Dentro desta tecnocracia que atravessamos, predomina uma espécie de desnível entre o humano e a máquina. Simples: basta ir ao caixa eletrô...

Os inventos e as flores

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Dentro desta tecnocracia que atravessamos, predomina uma espécie de desnível entre o humano e a máquina. Simples: basta ir ao caixa eletrônico de um estabelecimento bancário para constatar: há pessoas tão despreparadas que não sabem usá-lo.

Claro que não se vai ocultar a importância trazida pelo desenvolvimento da cibernética e acompanhantes. Nem se vai menosprezar os que manejam artefatos com ligeireza e maestria. Crianças, jovens, madurões, em boa escala, não se encolhem diante das mil e milhares de atividades, recursos e ferramentas ofertadas pelos sujeitos mecânico-eletrônicos à disposição; desde computadores fixos a celulares que põem o mundo em suas mãos. Isto era jargão de noticiário radiofônico, de há muito fora de uso e de audição.

Quando adolescente, me caiu um livro considerado clássico: “Admirável Mundo Novo” , de Aldous Huxley – nele o autor advertia e projetava o futuro da “convivência” máquina-humanos e tudo está sendo constatado como o foi a chegada dos americanos à lua previsto, profeticamente, pelo grande Júlio Verne, no livro “Da Terra à Lua”, que inspirou o cinema em "Viagem à lua". Pasmem, este filme no começo do século anterior, 1902.

Tudo muda e sempre será assim. Com o crescimento das pesquisas, surgirão mais engenhos para cobrir a necessidade de novas épocas. E é certo: há um crescimento demográfico e a velocidade vai se assenhorando, em crescimento geométrico, dentro de ritmos estressantes, até “desumanizantes”, com a plêiade de robôs tomando de assalto a mão-de-obra de operários, operadores de sistemas (ficando gagás e obsoletos), edifícios projetados pelos computadores que ditam os traçados, meios de transportes (a exemplo de aeronaves) que voam com monitoramentos de pilotos, até automóveis sem motoristas, avaliem!

A era robótica é definitiva, sem retorno. Mas o que se torna preocupante é, digamos, o despreparo de extensa camada da população para lidar com a maquinaria que predomina em ritmo crescente. Além disso, e acho um dado central, há uma inclinação para o desmonte da utilidade do ser humano, em suas inter-relações. A sensibilidade, o afetivo, o emocional que se manifestam no presencial está desabando: existem os marginalizados do sistema progressista puxado pela automação.

O problema da sociabilidade, do afago de conversas olho a olho, dos amigos que se visitam para recordar ou “colocar o papo em dia”, isto, quando acontece, é na gélida telinha, em rápidos lances, sem o calor, a temperatura daquela interação, digamos epidérmica, através do abraço, do aperto de mão, da alegria se expandindo quais flores em sorrisos naturais. Para não dizer que não falei de flores, aqui termino.

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