Quando o jornalista e imortal da Academia Paraibana de Letras, Helder Moura, publicou O incrível testamento de Dom Agapito , em 2018, fui ...

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Quando o jornalista e imortal da Academia Paraibana de Letras, Helder Moura, publicou O incrível testamento de Dom Agapito, em 2018, fui tomado de surpresa. Acostumado às narrativas dele sobre política, em jornal impresso ou na televisão, sempre com desenvoltura e abalizados pontos-de-vista, o romance surpreendeu pelo conteúdo e pela forma da narrativa.

Lindas lembranças que têm se assenhorado de minhas noites — e possivelmente do “inconsciente” aliado à minha percepção — me fazem exalta...

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Lindas lembranças que têm se assenhorado de minhas noites — e possivelmente do “inconsciente” aliado à minha percepção — me fazem exaltar o feliz momento, sabendo que daqui para frente a vida me regateará menos tempo. Passo a valorizar o que ainda pode me restar de felicidade em minha adormecida memória. Imagens esquecidas em profusão levam-me ao Recife, e a um tempo ímpar que lá vivi. Retorno à ruas da Aurora, do Imperador e da Imperatriz, com todos os seus cafés e sorveterias. Vou até a Viana Leal, com a sua icônica escada rolante, e também vejo a Sloper, tão reverenciada por minha mãe.

“Vandalismo” é o único poema com características simbolistas que aparece no “Eu”. Os outros o poeta deixou de lado, e os críticos hoje lhe...

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“Vandalismo” é o único poema com características simbolistas que aparece no “Eu”. Os outros o poeta deixou de lado, e os críticos hoje lhe dão razão: embora tecnicamente bem-feitos, eles pouco acrescentam à obra do paraibano. Refletem uma temática comum à época e apresentam um estoque de imagens que estão longe de caracterizar o Augusto dos Anjos que viríamos a conhecer e admirar.

O leitor sabe. Há muitos momentos na vida em que o que mais queremos, o que mais precisamos é simplesmente fugir da realidade que nos opri...

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O leitor sabe. Há muitos momentos na vida em que o que mais queremos, o que mais precisamos é simplesmente fugir da realidade que nos oprime, nos incomoda, nos torna infelizes. Essa realidade pode consistir num problema sério ou apenas num certo cansaço com as coisas e situações do dia a dia. A situação do país, por exemplo, martelando nosso juízo cotidianamente nos jornais (os que restam) e na televisão. Uma tediosa repetição de notícias deprimentes, suficiente, por si só, para levar qualquer um à depressão. Que fazer então?

Paraíba, 22 de maio de 2022

Paraíba, 22 de maio de 2022

Muita coisa tem diminuído no mundo. Meus amigos reclamam que o biscoito wafer mais parece uma hóstia recheada. Minha tia afirma que o xamp...

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Muita coisa tem diminuído no mundo. Meus amigos reclamam que o biscoito wafer mais parece uma hóstia recheada. Minha tia afirma que o xampu Seda rendia muito, hoje passa direto por ele no Supermercado, diz que vem muito pouco. Sachê de cachorro, daqui a pouco, só vai dar para uma lambida, reclama um certo veterinário.

Meu amigo viajadeiro reclama das poltronas de avião e diz que a rodelinha do biscoito recheado parece mais bolinho de goma! As pastas de dente eram volumosas quando vinham em recipientes de metal. Eu mesmo me recuso a

Categorizados por Allan Kardec como fenômenos de emancipação da alma, o sono e os sonhos são indicativos de que o Espírito encarnado nu...

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Categorizados por Allan Kardec como fenômenos de emancipação da alma, o sono e os sonhos são indicativos de que o Espírito encarnado nunca está inativo, ainda que mantido ligado ao corpo físico pelo perispírito:

Durante o sono, apenas o corpo repousa, pois o Espírito não dorme; aproveita-se do repouso do corpo e dos momentos em que a sua presença não é necessária para atuar isoladamente e ir aonde quiser, no gozo então da sua liberdade e da plenitude das suas faculdades. Durante a encarnação, o Espírito jamais se acha separado completamente do corpo; qualquer que seja a distância a que se transporte, conserva-se preso sempre ao corpo físico por um laço fluídico , que serve para lembrá-lo de retornar a este, desde que a sua presença ali se torne necessária. Somente a morte rompe esse laço. [1]

Era 1960. Da casa do meu avô, em Alagoa Grande , no interior da Paraíba, eu ouvia, incontáveis vezes durante o dia, vindo de um alto-falan...

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Era 1960. Da casa do meu avô, em Alagoa Grande, no interior da Paraíba, eu ouvia, incontáveis vezes durante o dia, vindo de um alto-falante instalado na praça da cidade, o som daquela música que nunca me saiu da cabeça. Menino, que ainda não sabia que existiam outras dores além das dores físicas, eu não entendia o que dizia a letra da canção, mas as suas palavras ficaram em mim para sempre:

A poesia pura surgiu entre 1918 e 1939, seu estilo dentro da poesia era o de impedir o decadentismo ou o descuido na expressividade esté...

