mais além disso. Aos olhos de muitos, parece pouco esse destino comezinho; aos olhos dela, também, principalmente nos momentos em que ela,

A Itália, por razões óbvias, sempre exerceu um imenso fascínio nos escritores e nos estrangeiros em geral. Sua história milenar, sua arte ...

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A Itália, por razões óbvias, sempre exerceu um imenso fascínio nos escritores e nos estrangeiros em geral. Sua história milenar, sua arte incomparável, seu clima, sua gastronomia, seus vinhos, enfim, seu patrimônio cultural inigualável explicam e justificam esse apreço universal pela terra de Dante e tantos outros. Pode-se dizer que todos os lugares na Itália, desde os menores lugarejos até as grandes cidades, valem a pena. Entretanto, creio que também é lícito afirmar-se que, do todo admirável, três urbes se destacam por sua presença marcante nas artes e, particularmente, na literatura: Roma, Florença e Veneza. Desta última, ocupar-me-ei brevemente a seguir, a partir de dois livros emblemáticos: Morte em Veneza, do alemão Thomas Mann, e Despedida em Veneza, do norte-americano Louis Begley.

Como cidadão, tenho tido, já há algum tempo, poucos motivos para comemorar alguma medida ou decisão governamental, em todos os níveis. Is...

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Como cidadão, tenho tido, já há algum tempo, poucos motivos para comemorar alguma medida ou decisão governamental, em todos os níveis. Isto me entristece, claro, mas não me surpreende; afinal, por nossa história, o que certamente me surpreenderia seria se fosse o contrário. Mas o fato é que , surpreendentemente, entusiasmei-me esta semana com a notícia da desapropriação, pelo governo estadual, do antigo e belo prédio do Colégio das Neves, ali ao lado de nossa Catedral Basílica. A finalidade do governo é ali instalar o “Parque Tecnológico Horizontes de Inovação”, entidade voltada para o estímulo à tecnologia, especialmente no viés da inovação.

Em fins dos anos 1970, o jornalista e escritor José Castello conseguiu agendar uma entrevista com Vinicius de Moraes, que então estreava ...

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Em fins dos anos 1970, o jornalista e escritor José Castello conseguiu agendar uma entrevista com Vinicius de Moraes, que então estreava um show no Rio de Janeiro. O jornalista não era ainda o consagrado biógrafo do poeta e compositor, condição que só alcançaria mais de uma década depois da citada entrevista, mas naquele encontro frustrante já detectou no entrevistado claros sinais de um tormento existencial que contrastava abertamente com a imagem pública do autor de canções leves como “Garota de Ipanema”.