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A poesia pura surgiu entre 1918 e 1939, seu estilo dentro da poesia era o de impedir o decadentismo ou o descuido na expressividade estética, tal objetivo visava contraposição ao romantismo, encontrar a verdadeira natureza das palavras, deixando de lado o uso da fala. A origem da poesia pura está relacionada à arte pura ou à liberdade da arte. Seu início está vinculado ao escritor americano Edgar Allan Poe e a seu ensaio O princípio poético, esse ensaio foi escrito em linguagem simples, a fim de mostrar exemplos do que era a poesia para ele.

Como é bom ouvir grilos e sapos nas noites úmidas que antecedem o doce e adorável inverno... Nenhum “insight”, nenhum estado “alfa”, ou se...

crepusculo contemplacao cantoria noite chuva
Como é bom ouvir grilos e sapos nas noites úmidas que antecedem o doce e adorável inverno... Nenhum “insight”, nenhum estado “alfa”, ou sequer uma emoção mais sutil podem ser experimentados se não pularmos a cerca do cotidiano, da rotina, da indiferença, ouvir a prazerosa voz do silêncio total.

“Muitos serão chamados, poucos serão escolhidos”. Não, não se trata da passagem bíblica, encontrada no Evangelho de Mateus (22,14), sobre...

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“Muitos serão chamados, poucos serão escolhidos”. Não, não se trata da passagem bíblica, encontrada no Evangelho de Mateus (22,14), sobre a salvação dos que se aplicam ao trabalho de transformação, de modo a alcançar o reino de Deus. Na realidade, é uma citação do ateu Ernst Haeckel, sobre a luta cruel e sem piedade, que se trava na natureza, para a sobrevivência (HAECKEL apud WILLMANN, Rainer e VOSS, Julia.

ECOS Há sons que nos acompanham, indefinidamente, mensagens subliminares, para sempre em nossa mente. Não me esqueço da t...

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ECOS
Há sons que nos acompanham, indefinidamente, mensagens subliminares, para sempre em nossa mente. Não me esqueço da toada da chuva grossa no telhado da velha casa onde por muitos anos morei. Como não lembrar da melodia dos dobrados executados pela Filarmônica nas alvoradas inesquecíveis pelas ruas da cidade? Ficou também o repique do sino da igreja avisando que uma criança estava sendo sepultada ou que a missa iria começar.

Quando inexistem pensamentos e diretrizes saudáveis, fica impossível ter uma mente em harmonia. As dores não conseguem assumir suas real...

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Quando inexistem pensamentos e diretrizes saudáveis, fica impossível ter uma mente em harmonia. As dores não conseguem assumir suas realidades de degenerações. A ilusão, como cortina de fumaça, impede que o equilíbrio existencial aconteça.

É possível superar e conviver com a dor, para isso se faz necessário refletir e renovar as energias de se bem-querer.

É história com quase 70 anos. Não sei dizer, exatamente, que idade eu então completava. E, creiam-me, não é para escondê-la. Mas acordei n...

É história com quase 70 anos. Não sei dizer, exatamente, que idade eu então completava. E, creiam-me, não é para escondê-la. Mas acordei naquela manhã de 6 de junho com um movimento incomum entre a cozinha de casa e o forno da nossa padaria, um percurso curto pela mesma calçada. Um peru rechonchudo e algumas galinhas, tudo isso temperado e disposto em bandejas feitas com latas de óleo (as mesmas onde se assavam os pães doces), iam e vinham para a guarda da minha mãe. E que ninguém ali metesse a mão até a hora do almoço.

O retrato, um instantâneo em preto e branco surrupiado de algum arquivo de jornal, cai da minha pasta de guardados. O que pretende Zé Ra...

jornalismo sindicalismo
O retrato, um instantâneo em preto e branco surrupiado de algum arquivo de jornal, cai da minha pasta de guardados.

O que pretende Zé Ramalho dizer-me?

Está aqui do jeito que o conheci, suponho que nos seus cinquenta anos. Terno branco, gravata borboleta, valorizados pelo rosto duro, menos cheio e de linhas mais incisivas que o do filho Arael. Os óculos de lentes brancas acentuando ainda mais o ar de dureza.

Sempre quis contar essa história a vocês. É daquelas que mostram até onde pode ir a força de vontade do ser humano. Vou tratar do Presiden...

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Sempre quis contar essa história a vocês. É daquelas que mostram até onde pode ir a força de vontade do ser humano. Vou tratar do Presidente americano Theodore Roosevelt na sua viagem ao Brasil. Adoentado e derrotado na sua campanha à reeleição presidencial em 1912, arrumou uns poucos pertences na mala e chegou aqui para uma aventura. Mas não uma aventura qualquer. Simplesmente juntou-se ao Marechal Rondon e constituíram a expedição cientifica “Rondon-Roosevelt”, que aconteceu entre dezembro de 1913 e abril do ano seguinte. Seu objetivo era mapear o rio da Dúvida, cuja extensão era desconhecida e que fora descoberto pelo próprio Rondon em 1909.